Escrito por Gabriel Guzovsky da ConexĆ£o Israel
65 anos atrĆ”s foi fundado o Estado de Israel, depois de cerca de 90 anos de pioneirismo e 60 anos de muita movimentaĆ§Ć£o polĆtica sionista internacional. NĆ£o foi fĆ”cil construir este paĆs do zero. Existiam algumas coisas por aqui antes de que se iniciasse a colonizaĆ§Ć£o judaica, mas realmente nĆ£o muita coisa, quase nada. Milhares de judeus vieram antes mesmo de existir um estado judaico, baixo autoridade turca e logo inglesa, para iniciar os trabalhos de construĆ§Ć£o da nova realidade.
O Sionismo Trabalhista
Dois grandes ideĆ³logos dessa Ć©poca sĆ£o Dov Ber Borochov e A. D. Gordon. Os dois figurinhas entenderam desde um princĆpio que o burguĆŖs judeu da Europa (Oriental principalmente, pois os judeus nĆ£o podiam ter bens como terras e portanto se prendiam ao bem financeiro como forma de juntar heranƧa) teria que agarrar as ferramentas e trabalhar na agricultura em um princĆpio e subsequentemente nas fĆ”bricas. Borochov desenvolve a teoria da pirĆ¢mide invertida, onde as massas sĆ£o profissionais (como advogados, doutores, engenheiros, etc) e nĆ£o trabalhadores. E portanto, esses profissionais recĆ©m chegados teriam que colocar a mĆ£o na massa e juntar-se a classe trabalhadora para que se possa levantar essa nova sociedade.
Quando era mais jovem carregava essa idealizaĆ§Ć£o de Israel na cabeƧa, de justiƧa social, de uma sociedade igualitĆ”ria, aonde todo o povo como um trabalha para concretizar um ideal, o Sionismo Trabalhista pelo qual fui ativista no Brasil durante muitos anos. Os primeiros anos foram os anos mais duros da histĆ³ria de Israel, mas foram os anos de maior calor, anos dourados para muitos que ainda se lembram da Ć©poca em que todos eram mais simples juntos, uma sociedade extremamente unida e com objetivos claros – levantar o Estado Judeu em Israel, na terra prometida ao povo por milĆŖnios. A sensaĆ§Ć£o de trabalhar por esse ideal movimentou este paĆs por muitos anos.
Mas com o passar dos anos essas visƵes foram ficando de lado e o paĆs esta cada vez mais parecido com os paĆses de onde vieram as massas de imigrantes algumas dĆ©cadas depois, trazendo mudanƧas na sociedade e na economia israelense.
ExĆ©rcito – A primeira experiĆŖncia de trabalho do israelense
Aos que pensam em vir para Israel trabalhar, nĆ£o recomendaria vir para Israel sem ter um vĆnculo forte com a ideologia sionista. Aqui nĆ£o se fazem fortunas em trabalhos simples como em alguns paĆses europeus. O auto convencimento de que vocĆŖ esta trabalhando por algo maior que dinheiro Ć© o que me move aqui. Outro detalhe nĆ£o muito agradĆ”vel para a grande maioria Ć© que o exĆ©rcito aqui Ć© obrigatĆ³rio, mesmo se vocĆŖ resolveu imigrar aos 23 anos. No exĆ©rcito, a ideologia Ć© fundamental para se manter no lugar (mentalmente) e sentir alguma gratificaĆ§Ć£o em servir para o sistema militar. O exĆ©rcito de Israel Ć© considerado um dos melhores do mundo, mas para os jovens Israelenses, significam 3 anos de trabalho forƧado para um sistema coercivo. (ou seja, nĆ£o Ć© fĆ©rias em Gaza – Ć© chato e obrigatĆ³rio)
Por ser obrigatĆ³rio e realmente uma necessidade para a sobrevivĆŖncia do Estado que se encontra rodeado por territĆ³rio hostil, o exĆ©rcito ganha forƧa nas batalhas por que para aqueles judeus, Ć© tudo ou nada. NĆ£o se trata de um exĆ©rcito de mercenĆ”rios, mas um exĆ©rcito de cidadĆ£os defendendo diretamente suas famĆlias. Imagina vocĆŖ mesmo tendo que defender o Brasil lutando na Floresta AmazĆ“nica, por ex., ou lutando a 60 km da sua casa com mĆsseis caindo na zona onde toda sua famĆlia vive. Ć claro que no segundo caso vocĆŖ vai entrar com muito mais garra pra vencer – Ć© tudo ou nada.
