Mais de 500 anos depois que seus ascendentes foram expulsos da Espanha, em 1492, cerca de 132.000 judeus solicitaram a nacionalidade espanhola sob uma oferta por prazo limitado, disseram autoridades nesta terça-feira (1) após o prazo expirar.
Aprovada pelo Parlamento espanhol em outubro de 2015, a lei procurou corrigir um "erro histórico" do rei Ferdinand e da rainha Isabella, que em 1492 ordenaram que os judeus da Espanha se convertessem ao catolicismo ou fossem queimados na fogueira. A única outra opção era o exílio.
Embora as estimativas variem, os historiadores acreditam que havia pelo menos 200.000 judeus vivendo na Espanha na época, hoje conhecidos como sefaraditas - o termo hebraico para judeus de origem espanhola.
De acordo com a legislação, aqueles capazes de provar sua herança judaica e sua "conexão especial" com a Espanha puderam se candidatar à cidadania. O Ministério da Justiça anunciou que recebeu 132.226 pedidos.
Mais da metade deles foi registrada no mês passado, quando o Ministério recebeu cerca de 72.000 solicitações.
A grande maioria vem de países latino-americanos, com cerca de 20.000 do México, seguidos por outros 15.000 da Venezuela e 14.000 da Colômbia, segundo informou o Ministério, sem fornecer os dados exatos.
Mais de 4.000 pedidos vieram de judeus argentinos e cerca de 3.000 de residentes em Israel.
Até agora, apenas 6.000 pessoas receberam a cidadania, dado o longo e complexo processo envolvido.
Para se candidatar, o candidato tinha que provar sua origem sefaradita por meio de documentos genealógicos ou por rabinos de locais onde moram, depois encaminhar a papelada para a Espanha e aguardar aprovação.
Embora os candidatos não precisassem ser judeus praticantes, eles precisavam ser capazes de provar sua "conexão especial" com a Espanha.
Eles também foram obrigados a passar no teste do idioma espanhol e a responder a perguntas sobre a cultura e a sociedade da Espanha.
A lei, que permite que os candidatos tenham dupla cidadania, expiraria em outubro de 2018, mas foi prorrogada por um ano.
Muitos dos que foram exilados em 1492 fugiram para o Império Otomano, os Bálcãs, o norte da África e, eventualmente, para a América Latina.
Hoje, acredita-se que o número de judeus sefaraditas seja de 3,5 milhões, com a comunidade espalhada pelo mundo.
