Barghouti |
Os palestinos criticaram nesta quarta-feira Israel por se recusar a negociar com os prisioneiros que iniciaram uma greve de fome na segunda-feira e advertiram que a morte de um dos detidos poderia levar a uma “nova Intifada”.
Quase 1.500 prisioneiros aderiram ao movimento de protesto, segundo Issa Qaraqee, chefe da Autoridade Palestina para as questões relativas aos prisioneiros. A administração penitenciária israelense se recusou a comentar este número com a AFP.
Depois de meses de negociações com a administração penitenciária israelense para obter, entre outras coisas, direitos de visita ampliados, exames médicos e telefones públicos nas prisões, estes prisioneiros lançaram a maior greve de fome coletiva dos últimos anos.
“Se suas exigências não forem atendidas, mais prisioneiros vão aderir à greve”, disse Qaraqee. “Pedimos que a comunidade internacional e a ONU a intervenham imediatamente”, porque “se a greve durar, poderíamos ter mártires e isso significaria um detonador para os palestinos. Isso levaria a uma nova intifada”, alertou.
Vários ministros israelenses disseram que não “negociariam” com “terroristas e assassinos”.
O ultranacionalista ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, defendeu o exemplo de Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra britânica, que se recusou em 1981 a aceitar as exigências dos prisioneiros irlandeses do IRA em greve de fome. Dez desses detentos morreram como resultado do seu protesto.
“Há uma extraordinária campanha de incitamento ao ódio entre os ministros israelenses, com [o primeiro-ministro Benjamin] Netanyahu à frente”, acusou Qaraqee.
Chaawan Jabarin, que dirige a ONG palestina Al Haq, está preocupado com a possível aplicação de uma lei recentemente aprovada por Israel, que permite que os detentos sejam alimentados a força. Um gesto que “se assemelha a um ato de tortura”, diz ele.
O ministro da Justiça israelense, Ayelet Shaked, anunciou que não hesitaria em aplicar esta lei para parar o movimento lançado por Marwan Barghuti, líder palestino condenado à prisão perpétua por cometer atentados durante a segunda Intifada (2000-2005).