Pecados Santos

Pecados Santos

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A Sujeira do Vaticano divulgada na ediĆ§Ć£o de dezembro de 2007 pela revista Superinteressante da Editora Abril Brasil

Pecados santos
 
Por que a instituiĆ§Ć£o que mais prega a castidade e a retidĆ£o moral Ć© palco de tantos escĆ¢ndalos sexuais? A porta dos fundos da Igreja estĆ” aberta. Ɖ hora de entrar
 

Idade: 7, 8, 9, 10. Sexo: masculino. CondiĆ§Ć£o social: pobre. CondiƧƵes familiares: de preferĆŖncia, um filho sem pai, sozinho – ou com uma irmĆ£. Onde procurar: nas ruas, escolas, famĆ­lias. Como fisgar: aulas de violĆ£o, coral, coroinha. ImportantĆ­ssimo: prender a famĆ­lia do garoto. Possibilidades: garoto carinhoso, carente de pai. Sem moralismo. Atitudes minhas: ver do que o garoto gosta e atendĆŖ-lo em cobranƧa Ć  sua entrega a mim. Como me apresentar: sempre seguro, sĆ©rio, dominador, pai.

VocĆŖ acaba de ler o diĆ”rio de um padre condenado a 15 anos de prisĆ£o por abusos sexuais: TarcĆ­sio Tadeu SprĆ­cigo. Em 2000, na cidadezinha de Agudos, SĆ£o Paulo, ele ensinava mĆŗsica para um garoto de 9 anos. Essa era a fisgada. O pagamento? Favores sexuais, prestados durante um ano. Feitas as primeiras denĆŗncias, em 2001, a Igreja o transferiu para AnĆ”polis, GoiĆ¢nia. LĆ”, a histĆ³ria se repetiria com mais duas crianƧas – uma de 13 anos, outra de 5.

Bizarro. Mas nada incomum. EscĆ¢ndalos assim tĆŖm acontecido nos Ćŗltimos anos, no mundo todo. SĆ³ nos EUA, Ćŗnico lugar com estatĆ­sticas concretas sobre padres que cometeram abusos sexuais, 4 392 sacerdotes catĆ³licos foram denunciados por esse tipo de crime entre 1950 e 2002. Isso dĆ” 4% do total de pessoas que exerceram o sacerdĆ³cio no paĆ­s nesse perĆ­odo. Um nĆŗmero alto, ainda mais tendo-se em mente que menos de 1% da populaĆ§Ć£o pode ser classificada como pedĆ³fila.

Os casos com crianƧas sĆ£o os mais visĆ­veis entre os que envolvem a sexualidade dos padres. Mas nĆ£o faltam exemplos em outras searas. HĆ” estimativas, veja sĆ³, de que metade dos sacerdotes brasileiros tenham amantes. Boa parte deles, homens. E denĆŗncias de que o Vaticano abriga uma grande comunidade gay, com chefƵes da Igreja fazendo sexo sadomasoquista. TambĆ©m existem milhares de sacerdotes que largam a batina a cada ano para casar e ter filhos. E os que matam os filhos para nĆ£o ter de largar a batina. Isso Ć© um pouco do que vocĆŖ vai ver nestas pĆ”ginas.

O sexo dos anjos

A bomba sobre a sexualidade dos padres estourou lĆ” fora em 2004, com a publicaĆ§Ć£o do RelatĆ³rio John Jay – um estudo encomendado pela prĆ³pria ConfederaĆ§Ć£o de Bispos CatĆ³licos dos EUA Ć  Faculdade de JustiƧa Criminal John Jay, de Nova York. Foi de lĆ” que saiu o dado sobre a existĆŖncia de milhares de padres acusados de pedofilia no paĆ­s. Tudo apurado a partir de acusaƧƵes feitas Ć s dioceses, nĆ£o Ć  polĆ­cia. A iniciativa de pedir o relatĆ³rio foi o ponto culminante de um escĆ¢ndalo que tinha comeƧado dois anos antes, quando o entĆ£o arcebispo de Boston, cardeal Bernard Law, confessou ter protegido um padre que, sabia ele, tinha molestado crianƧas. DaĆ­ para a frente acusaƧƵes e processos se avolumaram, trazendo Ć  tona casos que tinham acontecido desde a dĆ©cada de 1940.

E agora o assunto volta aos holofotes por aqui. Imagine um dos mais respeitados defensores dos Direitos Humanos no Brasil. Um protetor de moradores de rua, de internos da Febem e de crianƧas soropositivas, admirado pelos movimentos sociais. Padre JĆŗlio Lancelotti. Na metade de outubro, ele denunciou o ex-interno Anderson Marcos Batista, de 25 anos, e sua mulher, ConceiĆ§Ć£o, de 44, ambos com antecedentes criminais por acusaƧƵes de furto e trĆ”fico. Em 3 anos, o casal extorquiu do padre R$ 150 mil – ou R$ 600 mil, segundo o prĆ³prio Batista. Uma das compras do ex-interno foi uma picape Pajero, em que colou um adesivo – "Deus Ć© fiel". Para conseguir o dinheiro, o casal fez uma sĆ©rie de ameaƧas. Uma delas, denunciar Ć  imprensa que Lancelotti teria abusado sexualmente do filho de ConceiĆ§Ć£o, de 8 anos. De vĆ­tima, o padre virou acusado.

