O neuropsicofarmacologista israelense Gal Yadid, da Universidade Bar Ilan, assegurou que consegue “apagar” a memória da dependência. Segundo ele, trata-se de um mecanismo de aprendizado e memória, que se assemelha ao transtorno do estresse pós-traumático.
O método, chamado de “A incubação do desejo”, identifica as alterações sofridas pelo DNA durante a abstinência de drogas e reprograma os genes. Testes bem sucedidos já foram realizados em ratos viciados em cocaína. “Nós rastreamos todo o genoma e descobrimos duas coisas: a primeira é que, contrariando a lógica, durante o consumo de drogas poucos genes são alterados no cérebro. E a segunda é que, quando o dependente está em remissão, milhares de genes são alterados epigeneticamente”. Estas alterações não são herdadas das famílias, ocorrendo como resultado de fatores ambientais externos, como exposição a um trauma ou o ritual de tomar uma droga. Isso explica porque em muitos casos os métodos de substituição de drogas e a terapia de recompensa não funcionam.
“Nós vimos que não eram apenas um ou dois genes que tinham sido alterados, era um cluster de genes que teve seu DNA modificado durante o período de remissão da droga. Isso significa que nós teríamos que administrar diversas drogas para conseguir reverter as alterações,” afirma ele. “Por que não reiniciar o sistema?” Após diversos ensaios em ratos viciados em cocaína, o especialista descobriu a dosagem correta de drogas demetilantes que poderiam eliminar a memória da drogadição. “A beleza de um tratamento agudo, robusto e direcionado é que você não altera todos os genes do cérebro; você apenas altera os genes que passaram por alterações epigenéticas significativas. Esses genes são resetados imediatamente quando eles encontram a droga em um momento bastante específico e de acordo com um gatilho particular, pois nós estamos reprogramando os genes no pico da fissura”, explica. Este ano, Yadid apresentará os resultados do estudo para avaliação de seus colegas na “Conferência Anual da Sociedade para Neurociência”.