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Casamento Arranjado


Casamento Arranjado

Zaza tem 31 anos, está cursando doutorado em Filosofia e é solteiro. O último item na frase anterior incomoda seus pais que, seguindo suas tradições, procuram a mulher certa para o querido filho. Mas Zaza acredita no amor, aquele sentimento tolo que dizem brotar de um coração ficticio que bate no mesmo lugar desse outro que temos no peito e "apenas" bombeia sangue para artérias e veias. Temos aqui, um porblema: Zaza ama uma mulher e a famílai quer que ele se case com outra.

Convenhamos, é um problema simples, certo. Hummmmmmmm, não. Não é simples se você é judeu e sua família segue certas tradições. O que surge do choque da vontade pessoal com o rito tradiocional de uma família é o enredo de "Casamento Arranjado", ("Late Marriage" - 2001) uma excelente comédia dramática vinda de Israel, estréia do diretor Dover Kosashvili na sétima arte que levou 10 dos 12 principais prêmios da Academia Israelense em 2001, o que faz pensar, mas primeiro o filme, ok.

A trama envolve Zaza, um "moleque" de 31 anos que depende dos pais, apesar de ter carro, casa, geladeira, uma Tv tela grande, um aparelho de som Sony, como explica o pai de Zaza ao tio de uma possível candidata a esposa. Tudo que Zaza tem é presente da familia, até o cartão de crédito sem limites para gastos. 

Em "troca", a família cobra do filho a perpertuação da raça. Assim, Zaza vai sendo apresentado a diversas garotas e mulheres ("mais de cem", diz a ele a certo momento) sem que se interesse por nenhuma, já que acredita que amor é algo que importa em uma relação. Assim como ele, as garotas e mulheres também seguem o ritual do arranjo. 

Após conhecer, em um dos arranjos, uma estonteante garota de 17 anos que quer ser designer e ter um marido rico, a familai de Zaza começa a se perguntar qual o problema com o filho, até descobrir que, bingo, ele já foi fisgado e, pior, por uma mulher mais velha, divorciada e mãe de uma menina. Judith tem 34 anos e é apaixonada por Zaza. A paixão segue intocável até uma visita da família do moço que quase vira tragédia. 

Essa cena, mais do que qualquer coisa, demonstra toda força do filme em retratar o conservadorismo familiar passando para a tela o quanto é difícil para um filho criado em uma doutrina rigida, cheia de  obrigações e regras, ir contra a família. Mesmo porque a família, no caso, é o pilar máximo. Ir contra a família é ir contra si mesmo. Mesmo que seu coração descubra que aquele sentimento tolo citado no primeiro parágrafo exista. 

Entre a paixão e a conviniência, "Casamento Arranjado" surge como um excelente retrato de costumes. Em alguns momentos diverte (alias, na maioria), mas do meio para o final angustia de deixar estômagos frágeis em frangalhos. 

Zaza (Lior Loui Ashkenazi) é excelente. Em um papel pseudo-bobo, consegue demonstrar que há o desejo da quebra da tradição, mas que não é um rompimento fácil. Judith (Ronitz Elkabetz) é bela (lembra muito a atriz global Cristiane Thorloni), inteligente e marcada pela vida. De bom, uma filha. De ruim, o karma de ser divorciada em uma sociedade discriminadora. Os pais e tios de Zaza são impágaveis. De uma conversa entre pai e tio sabemos que ambos também foram pressionados a largar paixões para seguir a vida "correta" imposta pela família. Numa cena chave, a mãe de Zaza pergunta ao marido: "Seu pai também lhe ameaçou quando você pensou em me largar por causa de fulana?", em um tom de, melhor que você tivesse feito o que queria, não o que te impuseram. 

Filmando com extrema simplicidade e apoiando-se em um roteiro de cenas longas e cheias de detalhes que buscam apenas retratar a realidade (uma bela cena de sexo é finalizada com a frase: "Traga papel para eu me limpar". Quer coisa mais vida real que isso?) em sua forma muitas vezes bela, porém, cruel e complicada, Dover Kosashvili alcança um resultado excelente, tocante e surpreendente. E, sobretudo, violento. Não a violência que se vê nas ruas e que recheiam noticiarios. Mas sim, a violêcia verbal. 

O amor é mais forte que tudo? Às vezes sim, as vezes não.

Filmando detalhes, Kosashvili consegue um todo arrebatador. E faz pensar. Já ganhou o coração deste cinéfilo.

Ps. A suposta "cena mais romântica do cinema em todos os tempos" é bela (são diferentes, mas eu prefiro as de "Lúcia e o Sexo"), mas não seduz e, após 100 minutos de filme, não fica. Outras questões maiores tomam seu lugar, afinal, sexo não é tudo em uma história de amor.  




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Magal
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