Foi na Febem que o padre conheceu Batista, entĆ£o internado por roubo. LĆ”, diz ter sido abusado pelo padre aos 16 anos. Batista afirma que, depois de liberado, manteve um relacionamento sexual de 8 anos com o padre, em troca de dinheiro.

NĆ£o hĆ” provas dessas acusaƧƵes, tampouco o padre apresentou explicaƧƵes convincentes sobre a origem do dinheiro. E, ao ser indagado sobre o que o levou a pagar Batista por 8 anos, disse que "era para mudĆ”-lo pelo bem, nĆ£o pela forƧa".

No fim das contas, a histĆ³ria parece toda mal contada, em ambos os lados. E pode muito bem refazer o trajeto do famoso caso da Escola Base, em SĆ£o Paulo quando os donos do colĆ©gio foram falsamente acusados de violentar seus alunos. Apesar da falta de provas, a imprensa divulgou o caso com estardalhaƧo. A escola fechou. AĆ­, depois que o mundo dos acusados jĆ” tinha caĆ­do, a polĆ­cia concluiu que todos eram inocentes. Ɖ possĆ­vel que isso se repita com o padre JĆŗlio. Que ele nunca tenha molestado uma crianƧa. Mas, seja qual for o desfecho dessa histĆ³ria, ela Ć© sĆ³ mais uma entre tantas acusaƧƵes de cunho sexual contra sacerdotes da Igreja CatĆ³lica.

E o problema nĆ£o Ć© sĆ³ com eles: tribunais de JustiƧa dos EUA e da Irlanda jĆ” decidiram que a Igreja, como instituiĆ§Ć£o, Ć© tĆ£o responsĆ”vel quanto os padres pelos crimes que eles cometeram. No ano passado, 14,7 mil crianƧas irlandesas receberam um total de 1,3 bilhĆ£o de euros em indenizaƧƵes por terem sofrido violĆŖncias sexuais nas mĆ£os de padres. Nos EUA, a arquidiocese de Boston foi condenada em 2002 a pagar US$ 85 milhƵes a 552 vĆ­timas. Em 2007, a de Los Angeles desembolsou mais ainda: US$ 600 milhƵes, para 500 pessoas molestadas por sacerdotes. AlĆ©m disso, escĆ¢ndalos se avolumam atĆ© nas altas cĆŗpulas: o cardeal austrĆ­aco Hans Hermann GroĆ«r, chefe da Igreja de seu paĆ­s, e o arcebispo George Pell, da AustrĆ”lia, chegaram a se afastar dos cargos nos Ćŗltimos anos apĆ³s acusaƧƵes de pedofilia.

Ɖ evidente, tambĆ©m, que a Igreja CatĆ³lica nĆ£o detĆ©m o monopĆ³lio dos escĆ¢ndalos sexuais. No Sri Lanka, por exemplo, um monge budista se matou apĆ³s ser condenado a 20 anos por pedofilia. Nos EUA, um rabino de Nova York foi preso em 2006, acusado de molestar crianƧas.

Mesmo assim, nĆ£o dĆ” para negar a associaĆ§Ć£o entre padres e abusos sexuais. E a pergunta Ć© Ć³bvia: por que, num ambiente que prega a castidade e a retidĆ£o moral, isso acontece tanto?

A motivaĆ§Ć£o

HĆ” vĆ”rias hipĆ³teses possĆ­veis, nenhuma excludente. NĆŗmero 1: falta de puniĆ§Ć£o. Os lĆ­deres locais da Igreja abafam os casos, deixando os abusadores livres da JustiƧa comum. Nisso eles ficam soltos para continuar praticando crimes. Dos 4 392 padres acusados no RelatĆ³rio Jonh Jay, por exemplo, sĆ³ 14,1% foram denunciados Ć  polĆ­cia. O resto das acusaƧƵes morreu dentro das dioceses, acobertado por lĆ­deres como o cardeal Bernard Law. O caso do padre TarcĆ­sio tambĆ©m ilustra isso. Em vez de denunciĆ”-lo Ć  JustiƧa, seus superiores apenas transferiram-no de parĆ³quia. E ele pĆ“de continuar agindo.

NĆŗmero 2: o padre Ć© uma figura respeitada no seu cĆ­rculo social. Um criminoso de batina, entĆ£o, tem grandes chances de se aproveitar desse poder. Ɖ o que fez HĆ©lio Alves de Oliveira. O padre Helinho dirigia um colĆ©gio catĆ³lico em Rio Claro, SĆ£o Paulo. Em 2004, ele foi condenado a 16 anos de prisĆ£o por atentado violento ao pudor. Helinho abusava de 3 meninos que tinham entre 8 e 10 anos. As crianƧas tendiam a obedecĆŖ-lo e ficar em silĆŖncio.

