A mensagem de liberdade religiosa

A mensagem de liberdade religiosa

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A mensagem  de liberdade religiosa
Chanucá (este ano de 2016 comemorada a partir de 24 de dezembro) é a festa na qual os judeus celebram sua vitória na luta pela liberdade religiosa há mais de dois mil anos. Tragicamente aquela luta não é menos importante hoje, não apenas para os judeus, mas para povos de todas as fés.
Hoje a liberdade religiosa, declarada no artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, está em risco em muitas partes do mundo.
A história judaica é bastante simples. Por volta de 165 AEC, Antiochus IV, governador do ramo sírio do império de Alexandre, começou a impor a cultura grega sobre os judeus na terra de Israel. Os fundos eram desviados do Templo para jogos públicos e competições de teatro. Uma estátua de Zeus foi erigida em Jerusalém. Os rituais religiosos judaicos como circuncisão e a observância do Shabat foram banidos. Aqueles que os cumpriam eram perseguidos. Foi uma das grandes crises na história judaica. Havia uma real possibilidade de que o Judaísmo, o primeiro monoteísmo do mundo, fosse eclipsado.
Um grupo de judeus piedosos se ergueu em rebelião. Liderados por um sacerdote, Mattathias de Modi’in, e seu filho Judah, o Macabeu, eles começaram a lutar pela liberdade. Superados em número, eles sofreram pesadas perdas no início, mas dentro de três anos asseguraram uma grande vitória. Jerusalém foi devolvida às mãos dos judeus. O Templo foi rededicado. As celebrações duraram oito dias, Chanucá, que significa “rededicação”, foi estabelecido como uma festa para perpetuar a lembrança daqueles dias.
Quase vinte e dois séculos se passaram desde então, porém hoje a liberdade religiosa, declarada no artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, está em risco em muitas partes do mundo. Os cristãos estão sendo perseguidos em todo o Oriente Médio e partes da Ásia. Em Mosul, a segunda cidade do Iraque, os cristãos têm sido sequestrados, torturados, crucificados e decapitados. A comunidade cristã, uma das mais antigas do mundo, tem sido expulsa. Os Yazidis, membros de uma antiga seita religiosa, têm sido ameaçados de genocídio.
Na Nigéria o Boko Haram, um grupo islâmico, tem raptado crianças cristãs e as vendido como escravos. Em Madagali, homens cristãos foram presos e decapitados, e as mulheres forçadas a se converterem ao Islã e levadas como ‘esposas’ pelos terroristas. O Boko Haram não se limitou a perseguir cristãos. Tem atacado também o estabelecimento muçulmano, e provavelmente esteve por trás do ataque sobre a Grande Mesquita em Kano.
Seria difícil encontrar um precedente na história recente para essa onda de caos e barbárie que está crescendo.
A violência religiosa sectária na República Centro Africana tem levado à destruição de quase todas as suas mesquitas. Em Burma, 140.000 muçulmanos Rohingya e 100.000 cristãos Kachin foram forçados a fugir. Não admira que o relatório de 2015 da Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional fale de “crises humanitárias alimentadas por ondas de terror, intimidação e violência.”
Os países onde a crise é aguda incluem Burma, China, Eritréia, Irã, Coréia do Norte, Arábia Saudita, Sudão, Turcomenistão, Nigéria, República Centro-Africana, Egito, Iraque, Paquistão, Tajiquistão e Vietnã. Somente na Síria, onde estão ocorrendo alguns dos piores crimes contra a humanidade, 6,5 milhões de pessoas estão internamente deslocadas enquanto 3,3 milhões se tornaram refugiados em outras partes.
A violência não está confinada a esses locais. Como ficou claro no recente ataque terrorista em Paris no qual 130 pessoas foram assassinadas, a globalização significa que o conflito em qualquer lugar pode ser exportado para toda parte. Seria difícil encontrar um precedente na história recente para essa onda de caos e barbárie que está crescendo. O final da Guerra Fria acabou se tornando não o início de uma era de paz mas sim uma era de proliferação tribal, de embates étnicos e religiosos. Região após região tem sido reduzida ao que Thomas Hobbes chamou de “a guerra de todo homem contra todo homem”, na qual a vida se torna “solitária, pobre, difícil, brutal e curta.”
Existe um caminho?
Há mais de meio século, o filósofo de Oxford, John Plamenatz, declarou que a liberdade religiosa nasceu na Europa no décimo sétimo século após uma série devastadora de guerras religiosas. Tudo o que foi preciso foi uma só mudança, da crença de que “Fé é a coisa mais importante; portanto todos deveriam honrar a única fé verdadeira”, para a crença de que “Fé é a coisa mais importante; portanto cada um deveria ser livre para honrar sua própria fé.”
Chanucá nos lembra de que as pessoas irão sempre lutar pela liberdade religiosa, e a tentativa de privá-las disso sempre terminará em fracasso.
Isso significava que pessoas de todas as fés estavam garantidas de que qualquer que fosse a religião dominante, ele ou ela deveriam ser livres para obedecer ao próprio chamado de consciência. A surpreendente conclusão de Plamenatz foi que “Liberdade de consciência nasceu, não da indiferença, não do ceticismo, não da mera mente aberta, mas da fé.” O próprio fato de que minha religião é importante para mim permite-me entender que a sua religião, um pouco diferente, é não menos importante para você.
Foi preciso muito derramamento de sangue antes que as pessoas estivessem preparadas para reconhecer essa verdade simples, e é por isso que jamais devemos esquecer as lições do passado se quisermos evitar repetir os erros.
Chanucá nos lembra de que as pessoas irão sempre lutar pela liberdade religiosa, e a tentativa de privá-las disso sempre terminará em fracasso.
O símbolo de Chanucá é a menorá que acendemos durante oito dias em memória do candelabro do Templo, purificado e rededicado pelos Macabeus há muitos séculos. A fé é como uma chama. Se bem cuidada, fornece luz e calor, mas se deixada sem cuidado, pode queimar e destruir.
Precisamos, no século 21, de um Chanucá global; uma festa de liberdade para todas as fés do mundo. Pois embora minha fé não seja a sua e a sua não seja a minha, se cada um de nós for livre para acender a própria chama, juntos podemos banir parte da escuridão do mundo.

A mensagem  de liberdade religiosaJONATHAN HENRY SACKS, Barão Sacks, Kt (nascido em 08 março de 1948), título que lhe foi concedido pela Rainha da Inglaterra, é um rabino e estudioso do judaísmo. Ele foi o Rabino-Chefe das Congregações Hebraicas Unidas da Commonwealth, Londres. Seu nome hebraico é Yaakov Zvi. É fundador e diretor do Meaningful Life Center (Centro para uma Vida Significativa).
Fonte: www.pt.chabad.org
Chabad.org em português – Torá, judaísmo e informações …
www.pt.chabad.org
Qual é a lei no que tange a livros sagrados, revistas e folhetos que tratam de assuntos da Torá, que foram impressos e não escritos a mão…

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