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Judaísmo e meio Ambiente

Judaísmo e meio AmbienteBal Tashchit 



Rabino Adrián Gottfried 




"Quando sitiares uma cidade por muito tempo pelejando contra ela para tomá-la não destruirás suas árvores metendo nela o machado porque deles comerás o fruto, por isso não a cortarás pois a árvore do campo, homem para que seja sitiada por ti? 

Somente a árvore que souberes que não e árvore frutífera esta poderá destruir e cortar e construirás." 
                                                                                                       Deuteronômio XX 19:21 

Destes versículos da Torá em Parashat Shoftim origina-se uma das Mitzvot menos conhecidas e talvez de maior relevância contemporânea a Mitzvá de Bal Tashchit, ou seja a proibição de destruir em geral de preservar e cuidar. 

Nós temos essa obrigação religiosa, e como aparece na Torá temos responsabilidade inclusive em momentos extremos como a guerra que tem regras a Torá nos lembra que ainda nese caso extremo e violento, somos parceiros de D´us na criação e co-responsáveis pela proteção da Terra. 

As fontes judaicas são extremamente ricas em explicar que não devemos desperdiçar os recursos que o universo possui. 
Poderiamos perguntar-nos qual é a motivação pela qual a Torá instala esta regulamentação,de não destruir, Bal Tashchit 

Podemos dividir as respostas em dois grupos: 

1- pode ser por um motivo pragmático : às árvores comestíveis são comidas em potencial e durante a guerra o alimento é escasso ou 

2- podemos imaginar uma razão mais idealista como preservar a criação de Deus. 

Quando o Todo Poderoso, abençoado seja, criou Adam Harishon, Deus tomou Adam e o colocou entre as árvores do Jardim do Éden. E Deus disse a Adam:

"Veja os meus feitos! Quão belos e louváveis eles são! E tudo o que fiz, foi criado para ti. Tenha cuidado, portanto, para não estragar ou destruir o Meu mundo – porque se o estragares, não haverá ninguém depois de ti para consertá-lo. " 
                                                                                                (Kohelet Rabá 7:13) 

Pareceria ser a que perspectiva pragmática ganha força durante o período Talmúdico. 

Raba um dos sábios do Talmud utiliza Bal Tashchit, aggregando uma exceção específica, 
permitindo queimar um grupo de árvores que estavam proibidos, já que o fogo era para prevenir uma grande doença. 
Aqui vemos como o princípio de Baal Tashchit, não é absoluto e ele tem atenuantes; em outra passagem do Talmud, lemos que aquele que rasga propositadamente suas vestiduras quebra seus utensílios e destroem seus bens por causa de seu descontrole emocional, deveria ser considerado um pagão. A proibição é não destruir. 

Esta idéia se expande com Maimônides, que explica que não se pode cortar as árvores, porém, se estas atrapalham outras espécies de árvores o prejudica outros cultivos.só então poder ser autorizado Rambam infere que a Torá não proibe cortar as árvores frutais porem proibiu a sua destruição indiscriminada . 

Bal Tashchit, então é uma inferência pragmática específica elevada a uma categoria de princípio que foi expandida para cobrir todos os atos de destruição e ajudar a criar no mundo o sentido de apreciação pela criação. 

No resto dos códigos legais o termo de Bal Tashchit, não é tratado já que as leis eram específicas para judeus eles não tinham responsabilidade política ou autoridade em relação a natureza.

Após a emancipação e a independência chegou o tempo para resignificar este preceito e expandi-lo uma das conseqüências vocês podem ler no último Hineini no artigo que fala sobre Eco-Kashrut ou seja como as leis elementares judaicas foram reinterpretadas para além de honrar a tradição judaica honrar e cuidar do nosso planeta e seus recursos. 

A idéia que a Terra é um ser vivo e existe há milhões de anos, os antigos gregos chamavam a Terra de Gaia e se relacionaram a ela como uma entidade vivente como a mãe Terra. 
Em 1785 James Hutton, foi o primeiro cientista a articular a crença da Terra como um ente vivo reclamando que a reciclagem dos elementos do meio ambiente poderiam ser comparados com a circulação do sangue no corpo humano e que para melhor entender a Terra deveria se estudar fisiologia. 

Nos últimos anos, outro cientista James Lovelock, acunhou a frase à teoria Gaia referindo-se à Terra como um sistema vivo que se auto regula com a capacidade de permanecer sadia controlando o ambiente físico e químico. 
Imaginem que segundo a teoria a própria Terra e até o próprio cosmos, tem os recursos necessários para se preservar e proteger do inúmeros ataques que continuamente nós os seres humanos consciente ou inconscientemente, realizamos ao não prestar a adequada atenção a como nós tratamos nosso único planeta. 

Judaicamente a Mitzvá de Bal Tashchit, pode nos ajudar a elevar nossa consciência ambiental olhando em nossas fontes e percebendo que é possível juntar a ecologia com a espiritualidade já que existe a possibilidade de juntar a natureza com o sagrado.  

Neste período em que estamos nos aproximando de Rosh-Hashaná (Ano Novo Judaico), temos que dedicar um pouco de nosso tempo a pensar o que estamos fazendo para cuidar deste planeta que pode ser um paraíso, porém pode virar um inferno se imaginarmos que estamos isentos deste mandamento positivo religioso judaico. 

Nossos antepassados que dependiam muito mais da natureza se sentiam parte integrante dela por isso que muita da sua fé e sua experiência religiosa de vida.




Nós que não temos este contato cotidiano já que infelizmente ,as vezes ,olhamos a natureza pelo Discovery chanel na TV e ou nas páginas da National Geographics.




Podemos pensar em como começar a desenvolver uma consciência ecológica judaica que permita redescobrir o senso de espiritualidade que emerge de cuidar da criação, Podemos faze-lo por uma questão pragmática ou podemos faze-lo por nos sentir sócios de Deus na preservação do nosso Universo e talvez cheguemos a poder rezar com a mesma sensibilidade que Rabi Nachman de Bratzlav:



Soberano do Universo, 
Outorgar-me a capacidade de estar sozinho; 
que possa ser meu costume sair ao ar livre cada dia 
entre as árvores e a gramas, 
entre todas as coisas que florescem. 
Então lá, poderei estar a sós, e ingressar na minha prece 
para falar com o único ao qual eu pertenço, 
Que possa expressar tudo aquilo 
que esta em meu coração, 
e que toda a folhagem da florestas, 
todas as plantas, todas as árvores, 
possam acordar, na minha chegada 
para transmitir o poder e a energia de vida 
nas palavras da minha prece 
Assim minha prece e minha fala será completa 
através da vida e do espírito e todas as coisas que crescem, que são criadas únicas pela sua fonte transcendente. 
Amen 

Rabi Nachman de Bratzlav

Autor: Rabino Adrián Gottfried 




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