
Nos vídeos, é possível ver entrar no hospital um grande grupo de homens vestindo lenços tradicionais palestinos e barbas falsas, além de outros fantasiados de mulheres, inclusive de uma grávida. Depois, eles arrastam pelos corredores um homem, que aparenta ser o suspeito, em uma cadeira de rodas.
Segundo as autoridades de saúde palestinas, o homem detido é Azzam Shalaldeh. Ele recebia tratamento para ferimentos de bala quando foi algemado e levado pelos soldados. Seu irmão, Bilal, estava no quarto e foi algemado junto ao leito. Outro parente dele, Abdallah, teria sido baleado e morto pelos soldados ao sair do banheiro do quarto de cirurgia. “Isto é um crime declarado”, disse Jihad Shawar, diretor do hospital. “Ninguém deve violar hospitais, mas Israel o fez”, declarou.
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Agente secreto vestido de mulher grávida na cadeira |
De acordo com o Exército israelense, o homem detido tem cerca de 20 anos e foi baleado ao tentar esfaquear um colono judeu, há algumas semanas. Ele viria de uma família de “membros conhecidos do Hamas”, grupo islamita que controla a faixa de Gaza. Os militares confirmaram ter atirado contra um outro homem que teria reagido à operação, mas não deram detalhes sobre seu estado de saúde.
O ministro da saúde palestino, Jawad Awad, acusou os soldados de “executar” Abdallah. “A comunidade internacional deve intervir para proteger nosso povo da máquina de matar israelense”, afirmou. O Shin Bet, serviço de segurança israelense, disse em comunicado após a operação que “não permitirá que elementos terroristas se escondam em nenhum lugar de refúgio”.
Israel realiza frequentes operações com soldados disfarçados na Cisjordânia ocupada. No mês de outubro, também foi feita uma invasão contra outro hospital para deter um suspeito.
Hebron é uma das cidades mais antigas do mundo e reúne alguns dos locais mais sagrados para os seguidores do judaísmo.
Desde os anos 2000, a cidade se encontra dividida entre palestinos e colonos israelenses e, por isso, tem sido um dos principais focos da recente onda de violência em Israel e nos territórios palestinos ocupados. Desde outubro, morreram na região ao menos 12 israelenses e 76 palestinos, incluindo 44 agressores.