A 3Āŗ hipĆ³tese Ć© o celibato, uma das mais polĆŖmicas instituiƧƵes da Igreja. E uma das mais antigas. A origem dela se confunde com a das prĆ³prias religiƵes. Sua funĆ§Ć£o, historicamente, Ć© fazer com que o religioso se desapegue do mundo material. Ela estĆ” no hinduĆ­smo, que tem 5 mil anos de histĆ³ria, por exemplo. O budismo, que comeƧou por volta do ano 500 a.C., teve seus primeiros dias como uma ordem de monges que via no celibato uma forma de eliminar o desejo – e, de quebra, o sofrimento com as frustraƧƵes.

Na Europa, o celibato existe pelo menos desde a Antiguidade ClĆ”ssica, seja entre filĆ³sofos, como PitĆ”goras – ele acreditava na falta de sexo como uma forma de alcanƧar o equilĆ­brio –, seja entre sacerdotes de cultos arcaicos, como o maniqueĆ­smo e o hermeticismo. E no fim das contas chegou aos cristĆ£os. Em boa parte, por influĆŖncia de um homem que louvava o celibato, o apĆ³stolo Paulo de Tarso, maior divulgador do cristianismo durante o sĆ©culo 1. No ano 306, o concĆ­lio regional de Elvira reformulou as leis da cristandade e decretou que, mesmo casados, padres e bispos deveriam abster-se do sexo. Dezenove anos depois, outro concĆ­lio, o de NicĆ©ia, proibiu que padres vivessem com mulheres que nĆ£o fossem sua mĆ£e, irmĆ£ ou tia. Mas o casamento sĆ³ foi abolido de vez depois que o papa GregĆ³rio 7Āŗ reforƧou a imposiĆ§Ć£o ao celibato, a partir de 1074.

A instituiĆ§Ć£o nunca deixou de ser questionada, claro. Principalmente na Reforma Protestante, dos sĆ©culos 16 e 17. Para os reformadores, alĆ©m de ir contra os ensinamentos bĆ­blicos, o celibato era uma das causas para "abominaƧƵes e mĆ”s condutas sexuais" dentro do clero.

Vida sem sexo

Aqui Ć© preciso abrir um parĆŖntese na histĆ³ria da Igreja para ouvir o que a ciĆŖncia tem a dizer. VocĆŖ sabe: a idĆ©ia do celibato parece totalmente contra a natureza. Para o grosso da populaĆ§Ć£o mundial, passar o resto da vida sem sexo nĆ£o fica atrĆ”s de ser condenado Ć  prisĆ£o perpĆ©tua. Mas e aĆ­? DĆ” mesmo para viver sem sexo? "DĆ”, sim", diz o psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues Jr., diretor do Instituto Paulista de Sexualidade. "Se uma pessoa tem um projeto de vida racional que implique celibato, ele Ć© viĆ”vel. NĆ£o atrapalha."

A estimativa Ć© que 2,5% dos homens e 7,7% das mulheres escolheram o celibato como modo de vida. "E eles fizeram isso porque nĆ£o sentem necessidade de atividade sexual. SĆ£o pessoas para quem o sexo nĆ£o tem apelo. Esse dado precisa ser levado em conta, porque mostra que nem para todos o celibato Ć© um sacrifĆ­cio", diz a psiquiatra Carmita Abdo, da USP, coordenadora do Projeto Sexualidade (Prosex), que chegou a esses nĆŗmeros.

Por esse raciocĆ­nio, o celibato funciona se a grande motivaĆ§Ć£o para ele for o desejo de nĆ£o fazer sexo. Ok. Mas nĆ£o Ć© o que acontece na Igreja. Quem vira padre o faz porque quer dedicar sua vida a fazer o bem; porque sente prazer em ajudar; porque quer dar conforto espiritual. A princĆ­pio, ninguĆ©m parte para o sacerdĆ³cio porque nĆ£o quer transar nunca mais. Mas nĆ£o hĆ” escolha. O celibato na Igreja Ć© uma condiĆ§Ć£o, nĆ£o uma opĆ§Ć£o.

Os nĆŗmeros falam por si. Se existem 400 mil padres hoje no mundo, tambĆ©m hĆ” 150 mil pessoas que largaram a batina para casar. E mais: "No Brasil, cerca de 50% dos sacerdotes teriam amantes. Esta prĆ”tica de nĆ£o cumprir o voto de castidade estĆ” se espalhando pela Europa e pelos EUA", disse o teĆ³logo Aldo Natale Terrin, da Universidade CatĆ³lica de MilĆ£o, Ć  rede britĆ¢nica BBC. E emendou: "As autoridades eclesiĆ”sticas erram ao afastar os casados do sacerdĆ³cio e manter os que cometem abuso sexual e pedofilia".

