O 15.º Festival de Música Al-Mutamid, que anualmente homenageia o rei-poeta Al-Mutamid, vai decorrer entre 23 de janeiro e 6 de março deste ano, nos concelhos algarvios de Lagoa, Loulé, Silves, Olhão e Lagos.
Este festival pioneiro em Portugal, por ser itinerante e por ter uma programação assente fundamentalmente na música medieval das três culturas monoteístas do Mediterrâneo (medieval cristã, judaica-sefardita e muçulmana), “conseguiu fidelizar um público ávido deste género musical”, refere a organização.
Ao longo de 14 anos, foram apresentados mais de 40 espetáculos que transportaram o público à sensualidade sonora que durante séculos inundou bazares, medinas, castelos e palácios do Mediterrâneo e Médio Oriente.
Em 2015, o Festival de Música al-Mutamid vai apresentar seis espetáculos em diferentes lugares do Algarve.
Nos dias 23 e 24 de Janeiro, respetivamente, o auditório municipal de Lagoa e o Cine-Teatro Louletano, em Loulé, recebem o espetáculo dos Media Luna, um grupo formado por músicos de Marrocos e Espanha que interpretam música al-âla e flamenco.
A música andalusí, ou al-âla, nasceu em Córdoba no século IX, como um testemunho mais do profundo diálogo entre o sul de Espanha e o mundo árabe e norte de África.
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Música judaica-sefardita |
O grupo Media Luna consegue uma simbiose entre a música al-âla com o flamenco como máximo expoente da música andaluza, combinando novos elementos sem perder a profundidade e espiritualidade de ambas culturas.
No dia 7 de fevereiro, o auditório municipal de Olhão será o cenário para uma estreia em Portugal, com a atuação dos Alturaz al Andalusí, grupo sírio que tem como diretor artístico o cantor Mahmoud Fares, especializado na música andalusí Inshad e al Tarab do estilo alepino (Alepo - Síria).
Neste projeto, destacam-se também o maestro de percussões orientais, Salah Sabbagh, que domina as mais variadas percussões do mundo árabe, e o bailarino Mohamed Babli que aprendeu o giro derviche (Maulawiya) com os grandes maestros da dança sufí de Alepo.
No dia 14 de fevereiro, o Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves, acolhe o grupo espanhol Milo Ke Mandarini («Maçã e Mandarina», em grego). Trata-se de um projeto musical baseado nas músicas tradicionais sefarditas e medievais do Mediterrâneo.
Este grupo é formado por Isabel Martin, cantora especializada em técnicas de canto búlgaro e turco, e pelo multinstrumentista Carlos Ramirez. Em 2008, gravaram o seu primeiro CD dedicado à música judaica-sefardita.
O festival prossegue no dia 21 de fevereiro, no Convento São José, em Lagoa, com o espetáculo dos Aquitania, formado por músicos de Marrocos e Espanha.
Esta formação, composta por músicos com uma ampla experiência na música antiga, interpreta um repertório dedicado à música medieval das três culturas com instrumentos musicais repletos de história e de uma enorme beleza plástica e sonora.
O 15.º Festival de Música al-Mutamid encerra no dia 6 de março, no centro cultural de Lagos, com mais uma atuação do grupo sírio Alturaz al Andalusí.