Mas nĆ£o vou entrar mais a fundo no tema exĆ©rcito neste artigo.
O trabalho no exĆ©rcito abre muitas portas aqui em Israel. O exĆ©rcito Ć© a primeira experiĆŖncia de “trabalho” de todo jovem israelense. Logo depois da escola o jovem passa por diversos testes e entra no exĆ©rcito para servir de acordo com seus talentos. Isso acaba definindo muitas vezes os papĆ©is desses jovens na sociedade posteriormente. TambĆ©m existem jovens que decidem seguir carreira militar, o que Ć© um grande prestĆgio para os mais idealistas e tĆŖm tambĆ©m diversos benefĆcios para a famĆlia e aposentadoria.
O mercado de trabalho para estrangeiros em Israel.
Poster do JNF, o KKL
O mercado de trabalho para estrangeiros em Israel nĆ£o Ć© muito grato. Como Ć© no JapĆ£o com os descendentes de japoneses, em Israel, os descendentes de judeus tem direito imediato a um visto de trabalho, e os que nĆ£o sĆ£o descendentes podem vir trabalhar, mas hĆ” de haver um empregador disposto a contratar essa pessoa para que possa aplicar frente ao ministĆ©rio responsĆ”vel o pedido de visto.
Uma coisa que Ć© certa em Israel, ser domĆ©stica, pedreiro, motorista, trabalhar pesado dĆ” muito mais dinheiro que em qualquer paĆs de terceiro mundo e muito mais cobertura mĆ©dica em caso de acidente e afins. Mas nĆ£o hĆ” nenhum interesse do Estado e de empregadores em receber residentes temporĆ”rios e pagar visto de trabalho para fazer esses trabalhos. O que acaba ficando como um belo mercado de trabalho para os imigrantes, descendentes de judeus, de paĆses de terceiro mundo que jĆ” faziam isso ou que estavam desempregados em seu paĆs por muitos anos e que tudo o que necessitavam era uma oportunidade para poder trabalhar e se sustentar dignamente. Muitos descendentes de judeus argentinos durante e depois da crise recente vieram se refugiar em Israel e tem tomado muitas posiƧƵes de trabalho na base da economia israelense.
Uma das melhores maneiras de vir para Israel e se autossustentar Ć© o voluntariado em um kibutz (ק×××ׄ). Os kibutzim sĆ£o sociedades agrĆcolas que foram formadas por seguidores dos mesmos ideĆ³logos do Sionismo Trabalhista. Ć uma sociedade igualitĆ”ria, onde todo o fruto do trabalho Ć© dividido entre seus chaverim (membros). A forƧa do trabalho coletivo movimentou a economia e o desenvolvimento do paĆs durante muitos anos, mas o sistema kibutziano se encontra em decadĆŖncia e necessita da ajuda de voluntĆ”rios para poder manter suas portas abertas e a ideologia socialista de pĆ©. Ć por isso que jĆ” tem alguns bons anos que se pode conseguir permissĆ£o de trabalho e vivenda em um kibutz atravĆ©s do movimento kibutziano em Israel.NĆ£o tem nenhuma representaĆ§Ć£o do movimento ai no Brasil, tudo deve ser feito aqui, mas dĆ” pra ligar ou mandar e-mail e se informar se vocĆŖ fala InglĆŖs:
Site do Movimento “Kibutzi Artzi” (ק××××¦× ××Ø×¦× “Kibutziano” Nacional).
