Protestos de judeus etíopes em Tel Aviv (Fotos: Reuters)
Entre os 5,8 milhões de cidadãos judeus em Israel, cerca de 150 mil são etíopes e muitos deles sofrem discriminação racial por serem negros.
Os judeus etíopes foram trazidos para Israel, desde 1985, pelo próprio governo israelense, pois corriam perigo de vida em decorrência da guerra civil e da grave crise economica na Etiópia, que, naquela época, levou grande parte da população rural à fome.
O estopim dos protestos dos etíopes foi a recusa de condomínios na cidade de Kiriat Malachi de alugar ou vender apartamentos a membros da comunidade.
Os moradores desses condomínios assinaram um documento se comprometendo a não transferir os imóveis a etíopes.
Ponta do Iceberg
Para Elias Inbaram, um dos lideres dos protestos, a exclusão dos etíopes dos condomínios em Kiriat Malachi é "apenas a ponta do iceberg" do racismo que vigora na sociedade israelense contra os judeus negros.
"Também somos discriminados nas áreas da educação e do trabalho", afirmou Inbaram.
O oficial do Exército israelense, Rahamim Adana Yakov, disse que "infelizmente ser etíope em Israel significa ser excluído".
"Quero dizer a todos os racistas que temos orgulho da cor da nossa pele", disse Yakov em discurso durante a manifestação e pediu que o primeiro ministro, Binyamin Netanyahu, condene o fenômeno do racismo.
A manifestação em Kiriat Malachi foi o maior protesto de judeus etíopes jamais registrado em Israel.
Jovens etíopes de todas as partes do país participaram do ato, que obteve ampla cobertura da midia local.
De acordo com Gadi Barkan, um dos lideres da comunidade, a manifestação foi "histórica".
"A comunidade etíope finalmente acordou, abrimos um novo capítulo e a nova geração assumiu a liderança da luta contra o racismo", disse Barkan.
O premiê Netanyahu declarou que o fenômeno do racismo é "enfurecedor e não tem lugar na sociedade israelense".
Milhares de judeus etíopes saíram às ruas para protestar (Reuters)
Conivência do governo
Porém, os lideres da comunidade acusam o governo de conivência com o racismo. Para Barkan, não basta fazer declarações contra o racismo e o governo deve tomar medidas concretas, como por exemplo, parar de financiar escolas que se negam a aceitar alunos etíopes.
Em uma discussão sobre a questão do racismo na Comissão de Imigração do Parlamento, a ministra da Imigração, Sofa Landver, despertou a indignação de ativistas de direitos humanos ao afirmar que os etíopes "devem agradecer ao Estado de Israel por tudo que fez por eles".
O escritor Eli Amir declarou que a ministra deve ser demitida do cargo.
"O Estado de Israel não fez favor algum aos imigrantes etíopes, esse Estado foi criado para proteger todos os judeus do mundo", declarou o escritor e acrescentou que, diante do racismo contra os etíopes, ele tem vergonha de ser israelense.
Solidariedade
No entanto, o setor da população que mais sofre de discriminação em Israel é o dos cidadãos árabes-israelenses, que são 20% da população (1,5 milhão de pessoas) e, por não serem judeus, enfrentam dificuldades ainda maiores do que as dos judeus etíopes.
Para um dos lideres da Coalizão contra o Racismo, Rabia Elsagir, cidadão árabe-israelense habitante na cidade de Shefaram, no norte de Israel, "o fenômeno do racismo nos fere a todos e é impossivel separar a discriminação dos etíopes da discriminação dos árabes".
Elsagir, juntamente com vários habitantes árabes da Galiléia, participou da manifestação em Kiriat Malachi, em um gesto de solidariedade com os cidadãos etíopes.
Baseada na cidade de Tel Aviv, em Israel, a jornalista brasileira Guila Flint produz reportagens sobre o Oriente Médio desde 1995. Colaborou com alguns dos principais veículos de comunicação do país, como O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, Carta Capital, Globo News e BBC Brasil. Publicou, pela Editora Civilização Brasileira, Miragem de Paz - Israel e Palestina, Processos e Retrocessos e Israel Terra em Transe - Democracia ou Teocracia?.
Mais uma matéria parcial da Reuters (pra variar...).
ResponderExcluirUm dos grupos mais discriminados em Israel são os russos. Qual o motivo? Será que também "sofrem discriminação racial por serem negros". Judeus marroquinos sofreram com discriminação por muito tempo também.
Todos sabem que essas discriminações são frutos de diferenças culturais e não por causa de racismo.
Vamos buscar fontes menos parciais, né? Que tal colocar matérias sobre o mesmo assunto mas do Maariv ou do israelhayom?
Chega de propaganda anti-israelense disfarçada de jornalismo.
não esqueça dos judeus marroquinos! todos somos judeus. e apenas os sefardim acham que estão na linha da pureza.
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