DUBAI/TEERÃ — Apesar de seu caráter de Estado laico, a Turquia baniu nesta quarta-feira páginas na internet que reproduzam a capa da nova edição do jornal “Charlie Hebdo”, alvo de ataque terrorista há uma semana. A notícia foi adiantada pela agência nacional Anadolu.
Em outro episódio de tensões por conta da nova edição, o grupo Estado Islâmico considerou a publicação um ato “extremamente estúpido”. O Irã, por sua vez, classificou-a de “provocativa” e disse que a caricatura da capa, que mostra Maomé chorando, é um insulto ao Islã e ao profeta.
No Twitter, o vice-primeiro-ministro turco, Yalcin Yakdogan, afirmou que “aqueles que publicam imagens do nosso profeta são os que descartam o sagrado. Isto é sedição aberta e provocação”.
Em comunicado, a rádio al-Bayan, do Estado Islâmico, destacou que o “Charlie Hebdo“ novamente publicou cartuns insultando o profeta, e isto é um "ato extremamente estúpido",
Do Irã, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Marzieh Afjam disse que a publicação de outra charge do profeta “provoca sentimentos muçulmanos em todo o mundo”.
Sobreviventes do atentado produziram a nova edição do jornal que, devido à alta demanda, teve de ampliar a tiragem inicial de três para cinco milhões de cópias — cifra muito superior às 60 mil habituais.
O Irã condenou veementemente o ataque de dois homens armados e mascarados que matou 12 pessoas, incluindo a maior parte da equipe de funcionários do jornal e dois policiais. Afjam disse que o ataque na semana passada contra o semanário satírico francês era contrário aos ensinamentos do Islã, mas acrescentou que a última charge também é um insulto à religião.
O primeiro exemplar do jornal satírico foi cercado de polêmica em comunidades muçulmanas. A capa, em que o profeta Maomé — cuja representação é proibida pelo Islã — aparece às lágrimas, segurando um cartaz “Eu sou Charlie” sob o título “Tudo está perdoado”, provocou protestos e mesmo a ira de muçulmanos, na França e no mundo.
O presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), Dalil Boubakeur, também reitor da Grande Mesquita de Paris, pregou moderação. “Apelo à comunidade muçulmana da França a manter a calma, evitando reações emotivas ou despropositadas, incompatíveis com sua dignidade e reserva, ao mesmo tempo respeitando a liberdade de opinião”, informou em comunicado.