Vista AĆ©rea do Kibutz Eilot, no Deserto do Negev. Ao fundo o Mar Vermelho e Eilat
Kibbutz Program Center Volunteer Dep. of the kibbutz movement 6 Frishman st., Tel Aviv Tel: 972-3-5246156 Fax: 972-3-5239966 kpc@volunteer.co.il www.kibbutz.org.il
Esse Ć© o melhor caminho para vir a Israel passar um tempo, conhecer e nĆ£o se preocupar com trabalho (pois vocĆŖ trabalha no kibutz garantido) e tem moradia, comida, roupa lavada, etc… NĆ£o Ć© uma maneira de fazer grana. Israel nĆ£o tem nada para que vocĆŖ faƧa grana e volte para o Brasil sem ter imigrado (pelo menos nĆ£o aos olhos da lei). Existe uma onda de imigraĆ§Ć£o ilegal da TailĆ¢ndia e Filipinas e sĆ³ Ć© ignorado“aceito” por que sĆ£o mĆ£o de obra extremamente barata e o mais importante: disciplinada.
Se vocĆŖ tem na sua famĆlia algum judeu, vocĆŖ pode aplicar para imigrar e se aprender o hebraico e se integrar na sociedade com seu talento, pode ter sucesso neste novo paĆs. Mas como disse e repito, Israel nĆ£o Ć© um paĆs de oportunidades, Ć© um paĆs para idealistas.
Para informaƧƵes sobre imigraĆ§Ć£o, aqui estĆ” o site da AgĆŖncia Judaica sobre AliĆ” (imigraĆ§Ć£o ×¢×××).
Trabalhar? Prefiro estudar!
Se a sua nĆ£o Ć© trabalho, mas sim estudos, Israel Ć© uma Ć³tima opĆ§Ć£o! Ć um dos paĆses com mais instituiƧƵes de ensino superior por habitante do mundo, existem muitos especialistas de diversas Ć”reas aqui. HĆ” programas de intercĆ¢mbio na Universidade Hebraica de JerusalĆ©m, Tel-Aviv, Bar-Ilan e Haifa. Institutos renomados de ciĆŖncia e tecnologia como o Weizmann e o Technion tambĆ©m aceitam estrangeiros com destaque em suas Ć”reas. TambĆ©m hĆ” uma instituiĆ§Ć£o privada, o IDC em Herzelya, que tem programas com classes em inglĆŖs apenas em diversas Ć”reas, inclusive humanas. Diversas pessoas em todo o mundo jĆ” estudaram em Israel, dentre elas o anterior presidente do Uruguay, TabarĆ© Vasques, que estudou alguns anos no Instituto Weizzman em Rehovot.
Para mais informaƧƵes de como conseguir bolsas de estudo para estudar aqui em Israel, recomendo entrar no site da Embaixada de Israel no Brasil e se interessar pelo programa Mashav, que Ć© um programa criado em 1950 (2 anos depois da independĆŖncia de Israel) e foca no intercĆ¢mbio de mentes. Este pequeno paĆs tĆŖm na ciĆŖncia e no desenvolvimento do pensamento crĆtico grande parte de seus objetivos e desde um princĆpio isso fica claro – o primeiro presidente de Israel foi o renomado quĆmico Chaim Weizmann que reuniu as grandes cabeƧas do povo judeu em Israel em busca de desenvolvimento acadĆŖmico. Dentre eles, Albert Einstein que presidiu a Universidade Hebraica de JerusalĆ©m durante 4 anos (1925-1928) antes mesmo da independĆŖncia do Estado. Einstein deixou para a Universidade uma bela heranƧa: Todos os documentos escritos durante toda a sua vida, todas as suas teorias, invenƧƵes e atĆ© mesmo o direito de uso comercial da imagem do cientista sĆ£o propriedade da mesma.
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