Os palestinos precisam entender que a ação violenta não produzirá resultados e que, como instrumento de distração para o regime de Teerã, jamais alcançarão a prosperidade.
POR REDA MANSOUR
É doloroso para mim ver um dos heróis musicais da minha juventude, Roger Waters, tornar-se uma das principais vozes radicais do movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções, contra Israel).
Embora eu tenha que admitir que sou fã maior do Led Zeppelin do que do Pink Floyd, esta ainda é uma história de triste propósito. Ao final das contas, os adeptos do BDS estão promovendo a perseguição ao único país democrático no Oriente Médio, Israel, em nome de valores liberais, embora estejam ignorando totalmente o colapso da região.
Roger Waters e o movimento BDS persistem em tentar aplicar, injustamente, o terrível adjetivo de “apartheid” ao Estado de Israel.
Ocultam os fatos de que numa sessão do Parlamento israelense, encontramos 17 membros árabes do Knesset, alguns dos quais fazem parte de partidos autoproclamados como sionistas. Israel tem membros árabes no Parlamento e no gabinete do governo; tem embaixadores e oficiais árabes no alto escalão nas Forças Armadas. Nossas universidades estão repletas de estudantes árabes e nossos hospitais cheios de competentes médicos árabes.
Na verdade, os árabes mais livres e com o mais alto padrão de vida no Oriente Médio (sem contar os países produtores de petróleo) são os de Israel. Só em Israel as mulheres árabes são livres para estudar e trabalhar em qualquer área de sua escolha. Elas compõem 70% do corpo estudantil árabe em Israel. Os gays e homossexuais palestino-israelenses e árabes só encontram refúgio na maior cidade israelense: Tel Aviv.
Os territórios de Gaza e Cisjordânia ficaram sob o controle israelense, em 1967, após a Guerra dos Seis Dias e, ao longo dos 20 anos seguintes, Israel controlou-os com poucas medidas de segurança; quase sem postos de controle, sem cercas protetoras ou estradas controladas.
No entanto, durante a primeira revolta palestina, em 1987, e novamente na década de 1990, Israel foi forçado a endurecer suas medidas de segurança, porque os terroristas do Hamas fizeram do atentado suicida a sua tática predileta, sendo shopping centers, boates, escolas e hotéis os seus alvos preferidos.
Antes dos atentados, mais de 120 mil palestinos trabalhavam em Israel. Em cada casa palestina havia, pelo menos, uma pessoa que trabalhava em Israel.
Somente após ver seus cidadãos transformados em alvos do terror é que Israel começou a instituir as medidas de segurança que alguns estão tentando, injustamente, chamar de “apartheid".
O maior problema que os palestinos enfrentam hoje não é Israel ou um ilusório “regime de segregação", mas a falta de uma liderança palestina unificada e visionária.
Os palestinos precisam entender que a ação violenta nunca irá produzir os resultados que eles querem e que, servindo como um instrumento de distração útil para o regime de Teerã, jamais alcançarão a prosperidade. Eles precisam produzir seu próprio Martin Luther King Jr., Nelson Mandela ou Mahatma Gandhi. Um líder que irá mostrar-lhes que é a não violência, em vez do terrorismo do Hamas, a ferramenta mais eficaz para alcançarem a liberdade e a convivência com Israel.
Assistindo ao violento colapso de Iraque, Síria, Líbia e Iêmen, alguns dos meus amigos palestinos agradecem que o seu conflito seja com Israel. Eles próprios admitem que quaisquer que sejam as divergências com Israel, elas são resolvíveis, ao contrário das iminentes nuvens negras trazidas pelo Isis.
Eles agora entendem que, se os assassinos selvagens do Isis chegarem a Gaza ou Cisjordânia, os palestinos vão perder as condições de liberdade e de sociedade livre que ainda desfrutam sob a administração israelense.
Israel e a comunidade internacional estão prontos para concretizar, definitivamente, a liberdade e a independência palestina. A questão é, no entanto, saber se os palestinos também estão prontos para esta nova e desejável situação.
Reda Mansour é embaixador de Israel no Brasil