Morreu nesta terça-feira, aos 88 anos, Aleksander Henryk Laks, sobrevivente do holocausto. Segundo o colunista da Veja Rodrigo Constantino, Laks estava internado desde o dia 4 de julho no Hospital Copa D’Or, em Copacabana, tratando de uma infecção pulmonar. A família comunicou a morte na página do Facebook de Laks por volta das 20h.
“Nosso pai, sogro e avô morreu hoje. Agradecemos todo o carinho de vocês ao longo desses últimos dias. As correntes positivas trouxeram paz para ele e para a família. Publicaremos sobre o enterro tão logo tenhamos essa informação. Família Laks”, diz a mensagem.
Aleksander era presidente da Associação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes da Perseguição Nazista. Em 2000, lançou uma biografia, intitulada “O Sobrevivente: Memórias de um brasileiro que escapou de Auschwitz”, onde conta sobre os seis anos em que viveu em campos de concentração até ser libertado pelas tropas aliadas. Laks também publicou um outro livro, chamado “Mengele me Condenou a Viver”. Além disso, fazia muitas palestras e seminários sobre sua experiência durante a Segunda Guerra Mundial.
Aleksander relatou captura pelos nazistas:
![]() |
Aleksander Henryk Laks e Kito Mello |
Em entrevista ao EXTRA, em 2009, Aleksander relembrou o dia em que foi capturado pelos nazistas. O jovem, na época com 12 anos, morava na cidade de Lodz, na Polônia, com a mãe, Balcia, e o pai, Jakob.
- O trem entrou num desvio. Olhei por uma fresta do vagão e vi um complexo de chaminés - contou o judeu polonês ("brasileiro nascido na Polônia", corrige ele). Achei que estávamos chegando numa metalúrgica. Abriram as portas debaixo de pancada. Meu pai perguntou a um guarda: "Onde estamos?". "Cala a boca, você está em Auschwitz. Aqui, só tem uma saída: pela chaminé" - lembrou.
Aleksander, sua família e outros 165 mil judeus de Lodz foram colocados em 1940 num gueto, de onde não podiam sair. Em agosto de 1944, o gueto foi esvaziado: só 1.500 pessoas do grupo inicial haviam sobrevivido.

Com o avanço das tropas russas, no início de 1945, os prisioneiros foram empurrados, com os nazistas, para dentro da Alemanha. Começava a Marcha da Morte: mais de 300 quilômetros na neve até o campo de Flossenbürg.
Durante a marcha, o pai lhe fez um pedido: "Se sobreviver, não deixe de contar o que passamos". Em Flossenbürg, Jakob Laks foi morto por um guarda. Mas o filho - pesando 28 quilos, doente, sem família e sem futuro - sobreviveu. E manteve a promessa.
O Coisas Judaicas se solidariza com a família
ResponderExcluire os amigos de Aleksander Henryk Laks.