Após tentativas de reverter decisão da Justiça, Exército acelera alistamento de grupo antes beneficiado por isenção histórica. Medida abala coalizão de Benjamin Netanyahu.
Justiça decidiu que não há base legal para manter isenção de ultraordoxos. Grupo realiza constantes protestos contra o serviço militar, como este, em 2024.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram neste domingo (06/07) que começarão a convocar 54 mil homens judeus ultraortodoxos que antes estavam isentos do serviço militar. A medida ameaça desestabilizar a coalizão governista do premiê Benjamin Netanyahu.
"O Exército começará nesta semana a emitir convocações para completar o processo de alistamento de homens ultraortodoxos cuja condição de estudantes de yeshivá (seminário religioso) não é mais válida após a expiração do antigo arranjo legal", disseram os militares em nota.
"Os avisos de alistamento serão enviados em ondas ao longo do mês de julho, totalizando 54 mil convocações", completou.
O chamadoatende a uma decisão da Suprema Corte, de junho de 2024, que determinou o alistamento obrigatório desse grupo devido ao término de uma regra temporária que permitia a dispensa do serviço militar.
Desde então, as Forças de Defesa de Israel vinham chamando pequenos grupos de judeus ultraortodoxos enquanto o governo buscava uma alternativa para reverter a regra no Parlamento por meio de um projeto de lei.
No entanto, a crescente pressão do Judiciário para o cumprimento da decisão acabou acelerando o recrutamento.
Justiça derruba isenção históricaxO serviço militar é obrigatório para a maioria dos judeus israelenses a partir dos 18 anos, com duração de 24 a 32 meses. No entanto, os ultraortodoxos possuem o direito de não servir desde a fundação do Estado de Israel, em 1948, desde que se dediquem exclusivamente aos estudos religiosos.
Mas o privilégio vem se tornando cada vez mais impopular entre outras partes da sociedade israelense. A controvérsia também ganha força à medida que as FDI enfrentam crescentes desafios operacionais, com confrontos simultâneos contra o Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano, os Houthis no Iêmen e o Irã.
Com o vencimento das últimas normas legais que garantiam a isenção, e sem acordo no Parlamento para uma nova lei, as FDI se viram obrigadas a cumprir a decisão.