
A comunidade judaica etíope de Israel frequentemente reclama de discriminação.
Incidentes policiais usando a força contra israelenses de origem etíope – incluindo tiroteios fatais – levaram a protestos e confrontos nas ruas nos últimos anos.
Em 2015, Tamanu-Shata foi uma dos líderes dos protestos dos israelenses etíopes contra a violência policial, e sua iniciativa levou a uma decisão do governo sobre o estabelecimento de um comitê especial no Ministério da Justiça, que publicou o Relatório Palmor sobre a redução do racismo e discriminação em Israel, particularmente contra israelenses de descendência etíope, e sobre mudanças de políticas e medidas para combater essa questão. Ela também liderou uma nova política para a integração de membros de sua comunidade na sociedade.
A comunidade de 140.000 pessoas está entre as mais pobres do país e sofre com altas taxas de desemprego.
No entanto, muitos israelenses etíopes de segunda geração obtiveram sucesso em toda a sociedade, alcançando posições notáveis nas forças armadas, no judiciário e na política.
Hoje com 39 anos, Pnina Tamano-Shata chegou a Israel aos três anos de idade como parte de uma dramática evacuação de judeus etíopes do Sudão, apelidada de Operação Moisés.
Ela, seus cinco irmãos e seu pai estavam entre os quase 7.000 judeus etíopes transportados de avião para fora do país por Israel entre novembro de 1984 e janeiro de 1985. Sua mãe a seguiu vários anos depois.

No início dos anos 80, cerca de 16.000 judeus etíopes saíram a pé de suas casas no norte da Etiópia para chegar ao Sudão e depois a Israel. Eles – assim como os cidadãos não judeus – foram impedidos de deixar a Etiópia, por isso fizeram a jornada em segredo. Cerca de 1.500 morreram no caminho ou em campos de refugiados no Sudão.
O Sudão – um país de maioria muçulmana e parte do mundo árabe – era um inimigo de Israel na época, e a evacuação foi realizada clandestinamente. As primeiras operações para levar judeus etíopes a Israel foram realizadas pelo Mossad, serviço secreto de Israel, em uma série de ações ousadas de 1980.
Em seu perfil no Knesset, lista-se que ela é advogada, ativista social e ex-jornalista. É mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Tel Aviv e bacharel em Direito pela Ono Academic College.
Tamanu-Shata nasceu em 1981 na vila de Wuzaba, na Etiópia, e em 1984, aos três anos, emigrou para Israel. Sua família viveu inicialmente em um centro de absorção em Pardes Hanna, e em 1988 eles se mudaram para Petah Tikva, onde ela reside até hoje. Ela foi recrutada para as Forças de Defesa de Israel (IDF) em 1999 e serviu como sargento de operações no Comando da Frente Interna. Em 2002, Tamanu-Shata começou seus estudos de direito, servindo como instrutora para adolescentes em risco e sendo socialmente ativa em bairros desfavorecidos de Petah Tikva.
A sua carreira pública começou em 2004, depois de ser eleita presidente da União dos Estudantes Etíopes de Israel. Em 2006, ela foi uma das fundadoras da Sede da Luta pela Igualdade Social dos Judeus Etíopes e liderou protestos contra o racismo e a discriminação, principalmente em relação ao caso da doação de sangue, discriminação religiosa e discriminação contra estudantes etíopes-israelenses no sistema de educação. Durante esse período, Tamanu-Shata também deu seus primeiros passos no mundo da mídia e, em 2005, começou a apresentar o programa de notícias ‘Friday at Five’ no canal 1. Tamanu-Shata trabalhou no campo do direito por um curto período antes de começar a atuar na indústria da mídia em tempo integral em 2008.
Em 2012, Tamanu-Shata concorreu ao 19º Knesset em nome do partido Yesh Atid, liderado por Yair Lapid. Aos 31 anos, foi eleita para o Knesset pela primeira vez, tornando-se a única mulher israelense de origem etíope a ingressar para o parlamento israelense. Foi nomeada vice-presidente do Knesset durante seu primeiro mandato.
Em reconhecimento ao seu ativismo social na última década – principalmente as lutas que liderou contra a discriminação e o racismo – Tamanu-Shata recebeu o Prêmio Unsung Hero 2016 do Drum Major Institute. O prêmio foi entregue a ela pelo presidente Reuven Rivlin e Martin Luther King III, filho do ícone americano de direitos civis Martin Luther King, Jr. e presidente do Drum Major Institute. Em 2015, Tamanu-Shata recebeu o Prêmio da Irmandade Internacional de Cristãos e Judeus, e ela também estava na lista do jornal TheMarker dos 100 israelenses mais influentes daquele ano.
Tamanu-Shata ficou em 13º lugar na lista do Yesh Atid antes das eleições de 2015 para o 20º Knesset, mas perdeu seu assento, pois o partido ficou reduzido em 11 cadeiras. Entre 2015 e 2018, ela continuou seu trabalho público voluntário fora do Knesset. Tamanu-Shata também atuou como presidente interina de um subcomitê do Conselho de Ensino Superior e como membro do Conselho de Representantes da Agência Judaica (Board of Governors of the Jewish Agency) .
Em fevereiro de 2018, Tamanu-Shata retornou ao parlamento israelense e tornou-se membro do 20º Knesset em nome do partido Yesh Atid, liderado por Yair Lapid. Nas eleições de setembro, dois etíopes-israelenses, Tamano-Shata e Gadi Yevarkan, foram eleitos para o Knesset sob a bandeira do Azul e Branco.