Mas alguns sacerdotes que furam o bloqueio nĆ£o tĆŖm estrutura para encarar as conseqĆ¼ĆŖncias. Foi o que aconteceu com o padre mexicano Dagoberto Arriaga. Sua fuga do celibato lhe rendeu um filho. Com medo de ser expulso da Igreja, ele matou a crianƧa em 2005. Acabou condenado a 55 anos de prisĆ£o.

Com uma realidade dessas, o Vaticano deve estar mudando a cabeƧa em relaĆ§Ć£o ao celibato, certo? Errado. No fim de 2006, o cardeal brasileiro dom ClĆ”udio Hummes, considerado progressista dentro da Igreja, foi transferido para Roma, como chefe da CongregaĆ§Ć£o para o Clero no Vaticano. Sua tarefa era cuidar de problemas relacionados ao comportamento de padres. Numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, disse que "apesar de o celibato fazer parte da histĆ³ria e da cultura catĆ³licas, a Igreja pode reverter essa questĆ£o". Mas estamos em tempos de conservadorismo no Vaticano. Bento 16, lembre-se, prega a castidade nĆ£o sĆ³ entre os sacerdotes mas entre os fiĆ©is tambĆ©m. Todo mundo sĆ³ devia transar para se reproduzir, diz o papa. Baita saia-justa defender o fim do celibato numa situaĆ§Ć£o dessas. Hummes atĆ© precisou se retratar ao Vaticano, dizendo que o assunto nĆ£o estĆ” em discussĆ£o.

Mas deveria estar. Ɖ o que pensa Eliana Massih, psicĆ³loga do Instituto TerapĆŖutico Acolher, uma instituiĆ§Ć£o autĆ“noma que se dedica a aconselhar padres pedĆ³filos: "Quando se propƵe a vida celibatĆ”ria, a idĆ©ia Ć© que a falta de sexo seja compensada pela vida comunitĆ”ria. Mas isso nem sempre acontece", afirma. E completa: "HĆ” pessoas que tĆŖm vocaĆ§Ć£o para o sacerdĆ³cio, mas nĆ£o para o celibato".

Rodrigues concorda: "O celibato imposto provoca frustraĆ§Ć£o, incĆ“modos, mal-estar. E, conseqĆ¼entemente, ansiedade e um estresse crĆ“nico". Certo. Mas existe outro problema. Ainda mais grave.

Em pele de cordeiro

A imposiĆ§Ć£o do celibato e a pedofilia podem andar de mĆ£os dadas. Expliquemos. A idĆ©ia de nĆ£o fazer sexo Ć© um potencial atrativo para gente que quer fugir da prĆ³pria sexualidade. Essas pessoas sĆ£o aquelas com "conflitos sexuais", como dizem os psicĆ³logos. Pode ser um homossexual que acha sua preferĆŖncia um pecado ou um pedĆ³filo que nĆ£o compreende seu desejo por crianƧas, por exemplo. "Esses conflitos podem fazer com que pessoas busquem ordens religiosas onde o celibato Ć© obrigatĆ³rio para se livrar do mal-estar que sentem", diz Rodrigues.

Juntar essas contradiƧƵes internas ao estresse do celibato Ć© uma mistura explosiva. E ajuda a explicar por que existem tantos escĆ¢ndalos de pedofilia na Igreja.

Mas nĆ£o Ć© o suficiente. Para entendermos melhor o fenĆ“meno, temos de olhar para as circunstĆ¢ncias em que os abusos contra crianƧas acontecem.

Os atos de pedofilia nĆ£o ocorrem na calada da noite, numa rua deserta. Os abusadores precisam ter acesso Ć  intimidade da vĆ­tima e Ć  confianƧa das pessoas em volta. Por isso aparentam ser pessoas sĆ©rias – afinal, quem vai confiar o filho a alguĆ©m que pareƧa um... pedĆ³filo? Eles sĆ£o, em geral, ou do cĆ­rculo familiar – pai, parentes, vizinhos – ou profissionais insuspeitos, com livre acesso Ć s crianƧas e posiĆ§Ć£o de responsabilidade. AĆ­ entram professores, instrutores de acampamento, lĆ­deres religiosos. Padres.

Em 2005, o governo da Irlanda encomendou um relatĆ³rio para estudar o abuso de mais de 100 crianƧas por clĆ©rigos da diocese de Ferns, no sudeste do paĆ­s. Muitos desses homens eram vistos como pessoas espirituais, bem-sucedidos e dedicados Ć  sua parĆ³quia. E Ć© exatamente a imagem de pedĆ³filos como pessoas sinistras que faz os abusos sexuais permanecer indetectĆ”veis por muito tempo.

