
Quem confirma o feito é Mestre Kobi, precursor da luta no Brasil e na região, e criador e chefe da Federação Sul-Americana. “Até agora, a faixa preta foi algo inalcançável para as mulheres”, diz. Em 30 anos, segundo a federação, 156 alunos fizeram exame para a faixa e, dos 69 que passaram, Larissa é a única mulher.
Durante a infância, no bairro de Botafogo (zona Sul do Rio de Janeiro), praticou handebol, basquete e principalmente vôlei, sempre incentivada pela mãe, Vanna. Ela, no entanto, não queria que a filha praticasse algo “agressivo”.
“Eu via um saco de pancada e ficava animada, queria bater. Minha mãe não deixava, falava que não era coisa de menina”, lembra Larissa.
Aos 15 anos, teve a primeira chance. Procurou uma turma de judô iniciante para mulheres e não achou. Encontrou uma de caratê, mas o que chamou sua atenção, para desespero de sua mãe, foi o tatame ao lado: “Porradaria comendo, galera correndo, professor gritando. Fiquei apaixonada!” Teve que convencer seu pai, Wilson, para poder começar a lutar.

“Sou muito muito ‘mosca morta’ na vida, então me ajudou a explorar essa agressividade que não é feminina no sentido de como dizem que você tem que ser: doce e calma. Eu tenho minha agressividade, sou ativa, posso atacar. Pude descobrir isso, meu lugar, minha força, minha concentração”, explica.
Para conseguir, Larissa treinou por um ano com “rotina de atleta”: contratou um preparador físico, correu diariamente, lutou quatro vezes por semana e teve acompanhamento de uma nutricionista. Tudo enquanto atendia seus pacientes.
Hoje, faixa preta, quer apoiar e incentivar outras mulheres a praticar a luta, mas tem ressalvas contra as classes exclusivamente femininas: “A ideia do krav magá é você poder se defender de qualquer coisa, então quanto mais variedade tiver na turma, melhor”.
Larissa pensa agora em ser monitora e começar a dar aulas. Atualmente, no Brasil, há apenas cinco mestres de krav magá, todos homens