Decisão de Israel de criminalizar grupos islâmicos produz muitas reações favoráveis
Texto: Michael Buchner / Fonte: TPS / Tradução: Graziela Dreilich / Foto: Hillel Maeir
Jerusalem (TPS) - O Gabinete de Segurança de Israel, presidido pelo primeiro ministro Benjamin Netanyahu, decidiu criminalizar o braço norte do Movimento Islâmico em Israel. A ação produziu várias respostas de todo o espectro político em Israel, sendo a maioria delas de apoio, exceto as dos grupos árabes e muçulmanos, que se opuseram.
O braço norte do Movimento Islâmico é chefiado pelo xeque Raed Salah, que foi recentemente sentenciado a 11 meses de prisão por incitação ao ódio. O grupo nega o direito de Israel de existir, pede a substituição do país por um califado islâmico e não reconhece as instituições do governo.
"Israel deve liderar a batalha global contra o radicalismo islâmico, que tem ceifado vidas de inocentes em Paris, Nova Iorque, Madri e Israel," disse Gilad Erdan, o Ministro de Segurança Pública. "O Movimento Islâmico, Hamas, ISIS e outras organizações têm em comum uma ideologia que apoia ataques terroristas por todo o mundo e em Israel", considerou.
A organização tem conduzido uma campanha por pelo menos 20 anos, clamando que "Al Aqsa está em perigo", uma acusação de um século sobre a suposta intenção de Israel de destruir a mesquita Al Aqsa, no Monte do Templo. Um evento sobre essa questão é realizado anualmente em setembro, causando um aumento recorrente das tensões e dos ataques terroristas após esse período.
"Desde que o xeque Salah começou essa movimentação, milhões de muçulmanos de todo o mundo têm citado isso como mantra, sem sequer conhecer a Al Aqsa e sem saber realmente o que está acontecendo por aqui," reclamou Ksenia Svetlova, da ala esquerda da União Sionista. "Se existisse um Prêmio Nobel para incitadores, Salah seria certamente um forte candidato", ironizou.
"Esta é uma boa decisão, e não entendemos por que os governos israelenses demoraram tanto para compreender que a incitação ao ódio realmente mata," acrescentou Svetlova. "Simultaneamente, precisamos investir em educação no setor árabe e reforçar as vozes moderadas. Árabes israelenses são parte do país e apenas por meio de trabalho duro seremos capazes de superar os extremistas", concluiu.
Ayman Odeh, chefe do partido "Lista Árabe Conjunta", se opôs à decisão: "Netanyahu continua a tentar piorar a situação. Esta decisão é estratégica e o momento escolhido para tomá-la nos mostra que ele quer tornar tudo isto um conflito religioso. Esta é uma perseguição política anti-democrática, que é parte da campanha de deslegitimização promovida pelo governo de Israel contra a comunidade árabe do país."
Yousef Jabareen, companheiro de Odeh no partido, acrescentou: "Esta é uma violação grave do direito nacional das minorias de liberdade religiosa. Líderes árabes em Israel estão unidos para condenar essa ação e alertar sobre suas consequências. Começaremos protestos e procuraremos instituições internacionais para defender nossos direitos."
"Esta ação não é direcionada contra o público árabe e muçulmano de Israel, pois esses, em sua grande maioria, respeitam as leis do país e rejeitam incitação e terrorismo," esclareceu o escritório do Primeiro Ministro. "Em vez disso, é direcionada contra elementos que promovem e apoiam incitação e atividade racista, que minam a estabilidade da região e causam prejuízos a vidas de inocentes."