Como o pedĆ³filo consegue chegar Ć  vĆ­tima? Abusar sexualmente nĆ£o Ć© tĆ£o fĆ”cil quanto roubar pirulito. Segundo o relatĆ³rio Ferns, em geral o abuso acontece depois de um longo e bem planejado processo. O agressor sempre cria as circunstĆ¢ncias propĆ­cias, se tornando amigo das famĆ­lias com crianƧas. Para facilitar, ele procura crianƧas vulnerĆ”veis. Em casas assistenciais, por exemplo. E as intimida para obter o silĆŖncio.

TarcĆ­sio, o padre do diĆ”rio, foi transferido de Agudos, SĆ£o Paulo, para AnĆ”polis, GoiĆ¢nia. LĆ” conheceu um coroinha de 13 anos. Aproveitou a pobreza da famĆ­lia para convidĆ”-lo a morar na parĆ³quia. Um mĆŖs depois, passou a assediĆ”-lo, tentar fazer sexo. Um dia, o prĆ©-adolescente chegou bĆŖbado em casa e contou tudo Ć  mĆ£e. EntĆ£o SprĆ­cigo trocou de vĆ­tima: agora um garoto de 5 anos. Novamente, a mĆŗsica como isca: durante aulas de violĆ£o, o padre fazia o mesmo que fez com sua vĆ­tima de Agudos. Tentou atĆ© penetrĆ”-lo, mas nĆ£o conseguiu por causa dos gritos de dor da crianƧa.

Para se proteger, o padre TarcĆ­sio fazia suas vĆ­timas jurar diante de uma imagem de Jesus Cristo que manteriam segredo. AtraĆ§Ć£o e intimidaĆ§Ć£o. Um dia, a crianƧa chegou em casa dizendo: "VovĆ³, eu sei fazer amor". A avĆ³ perguntou quem havia ensinado, mas a crianƧa se recusava a contar – "MamĆ£e vai me bater", dizia. Quando a avĆ³ a convenceu de que nĆ£o apanharia, contou – "O padre TarcĆ­sio me ensinou". O sacerdote pressionou para que a famĆ­lia silenciasse. Mas nĆ£o conseguiu.

Gays e a Igreja

O RelatĆ³rio John Jay traz um dado intrigante: dos padres pedĆ³filos, 64% abusaram somente de meninos, enquanto 22,6% abusaram somente de meninas. Ɖ o inverso do que acontece na populaĆ§Ć£o geral, em que mais meninas sofrem abuso. Seria entĆ£o a porcentagem de homossexuais na Igreja maior do que fora?

Para o psicoterapeuta americano Richard Sipe, sim. Richard Ć© um ex-padre casado com uma ex-freira missionĆ”ria e que jĆ” foi professor, conselheiro e psicoterapeuta de mais de 1 000 clĆ©rigos com histĆ³rico de envolvimento sexual.

Com base em suas experiĆŖncias, ele diz que metade dos padres mantĆ©m relaƧƵes sexuais (como disse Aldo Terrin sobre os sacerdotes daqui). E mais: que 30% dos padres tĆŖm amantes mulheres; 15%, amantes homens; e cerca de 5% teriam "comportamentos problemĆ”ticos" (como a pedofilia) – uma proporĆ§Ć£o parecida com aquela do RelatĆ³rio John Jay.

Se Sipe estiver certo, a porcentagem de gays ativos dentro da Igreja chega a ser em mĆ©dia o dobro do total de gays da sociedade brasileira. Segundo a maior pesquisa jĆ” feita no Brasil sobre o assunto, o Projeto Sexualidade, de 2004, 7,9% dos homens sĆ£o homo ou bissexuais. Ɖ quase a metade do que Richard observa na Igreja.

A Igreja sabe da existĆŖncia de padres homossexuais e isso preocupa o conservador Bento 16. Em novembro de 2005, o Vaticano aprovou uma instruĆ§Ć£o que fecharia as portas para os gays. Segundo ela, a Igreja nĆ£o pode admitir ao seminĆ”rio quem pratique atos homossexuais, que apresentem "tendĆŖncias homossexuais profundamente arraigadas" ou que apĆ³iem a cultura gay. E quem tiver tendĆŖncias homossexuais "transitĆ³rias" precisa superĆ”-las 3 anos antes de ser ordenado.

E o que dizer de padres homossexuais que seguem Ć  risca o celibato? Eles existem, claro, assim como existem padres heterossexuais que seguem Ć  risca o celibato. Mas seriam eles pecadores? NĆ£o necessariamente. O catecismo catĆ³lico diz, por um lado, que atos homossexuais nĆ£o podem ser aprovados em caso algum, pois a Sagrada Escritura os apresenta como pecados graves. Seriam "intrinsecamente desordenados". Por outro, o catecismo afirma que pessoas com tedĆŖncias homossexuais devem ser acolhidas com respeito e delicadeza, sem qualquer traƧo de discriminaĆ§Ć£o.

