Presidente de Israel teme que Sharon seja assassinado
JERUSALÉM (Reuters) - O presidente israelense, Moshe Katsav, disse na segunda-feira que a inflamada oposição de rabinos nacionalistas à desocupação da Faixa de Gaza pode incitar radicais a atentarem contra a vida do primeiro-ministro Ariel Sharon.
"Na briga pela desocupação alguém pode distorcer a mensagem dos rabinos", disse Katsav à Rádio do Exército.
O resultado, segundo ele, seriam "ações extremistas" e "a conclusão distorcida de que para evitar a destruição de Israel é preciso assassinar o primeiro-ministro".
Na véspera, o Shin Bet (serviço de segurança) tirou medidas de Sharon e de alguns ministros para confeccionar coletes à prova de balas.
Nas últimas semanas, alguns rabinos favoráveis à permanência dos colonos judeus nos territórios ocupados, sobre o qual eles reivindicam direitos bíblicos, vêm acirrando sua retórica contra a retirada.
Essas manifestações despertaram a lembrança dos ataques verbais ao primeiro-ministro Yitzhak Rabin antes de seu assassinato, cometido em 1995 por um radical judeu inconformado com o primeiro acordo de paz com os palestinos.
Oficialmente, as lideranças dos colonos judeus defendem a resistência pacífica à desocupação de todos os 21 assentamentos da Faixa de Gaza e de 4 dos 120 da Cisjordânia.
O deputado direitista Effi Eitam disse que vai se reunir com rabinos e colonos para redigir um código de conduta não-violenta, a fim de evitar confrontos com os militares durante a retirada.
"Nesta carta teremos uma cláusula especificando que não pode haver armas na área desocupada", disse Eitam à Rádio Israel. "Queremos assegurar que, mesmo que o clima esquente, haverá uma boa chance de evitar um desastre."
As autoridades planejam recolher cerca de 8.500 armas entregues pelo Exército aos colonos a serem retirados.
"Instruímos as forças de segurança na Faixa de Gaza e no norte da Cisjordânia a agirem com paciência zero e tolerância zero com qualquer ato de violência ou violação da lei", disse o ministro da Defesa, Shaul Mofaz, em um discurso em Tel Aviv.
Na semana passada, ultranacionalistas apedrejaram soldados israelenses que expulsavam militantes judeus de uma casa abandonada ocupada por eles em um bairro palestino vizinho a um assentamento da Faixa de Gaza.
Durante esses incidentes, também foi apedrejado um jovem palestino. Um general israelense disse que se tratou de uma tentativa de linchamento.
"Um menino palestino estava caído ali ferido e eles estavam atirando pedras nele, enquanto um soldado israelense tentava protegê-lo. Não podemos tolerar tais visões. Ela viola os Dez Mandamentos", disse Katsav.