Acusado de ataque ao Museu Judeu de Bruxelas se nega a ser entregue à Bélgica
Mandato válido para toda a União Europeia foi expedido, mas, por ser francês, Mehdi Nemmouche quer ser julgado no país natal.
Mehdi Nemmouche, o francês suspeito de ser o autor do ataque no Museu Judeu de Bruxelas, se negou nesta quarta-feira (04/06) a ser entregue à Bélgica, país que emitiu um euromandato pedindo sua extradição.
O advogado de Nemmouche, Apolin Pepiezep, informou à BFM TV que seu cliente rejeitou, perante o Tribunal de Apelação de Versalhes, aceitar o mandato europeu de detenção da Bélgica, o que deve prolongar o procedimento para sua eventual entrega ao país vizinho.
Pepiezep explicou sua recusa ao processo belga porque, como francês, quer ser julgado em seu país e porque alguns dos fatos que atribuem a ele, como o transporte de armas, aconteceram na França.
"Não há qualquer prova que Mehdi Nemmouche seja o autor do massacre de Bruxelas", ressaltou o advogado, antes de acrescentar que "o único que podem atribuir a ele é a posse de armas".
Nemmouche, de 29 anos, foi detido com um revólver e um fuzil automático na sexta-feira (30/05) passada em Marselha em um controle de alfândegas que buscava drogas. Ele chegava a esta cidade do sudeste da França em um ônibus que tinha feito escala em Bruxelas.
De Marselha, ele foi enviado para ser interrogado na sede dos serviços secretos da polícia francesa, nos arredores de Paris, de onde foi levado no fim da manhã de hoje para ser apresentado perante o Tribunal de Apelação de Versalhes.
Um juiz francês ditou sua entrada na prisão de Bois-d'Arcy, e amanhã ele comparecerá perante a sala de acusação do mesmo tribunal, que deve proceder ao exame do euro-mandato.
Pepiezep antecipou que se a sala de acusação - que pode realizar várias audiências antes de opinar - der sinal verde à solicitação belga, eles recorrerão perante a Corte Suprema, que terá 40 dias para se pronunciar.

Ele é considerado o suposto autor do tiroteio do Museu Judeu de Bruxelas em 24 de maio, no qual morreram três pessoas e uma quarta ficou gravemente ferida e segue entre a vida e a morte.
Criminoso reincidente, ele estava fichado há anos pelos serviços secretos franceses porque em suas passagens pela prisão tinha se constatado ser um radical religioso. Em 2012, Nemmouche saiu da França rumo à Síria, onde se acredita que esteve envolvido durante mais de um ano com grupos jihadistas que combatem Bashar al-Assad, concretamente no Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
Em março deste ano, graças a um controle de passaportes na Alemanha, ele voltou a ser detectado na Europa, mas desde então seu rastro havia sido perdido até o massacre de Bruxelas.
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