Segundo o padre EdĆŖnio Valle em seu artigo A Igreja CatĆ³lica ante a Homossexualidade, quase todos os estudiosos catĆ³licos de hoje concordam que atraĆ§Ć£o pelo mesmo sexo nĆ£o Ć© uma opĆ§Ć£o, mas, sim, algo imposto pelo destino, assim como nascer homem ou mulher. Logo, nĆ£o Ć© uma questĆ£o moral nem hĆ” lugar para a culpa – ninguĆ©m Ć© bom ou mau por ter sentimentos que nĆ£o pode afastar de si. O pecado estaria na aceitaĆ§Ć£o dos atos homossexuais. E nĆ£o nos gays em si.

Que o diga o prĆ³prio Vaticano: um artigo da revista americana Newsweek conta que, segundo alguns funcionĆ”rios da Santa SĆ©, a sede da Igreja teria uma comunidade gay "underground". Como nĆ£o sobreviveriam em suas parĆ³quias, muitos padres homossexuais teriam sido levados para o Vaticano, onde receberiam alguma funĆ§Ć£o burocrĆ”tica.

Foi Ć  sombra da BasĆ­lica de SĆ£o Pedro, aliĆ”s, que aconteceu um dos maiores escĆ¢ndalos dos Ćŗltimos tempos envolvendo homossexualidade na Igreja. Em outubro, o monsenhor Tommaso Stenico, alto funcionĆ”rio da CongregaĆ§Ć£o para o Clero, convidou um jovem que ele tinha conhecido num chat sadomasoquista na internet para uma visita a seu escritĆ³rio, em pleno Vaticano. O que ele nĆ£o sabia era que o rapaz estava fazendo uma reportagem sobre a vida sexual de sacerdotes para uma rede de TV. E que tinha entrado em sua sala com uma cĆ¢mera escondida.

Stenico pergunta "VocĆŖ gosta de mim?" e elogia a beleza do jovem. Quando vĆŖ que o bote do monsenhor Ć© iminente, o repĆ³rter Ć  paisana dispara: "Mas isso nĆ£o seria um pecado aos olhos da Igreja?" Stenico diz que nĆ£o. Depois se enche das recusas do rapaz e o leva embora. NĆ£o sem antes dizer "VocĆŖ Ć© muito gostoso..."

O programa nĆ£o identificou o monsenhor. Mas os superiores dele reconheceram o escritĆ³rio. E o Vaticano suspendeu-o imediatamente. Para se defender, Stenico disse que se fazia de gay para ajuntar informaƧƵes sobre pessoas envolvidas num complĆ“ para seduzir padres Ć  homossexualidade e desacreditar a Igreja.

Abusos contra mulheres

Os escĆ¢ndalos de sacerdotes gays e pedĆ³filos chamam mais a atenĆ§Ć£o da imprensa, por motivos Ć³bvios. Mas tambĆ©m hĆ” casos de abuso por parte de padres hĆ©teros.

Uma compilaĆ§Ć£o deles estĆ” no estudo Desvelando a PolĆ­tica do SilĆŖncio: Abuso Sexual de Mulheres por Padres no Brasil, da sociĆ³loga Regina Soares Jurkewicz. Seu conteĆŗdo Ć© tĆ£o explosivo que, apĆ³s dar entrevista a uma revista, foi demitida do Instituto de Teologia da diocese de Santo AndrĆ©, SP, onde trabalhou por 8 anos.

Jurkewicz analisou 21 casos de abuso sexual contra mulheres por clĆ©rigos entre 1994 e 2002 – 17 deles envolvendo meninas entre 9 e 16 anos. Chegou Ć  conclusĆ£o de que abusadores escolhem mulheres pobres, com dificuldade de se expressar, sem consciĆŖncia de direitos e com vida considerada moralmente "dĆŗbia" – em outras palavras, pegam aquelas menos provĆ”veis a denunciĆ”-los e com menos credibilidade caso o faƧam.

O estudo diz que, enquanto a cĆŗpula da Igreja mantĆ©m-se silenciosa, preocupada em saber se o clĆ©rigo estĆ” disposto a pedir perdĆ£o a Deus e, principalmente, em manter a imagem da instituiĆ§Ć£o, as comunidades em que ocorrem denĆŗncias de abuso sexual por parte de seus padres "oscila entre compreendĆŖ-los, aceitar seu comportamento, duvidar das denunciantes e atĆ© responsabilizĆ”-las – afinal, podem ter seduzido o sacerdote, um homem celibatĆ”rio por definiĆ§Ć£o".

A conclusĆ£o de Jurkewicz Ć© que as prĆ”ticas ilegais masculinas sĆ£o toleradas pelas comunidades e pronto. Mesmo que feitas por padres. E cita o caso de um sacerdote flagrado como cliente de uma rede de prostituiĆ§Ć£o juvenil desmantelada pela polĆ­cia. Nesse caso, um fazendeiro defendeu o padre, seu amigo, e debochou: "Que mandem um padre bicha para a cidade para acabar com o problema".

NĆ£o sĆ£o sĆ³ os amigos que ajudam. Sempre que algum sacerdote estĆ” metido em confusĆ£o existe a pecha de que a Igreja o protege da JustiƧa. Mas atĆ© que ponto isso Ć© verdade?

