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Êxodo na era moderna: a notável história das comunidades judaicas emergentes de El Salvador

Comunidades judaicas emergentes de El Salvador
Por Brian Blum
29/04/2014

Todas as tardes de sexta-feira, um êxodo extraordinário da era moderna, acontece em San Salvador. Entre 50 e 60 pessoas percorrem seu caminho de ônibus ou carro (nunca caminhando pois é muito perigoso!) para a Beit Israel, a sinagoga na capital de El Salvador. Trazem consigo uma variedade de lanches, refeições e sobremesas, além das mudas de roupas para o fim de semana.

Quando chegam, colocam a comida na chapa quente, que está ligada a relógios especiais e extendem colchões no chão para se preparar para o fim de semana na única sinagoga que possui a comunidade de San Salvador. Eles comem juntos, rezam juntos e construíram uma comunidade extraordinariamente coesa em poucos anos. Acrescente a isso, a primeira micvê kosher do país, que, foi inaugurada no último Chanukah, dentro do complexo da Beit Israel.

A criação da única micvê de El Salvador, foi possível graças ao emissário da Shavei Israel enviado para lá em Maio de 2013, o Rabino Daniel Touitou. O Rabino Tuitou colaborou com seu conhecimento enquanto que a Shavei Israel ajudou financeiramente.

Eliyahu Franco, 28, presidente da Sinagoga Beit Israel em San Salvador e da Federação das Comunidades Judaicas Emergentes, esteve recentemente em Israel, juntamente com outros membros da comunidade, incluindo sua esposa Batia. Ele se sentou conosco da Shavei para contar todos os detalhes da vida judaica compartilhada em seu país.

A Beit Israel existe há cinco anos, mas apenas desde 2013, como uma sinagoga formal, explica Franco.

“Antes, nos reuníamos em pequenas casas. Agora temos tudo: um Sefer Torá, uma mechitzah, uma bimah. Ainda estamos alugando, mas é um contrato de longo prazo!”

Embora nunca seja fácil ser um judeu tão longe de uma grande comunidade judaica, El Salvador é extremamente amigável com os judeus, diz Franco. É comum ver uma Magen David ou uma menorah como elementos de design, em um letreiro de ônibus ou nos negócios. Além disso, Franco usa seu solidéu abertamente nas ruas “e as pessoas vêm até mim dizer que amam o povo judeu”.

Franco acredita que o carinho pode estar conectado com a história de El Salvador: entre 30.000 e 50.000 judeus húngaros foram salvos da Shoah na operação conhecida como “A Ação de El Salvador”. Em 1942, o coronel José Arturo Castellanos, cônsul de El Salvador em Gênova, emitiu milhares de “certificados de cidadanias” para distribuir entre os judeus húngaros, permitindo-lhes escapar dos nazistas. El Salvador foi o único país durante a Segunda Guerra Mundial, que emitiu passaportes a judeus.

Embora muitos dos judeus que foram salvos durante a Shoah já deixaram El Salvador ou foram assimilados, ainda há um sentimento muito positivo em relação a eles no país, diz Franco.

Franco, como muitos dos Bnei Anussim, tem apenas fragmentos de ligação às raízes judaicas: o seu nome é conhecido como um nome sefaradita (que significa “francês”), e a certidão de nascimento de seu avô figura “ladino” no campo étnico. Os moradores do local aonde seu avô viveu, só se casavam com os outros membros da comunidade e o nome do povoado mudou para Jerusalém, em 1800.

Franco sugere que a localização da aldeia localizada perto de um rio, pode ter sido para que as pessoas pudessem ter acesso a um micvê, e desta maneira, celebrar a abertura do primeiro micvê kosher em El Salvador é muito mais comovente.

A esposa de Franco, Batya, explicou que os membros da comunidade já cuidam, há tempos, da pureza familiar de acordo com as leis, o que requer o uso de um micvê, uma vez por mês. “Nós usávamos um lago ou o oceano, mas às vezes era muito assustador ou muito difícil”, diz ela. “Nós pensamos em construir um micvê durante muitos anos, mas, embora tivessemos o lugar, não sabiamos como fazê-lo – da onde trazer a água, qual a porcentagem de águas pluviais necessária e etc”.

A abertura da micvê em dezembro foi uma oportunidade para que toda a comunidade se reúna para comemorar. “Como foi Chanukah, nós tivemos um monte de frituras para celebrar a festa”, nos conta Talia “além de um castelo inflável para as crianças, pintura de rosto, dreidels, um torneio de futebol e música em hebraico. 200 pessoas vieram ao evento, inclusive o embaixador israelense em El Salvador, Shmulik Bass. Houve discursos, acendimento das velas e o embaixador realizou a cerimônia de cortar a corda da entrada do micvê” . O micvê é chamado de Taharat Israel, que significa “A pureza de Israel”.

Agora, com o micvê pronto, o Rabino Tuitou tem ajudado a comunidade a obter comida kosher. Com a ajuda de um emissário da Shavei, um shochet para abater da maneira kosher os animais, foi treinado na Armênia, uma outra comunidade judaica emergente, e agora a comunidade de El Salvador tem acesso a galinha kosher ( “embora ainda não carne”, lamenta Talia).

Os três membros da Beit Israel que visitaram Israel, juntamente com Franco, colocaram a falta em dia, visitando quanto mais possíveis restaurantes kosher, em sua breve visita de duas semanas, enquanto que absorviam tudo o que o Estado Judeu tinha para oferecer. Duas delas, Sofi, 23, estudante de comunicação, e Veronica, 35, que trabalha em relações públicas, têm a esperança de voltar a Jerusalém em um futuro próximo para estudar em uma midrasha. Yael, 37 anos, professora, não tem certeza de que possa fazer a viagem, mas espera que seu filho de 11 anos possa ir a uma yeshiva, algum dia.

Enquanto isso, os cinco retornaram a El Salvador com as baterias totalmente carregadas e prontos para liderar uma das mais surpreendentes jovens e prósperas comunidades judaicas na América Central.

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