
Este pilar do pensamento sionista serve de ponto de partida para o drama dirigido pelo jovem cineasta Elie Wajeman. A questão, no entanto, não diz respeito à história da diáspora, ou à honra religiosa, e sim ao sentimento de pertencimento e de busca de raízes – algo que poderia ser, de certo modo, universal.
O personagem principal desta história, o francês Alex (Pio Marmaï), vem de uma família judaica tradicional, mas nunca teve grande apego às origens. Órfão de mãe, afastado do pai, sem esposa ou namorada, com poucos amigos e sem emprego, ele passeia por Paris em busca de pequenos bicos, ligados principalmente à venda de drogas. Quando descobre a possibilidade de retornar a Israel para trabalhar em um pequeno restaurante, aceita a oferta. A “aliyah”, no caso, torna-se irônica: Alex é um dos raros judeus a retornar por razões puramente financeiras, sem qualquer tipo de orgulho étnico ou vocação religiosa.

Com o formato de tela bem retangular privilegiando os espaços e os enquadramentos destacando os rostos, a direção prefere o humanismo ao estetismo, observando todos os seus personagens sem julgamentos. Aliado ao ritmo ágil e às elipses bem dosadas, Aliyah é tecnicamente impecável, mostrando um domínio do espaço-tempo surpreendente para um diretor estreante.
O elenco contribui à impressão de brutalidade do filme. Pio Marmaï empresta a sua expressão vaga às indecisões de Alex e Cédric Kahn contrasta o olhar lacrimoso com os gestos violentos, enquanto as atrizes Adèle Haenel e Sarah Le Picard aproveitam os diálogos abruptos para criar um panorama de mulheres fortes e bem decididas. O filme apresenta personagens imprevisíveis, inconsequentes, mais focados na ação do que na reflexão. Ao evitar toda psicologia e delicadeza, o roteiro foge dos clichês do gênero (a redenção pelo amor, a descoberta da fé religiosa, a lamentação da dor histórica do povo judeu) para compor um mosaico socioeconômico potente das classes desfavorecidas e dos povos minoritários na Europa.

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Quero dar os parabéns a todos os responsáveispoe este trabalho.
ResponderExcluirGratos Merí Paula. Seja bem vinda sempre.
Excluir"Alex é um dos RAROS judeus a retornar por razões puramente financeiras, sem qualquer tipo de orgulho étnico ou vocação religiosa".
ResponderExcluirMeu caro, quem escreveu isto é um alienado mental. Quem faz alyah, geralmente é isto mesmo: gente com problemas financeiros e sem qualquer tipo de orgulho étnico ou vocação religiosa.
Eu é que fui um oleh chadash RARO: com vontade de estudar, de trabalhar, de viver em Eretz, com orgulho das minhas raízes.
No mercaz klitá, me colocaram para dividir apartamento com um sujeito parecido com o personagem desse filme.
Procure uma terapia, enquanto é tempo. Pelo visto, você não sabe nada de Israel.