E o Vaticano?

Seria absurdo dizer que o catolicismo apĆ³ia abusos sexuais. O direito canĆ“nico, isto Ć©, a lei da Igreja CatĆ³lica, coloca os pecados dessa estirpe entre os mais sĆ©rios, junto com o homicĆ­dio. No entanto, a cĆŗpula da Igreja parte do pressuposto de que sĆ³ ela deve julgar os pecados cometidos por seu clero, e isso dificulta que os crimes sexuais sejam levados Ć  JustiƧa. "A responsabilidade sobre o padre [acusado de mĆ” conduta sexual] Ć© do bispo da diocese a que ele pertence", diz o padre Geraldo Martins, assessor de comunicaĆ§Ć£o da ConferĆŖncia Nacional dos Bispos do Brasil. Em casos graves, o padre Ć© expulso da Igreja.

Em 1962, o papa JoĆ£o 23 teria enviado a bispos e arcebispos do mundo todo um documento secreto chamado Crimen Sollicitationis. Ele instruĆ­a os chefes da Igreja a lidar com padres que abusaram de crianƧas e impunha um alto grau de segredo a todos os envolvidos nesses casos. A pena para quem abrisse a boca era a excomunhĆ£o automĆ”tica – incluindo as testemunhas e os acusadores.

Em Crimen Sollicitationis, se a acusaĆ§Ć£o fosse considerada infundada, todos os documentos com essa acusaĆ§Ć£o deveriam ser destruĆ­dos. Se houvesse alguma prova vaga, o caso seria arquivado atĆ© a chegada de uma evidĆŖncia contundente de fato. JĆ” se a prova fosse forte, mas insuficiente, o acusado levaria uma advertĆŖncia e o processo seria mantido sob observaĆ§Ć£o. Caso a prova fosse definitiva, o acusado seria levado a um julgamento dentro da Igreja.

Em 2001, o papa JoĆ£o Paulo 2o publicou o Sacramentorum Sanctitatis Tutela, esboƧando novas normas para graves ofensas. Em seguida, a CongregaĆ§Ć£o para a Doutrina da FĆ© discutiu e explicou essas normas numa carta a todos os chefes religiosos do mundo, assinada pelo entĆ£o cardeal Joseph Ratzinger, hoje Bento 16.

Segundo essa carta, a CongregaĆ§Ć£o, no Vaticano, continuaria a ter competĆŖncia exclusiva em relaĆ§Ć£o a certas ofensas graves – entre elas, as ofensas sexuais com menores de 18 anos.

Mas, apesar da exposiĆ§Ć£o cada vez maior na mĆ­dia, os crimes sexuais estĆ£o diminuindo. Essa Ć© mais uma das conclusƵes do RelatĆ³rio John Jay. Ele mostra que padres ordenados na dĆ©cada de 1960, por exemplo, cometeram 25,3% dos abusos sexuais contra crianƧas entre 1950 e 2002. Os que entraram para a Igreja nos anos 70 respondem por 19,6%. E a queda continua. SĆ³ 8,4% dos crimes sĆ£o obra de padres ordenados nos 80. Os mais jovens, que entraram de 1990 em diante, formam apenas 2,3% do total.

Mas o que explica essa queda?

Paz na terra

Um dos motivos para a melhora estĆ” nos programas de tratamento de desordens psicossexuais de clĆ©rigos. AtĆ© os anos 50, a atividade sexual do padre era vista como um problema exclusivamente moral ou espiritual, segundo Richard Sipe. Homossexualidade e pedofilia eram "tratados" apenas com a transferĆŖncia de parĆ³quia ou com "renovaƧƵes espirituais".

Depois, passaram do campo somente moral e espiritual para o cientĆ­fico. Finalmente, foi reconhecida sua dimensĆ£o psicolĆ³gica. Em 1976, a congregaĆ§Ć£o religiosa americana Serventes do Paracleto abriu o primeiro programa para tratamento de desordens psicossexuais, o que incluĆ­a abuso de menores. O tratamento ficou tĆ£o high-tech que padres que nĆ£o respondem Ć  terapia convencional recebem uma castraĆ§Ć£o quĆ­mica com o medicamento Depo-Provera, que diminui os nĆ­veis de testosterona e, conseqĆ¼entemente, a libido em homens. Ironicamente, o Depo-Provera Ć© um anticoncepcional, tĆ£o combatido pela Igreja CatĆ³lica.

No Brasil, o mais importante centro de tratamento de padres Ć© o Instituto TerapĆŖutico Acolher, presidido pelo padre. EdĆŖnio Valle, professor de psicologia da religiĆ£o da PUC-SP. De acordo com Eliana Massih, existe uma grande preocupaĆ§Ć£o da Igreja CatĆ³lica sobre sexualidade e desvios de conduta associados. AlĆ©m da assessoria de psicĆ³logos, hĆ” a publicaĆ§Ć£o de artigos sobre sexualidade em periĆ³dicos como a Revista EclesiĆ”stica Brasileira, com circulaĆ§Ć£o entre o clero.

