| Todas as expressões no idioma hebraico são formadas basicamente por raízes, que ao serem conjugadas de diversas formas, compõem distintas palavras. Geralmente, a palavra "teshuvá" é traduzida como "arrependimento", e embora esta tradução esteja bastante correta, podemos buscar um significado mais literal de "teshuvá": na realidade, o vocábulo hebraico equivalente a palavra "arrependimento" é "charatá".
Há várias palavras que estão relacionadas com "teshuvá", como por exemplo: "iashuv" (voltar, retornar) e "iehashiv" (devolver ou contestar, responder). Por isso que a palavra "teshuvá" significa muito mais que "arrependimento", fazer a teshuvá é muito mais que arrepender se.
Para fazer "teshuvá" de forma total e correta, é necessário que respondemos muitas das perguntas que seguramente alberga nosso coração, e também necessitamos entender que tenhamos nos afastado de algum lugar ou situação - para assim sentirmos que fazer "teshuvá" é também voltar, retornar a algo.
Rosh Hashaná não significa final do ano, e sim inicio, cabeça. Isso nos ensina que o ciclo da vida -expressado em anos - nunca finaliza, e sim que ele sempre (re)começa.
O mês de Elul nos convida a refletir, por um lado, e a expressar as nossas paixões por outro. Elul nos transporta no tempo e nos leva até o momento em que Moshé recebeu pela segunda vez as Tábuas da Lei no Monte de Sinai.
Elul tem um significado especial, e por isso foi chamado de "tempo de piedade e perdão", nosso tempo de evocar a D-us sua | | piedade e seu perdão, para que nos ajude a iniciar um novo ano de forma diferente do atual.
Elul, meus amigos, é, em síntese, a possibilidade de expressar o nunca expressado; e também a forma de expressar no silêncio da oração nossos êxitos e nossos fracassos.
Elul "nos abre uma porta" para que ingressemos ao grande salão da tradição judaica, providos de humildade e de humanidade, frente aos dias que havemos de vivenciar.
Elul deixa de ser "calendário"; e passa a ser nosso tempo, o tempo da reflexão individual e o tempo de "Ani Ledodi Vedodi Li" ("Eu sou de Meu amado, e Meu amado é para mim") - em sua dupla conotação: "meu Amado" como D-us, e "meu amado" como meu próximo.
Meus amigos, esta é a diferença! Nossos sábios disseram que é o momento do ano no qual a nossa forca moral, a vida espiritual e a luz da fé invadem nossos corações.
Deixemos então que a ética, o espiritual, o fervor e a luz ingressem nas nossas vidas, pelo menos nestes poucos e preciosos dias do mês de Elul, quando o ano está próximo de recomeçar.
Esta é a diferença, mas será que conseguiremos firmá-la em nossos dias? De nós mesmos - e nada mais – depende a "teshuvá".
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