As acusações do Irã — de que o Azerbaijão desempenhou um papel em operações militares israelenses — carecem de evidências confiáveis e parecem fazer parte de uma estratégia de guerra de informação

Ao mesmo tempo, um funcionário anônimo do governo azerbaijano acrescentou que a República do Azerbaijão conduz uma política externa equilibrada e independente, baseada no respeito mútuo, na não interferência e no engajamento construtivo com todos os seus vizinhos. Ademais, o funcionário observou que o Azerbaijão mantém uma parceria forte e estratégica com o Estado de Israel, baseada em laços históricos, interesses compartilhados e respeito mútuo: "O Azerbaijão sempre enfatizou que suas relações bilaterais — seja com Israel ou qualquer outra nação — nunca são direcionadas contra terceiros países."
A parceria multifacetada entre Azerbaijão e Israel abrange cooperação energética, agricultura, alta tecnologia, segurança e laços humanitários. Segundo o funcionário anônimo do governo azerbaijano, essas relações são baseadas em benefício mútuo, transparência e igualdade: "O Azerbaijão abriga uma das comunidades judaicas mais antigas e respeitadas do mundo muçulmano — um testemunho de sua cultura de tolerância."
Durante a Segunda Guerra do Karabakh em 2020, Israel apoiou abertamente a integridade territorial do Azerbaijão, o que, segundo o oficial azerbaijano anônimo, aprofundou ainda mais a confiança entre as duas nações, enfatizando que essa cooperação não ocorre às custas de outros atores regionais.
Segundo várias autoridades do governo azerbaijano, as acusações do Irã — de que o Azerbaijão desempenhou um papel em operações militares israelenses — carecem de evidências confiáveis e parecem fazer parte de uma estratégia de guerra de informação. Saadat Sukurova, que dirige o Kanal 24, uma emissora de TV azerbaijana, enfatizou que essas alegações podem servir a diversos objetivos internos e externos:
1. Desviar a atenção interna dos desafios internos do Irã promovendo a narrativa de um inimigo externo;
2. Prejudicar as relações entre o Azerbaijão e o Irã, alimentando a desconfiança e a tensão;
3. Combater a crescente influência regional de Israel por meio de difamação e desinformação.
Sukurova enfatizou que tal retórica prejudica não apenas a confiança diplomática, mas também as perspectivas de uma cooperação regional mais ampla.
Segundo diversos meios de comunicação azerbaijanos, Baku reafirmou repetidamente que o território do Azerbaijão nunca foi — e nunca será — usado para ataques contra terceiros países. Sukurova observou que essa posição está em conformidade com o direito internacional e a Carta da ONU: "O Azerbaijão acredita na paz regional e no diálogo sustentável baseado na soberania mútua e na não interferência."
Em uma região marcada por tensão e conflito, o Azerbaijão tem consistentemente optado pelo diálogo em vez do confronto, pela parceria em vez da polarização, enfatizou o funcionário anônimo do governo azerbaijano. Segundo ele, "o país busca relações pacíficas e construtivas com todos os seus vizinhos, independentemente de seus sistemas internos ou alianças. Enquanto o Irã vê Israel como um rival regional, o Azerbaijão não adere a esse pensamento binário".
Sukurova enfatizou: “A essência da diplomacia reside no engajamento, não na culpabilização. Aqueles que buscam construir a paz devem evitar a retórica inflamatória e abraçar a cooperação. As alegações infundadas do Irã contra o Azerbaijão não servem nem à estabilidade regional nem à diplomacia genuína. Em vez disso, correm o risco de aumentar a desconfiança e corroer as conquistas arduamente conquistadas no diálogo regional.”
De acordo com diversos relatos da mídia azerbaijana, o Azerbaijão permanece comprometido com uma política de cooperação aberta, respeito mútuo e não agressão. Esses relatos afirmam que o país não deseja se tornar um campo de batalha para interesses conflitantes, nem ver suas parcerias deturpadas ou manipuladas.
Muitos no Ocidente valorizam o Azerbaijão como um ator confiável e íntegro no cenário mundial, pois ele escolhe a paz em vez da provocação, o equilíbrio em vez do preconceito. Da perspectiva do governo azerbaijano, alegações que ignoram esses fatos não apenas distorcem a realidade, como também violam o espírito das relações de vizinhança. Como observou o funcionário anônimo azerbaijano, "a verdadeira cooperação regional só pode ser construída com base na confiança, não na disseminação de alegações infundadas".
Rachel Avraham é CEO do Centro Dona Gracia para a Diplomacia e jornalista baseada em Israel. Ela é autora de "Mulheres e Jihad: Debatendo os Atentados Suicidas de Mulheres Palestinas na Mídia Americana, Israelense e Árabe".