Mas a Igreja consegue mesmo garantir que seminaristas escolham a vida sacerdotal como algo bom para si, em vez de uma fuga de sua sexualidade? "NĆ£o completamente. Mas em grande parte sim", diz Massih. Hoje, a Igreja faz uma "operaĆ§Ć£o pente-fino" antes de admitir um seminarista, com uma sabatinada de avaliaƧƵes psicolĆ³gicas.

Outro ponto que ajuda Ć© a prĆ³pria conscientizaĆ§Ć£o dos clĆ©rigos para nĆ£o deixar que crimes de seus colegas passem em branco. "Hoje, qualquer padre responsĆ”vel e consciente de seus deveres toma as medidas necessĆ”rias segundo a lei", diz o padre EdĆŖnio.

Segundo a lei e segundo a prĆ³pria fĆ© cristĆ£, que reza: nĆ£o faƧa ao outro aquilo que nĆ£o quer que faƧam com vocĆŖ.

Aconteceu em Mariana (MG). O padre BonifĆ”cio Buzzi, na Ć©poca com 41 anos, foi denunciado e preso por levar um garoto de 11 anos Ć  beira de um rio "para pescar" – na verdade, ele passou um longo tempo fazendo sexo oral na crianƧa e tentou comprar-lhe o silĆŖncio com R$ 5. Foi a 2a denĆŗncia contra o padre – 13 anos antes, ele teria molestado um menino de 5 anos e outro de 11.

Causo de pescador - Abril de 2002

Em SĆ£o JoĆ£o do Triunfo (PR), o padre Jacinto CĆ©sar Parachuk, na Ć©poca com 35 anos, foi preso em flagrante por molestar um garoto de 14 anos. Ao depor, o menino disse ter sido atraĆ­do por uma oferta de R$ 10 para cortar grama. Dois anos antes, outra acusaĆ§Ć£o de abuso havia provocado a expulsĆ£o do padre do quartel do ExĆ©rcito em Uruguaiana, RS, onde foi capelĆ£o.

Dose dupla - Maio de 2003

Diretor de uma casa de assistĆŖncia na regiĆ£o de Sorocaba (SP), o padre Alfieri Eduardo Bompani, de 62 anos, abusou de 13 crianƧas entre 6 e 10 anos. Ele chegou a registrar os casos em uma pasta de seu computador chamada "Contos Homossexuais". Em 2003, foi condenado a 93 anos de prisĆ£o. A Igreja CatĆ³lica terĆ” de desembolsar R$ 3,2 milhƵes em indenizaƧƵes Ć s vĆ­timas.

DiƔrio macabro - Agosto de 2006

Uma cĆ¢mera de celular flagrou o padre SebastiĆ£o Braga fazendo sexo com um garoto de 11 anos na casa paroquial de Comendador Gomes, MG. O padre, acusado de abusar sexualmente de 6 garotos, confessou os crimes e disse ter feito tudo inconscientemente. Ao deporem, duas crianƧas contaram que o padre pagava Ć s vĆ­timas de R$ 10 a R$ 80.

No celular - Dezembro de 2006

O padre Djalma Brito Mota, de Ichu, BA, foi sentenciado a 7 anos e 7 meses de prisĆ£o por corromper adolescentes em 2005 e 2006. Em 2005, levou o adolescente J.N.S. para fazer um exame oftalmolĆ³gico em Feira de Santana. Na volta, trocou carĆ­cias com ele. Um dia depois, pagou R$ 10 para que o garoto e um amigo participassem de uma pequena orgia na casa paroquial.

De olhos abertos - Outubro de 2007

Na Ć©poca com 40 anos, o padre Paulo SĆ©rgio Maria Barbosa foi flagrado com um adolescente de 14 anos dentro de um Gol, num canavial em CorumbataĆ­ (interior de SP). No carro havia 48 fotos de meninos, camisinhas e uma revista com capa sobre pedofilia. Dom Eduardo Koaik, bispo de Piracicaba, levantou a suspeita de armaĆ§Ć£o. "O padre Ć© respeitoso com todas as pessoas", afirmou.

No carnaval - Maio de 2002

Foi na frente de um drive-in em MarĆ­lia (SP) que o pai de duas meninas, de 15 e 16, surpreendeu JosĆ© Balikian. O padre se relacionava com as duas havia um ano e meio. Foi preso apĆ³s o pai apresentar 150 e-mails enviados pelo religioso Ć s garotas.

No Drive-in - Junho de 2005

 
Para saber mais
 

www.bishop-accountability.org

Ong que documenta abusos sexuais por parte de padres.

www.usccb.org/nrb/johnjaystudy

ƍntegra do RelatĆ³rio John Jay, sobre pedofilia na Igreja.


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Magal
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