Hot Widget

Type Here to Get Search Results !

Pluralidade como essência do judaísmo

 

“Pluralidade como essência do judaísmo”
Pluralidade como essência do judaísmo

Rafael Renkovski, professor de Cultura Judaica e diretor de Comunicação da Sinagoga Centro Israelita de Porto Alegre, reflete em artigo sobre a importância do diálogo, da diversidade e da convivência entre diferentes expressões do judaísmo e afirma que em um mundo polarizado, reconhecer e acolher as diferenças é um exercício necessário dentro e fora da vida religiosa. Leia a seguir a íntegra do texto:

Em tempos de discursos polarizados, tornou-se um desafio global exercitar a convivência entre diferentes crenças e maneiras de enxergar o mundo. Dentro do próprio judaísmo, esse desafio também se faz presente. Somos um povo unido pela história, mas diverso nas interpretações, nos ritos e nas formas de pensamento. Embora pudesse ser vista como uma virtude, a pluralidade ainda é, muitas vezes, tratada com desconfiança.

Para alguns, ser judeu é viver intensamente as tradições religiosas. Para outros, basta manter um vínculo cultural com o povo judeu. Há quem se encontre nos estudos e quem se reconheça nas lutas sociais inspiradas por valores judaicos. A responsabilidade, porém, é compartilhada: preservar a diversidade sem permitir que ela se torne motivo de afastamento.

Recentemente, participei do Congresso Sionista Mundial, em Jerusalém, onde pude ver essa pluralidade se expressar de forma concreta. Rabinos, rabinas, jovens, idosos, judeus latinos, africanos, reformistas, conservadores e ortodoxos, cada qual com sua leitura sobre Israel, a fé e o papel do judaísmo e do sionismo na atualidade. O contraste era evidente, mas o encontro também revelava algo essencial: o povo judeu só sobreviveu porque aprendeu a dialogar com o diferente, mesmo quando as divergências pareciam impraticáveis.

Não apenas no campo da religião, mas essa capacidade de manter o diálogo é o que falta em boa parte das sociedades atuais. No espaço público, o outro é visto como inimigo e a intolerância não se manifesta apenas em atos extremistas, mas também na recusa em ouvir, compreender e conviver com o que nos desafia.

Com toda a sua história de debates e interpretações, o judaísmo oferece a lição de que discordar do outro não é romper com o outro. A pluralidade é a garantia de continuidade da comunidade, não uma ameaça à identidade.

Se há algo que aprendi observando o judaísmo em escala global é que a diversidade é parte fundamental da nossa natureza. Que o diálogo continue sendo o caminho, mesmo quando é o mais turbulento.

Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.

Top Post Ad

Below Post Ad

Ads Section