As pessoas solteiras precisam visualizar como querem que seja seu
casamento, com idéias sobre comoconcretizar isso. Se pensarem também com o que
contribuirão, podem trabalhar a idéia de como se tornar o tipo certo de cônjuge
e imaginar que tipo de parceiro lhes completaria. É importante para os
solteiros pensarem sobre o que trarão para seu casamento pois, quem somos
no casamento é tão importante quanto quem escolhemos para nos casar.
A maioria das pessoas tem que batalhar para fazer as coisas certas ,
para que seu casamento dê certo.
As pessoas frequentemente têm a idéia errada de que bons
casamentos simplesmente acontecem. Elas não percebem que da mesma maneira
que o sucesso acadêmico é uma combinação de habilidades, conhecimento e
trabalho duro, assim é o sucesso nas relações pessoais . Há um número pequeno
de casais para os quais a relação vem facilmente, mas a maioria das pessoas têm
que trabalhar duro para fazer as coisas certas, para que seus casamentos dêem
certo. Este trabalho começa adotando a atitude de que o casamento é crescer e
contribuir para o crescimento de seu cônjuge, não estando totalmente acomodados
com o modo com que somos e vivemos. Também exige que nós sejamos doadores e não
principalmente receptadores.
Algumas pessoas com a auto-estima baixa ou que são muito egocêntricas
esperam encontrar um companheiro que os fará feliz. Eles podem sonhar com um
companheiro que é bonito, rico, ou que pode magicamente adivinhar todos os seus
desejos e levar todas as mágoas que eles já tiveram. Tais pessoas precisam
trabalhar nelas mesmas, freqüentemente com ajuda de psicoterapia, porque achar
um companheiro raramente fará com que se sintam melhores até que, antes de
mais nada, se sintam bem e felizes com eles mesmos. É necessário deixar o papel
infantil de esperar que a vida lhes ofereça um auto-cuidado e começar a dar de
si mesmos para os outros.
Normalmente quem não se sente bem em relação a si mesmo quer sempre
ter a certeza de que é adorável e de que vale a pena, e fica chateado se vê que
não possui isso. Esperam um companheiro que seja sempre afetuoso, feliz, e não
crítico. Isto é duro para a maioria dos companheiros, e não é o que se deve
esperar de um parceiro. Ao invés disso, as pessoas inseguras deveriam fazer
tudo o que for necessário para parecer menos dependente da avaliação positiva
dos outros. Isso pode exigir psicoterapia, uma mudança de trabalho, ou
apreciar aspectos deles mesmos que até aquele tempo não valorizavam.
As pessoas confundem necessidades com vontades. As pessoas necessitadas
acreditam que os outros devem cuidar delas, e assim não precisam cuidar delas
mesmas além do necessário. Seus companheiros acham esta dependência exaustiva.
É agradável dar amor e elogiar livremente, mas quem os deseja
constantemente ordenados ou esperados?
Nós não precisamos do casamento para nos dar mais valor ou para
encontrar sentido em nossas vidas.
As pessoas infelizes que esperam circunstâncias ou outras pessoas para
fazerem-nas se sentirem melhores, geralmente ficam desapontadas. Nada externo
pode desfazer anos de privação sentimental. Se nós não pudermos nos fazer
felizes, ninguém mais poderá fazer isso. O casamento não pode prover todas as
nossas necessidades sentimentais, a menos que estas sejam poucas. Ninguém deve
esperar que a outra pessoa dedique sua vida para lhes fazer feliz . Mesmo
quando as pessoas prometem isso durante o namoro, não é uma expectativa
realista. Tais promessas raramente se estendem além do início de algumas
semanas de casamento.
Apesar do que os romances e as novelas sugerem, o casamento não resolve
problemas sentimentais, mas, freqüentemente se adiciona a eles. Por isso
devemos primeiro nos esforçar para sermos a pessoa certa antes de tentarmos
casar com a "pessoa certa".
O Talmud diz que um homem não pode se casar com uma mulher que não achou
atraente porque ele violará a obrigação de "Ame seu vizinho como a você
mesmo." Ainda assim, os solteiros não devem se apoiar nos padrões dos
outros, mais altos do que os deles mesmos, especialmente em termos de caráter
ou aparência. Enquanto as pessoas freqüentemente pensam que merecem alguém que
possua todas as qualidades de sua lista de desejos, esta pessoa pode não querer
mudar certas características suas.
Quem procura um companheiro a sério para se casar, deve tirar o maior
proveito de sua aparência. Não deve ficar sem se cuidar, sem
atrativos, pensando que sua alma gêmea vai lhe aceitar como é, a menos
que realmente não queira achar um companheiro apropriado.
Expectativas egocêntricas
Em nossa sociedade egocêntrica, as pessoas
freqüentemente se casam porque esperam receber mais de seu companheiro do
que se deram quando solteiros. Mas se ambos só querem receber, em vez de dar,
seu amor morrerá de desnutrição.
As crianças usam pessoas como objetos. Elas acreditam que as pessoas e o
mundo existem só para fazê-las felizes. Conforme ficamos mais velhos, devemos
nos tornar tão parecidos com D´s quanto possível. Uma das maneiras de fazer
isto é imitando as qualidades Dele de compaixão e de "dar".
Depois que D'us criou a primeira pessoa, proclamou:
"Então um homem deve deixar seu pai e sua mãe, e partir até sua esposa, e
eles devem ser como uma só carne." (Gênesis 2:24)
Partindo do principio de que Adão e Eva não tiveram pais, este
verso implica que a relação entre o pai e a criança é única, à medida que os
pais dão sem restrição e as crianças recebem. As pessoas têm que inverter esta
mentalidade diante do casamento, sendo doadores e não simplesmente
receptadores. Isto significa entender a necessidade do outro e tentar prover o
que for possível. Exigindo de nós ouvir com sensibilidade e tentar dar ao nosso
companheiro o que ele ou ela precisa, anulando nossa própria satisfação.
Algumas pessoas não preenchem as necessidades de seu companheiro porque
pensam que este tem as mesmas necessidades e sentimentos que de si próprias. Em
vez de fazermos somente o que nos agrada, devemos aprender o que um companheiro
quer, e tentar oferecer a ele. Alguém, cujos presentes e esforços estão
raramente sendo apreciados ,não pode dar a um companheiro o que ele ou ela
realmente quer. Uma boa comunicação, paciência e vontade para reconhecer as
diferenças são necessárias para saber qual o verdadeiro desejo do outro.
Pessoas com casamentos bem sucedidos percebem que, não importa o quanto eles
têm em comum um com o outro, sempre existirá diferenças. Seu companheiro não é
como eles. É normal e saudável para duas pessoas ter diferentes gostos e desgostos,
estilos de se comunicar, interesses e metas, modos de pensar, e necessidades
sentimentais. Aceitando a validade de suas diferenças, elas podem focalizar no
que têm em comum e apreciar o que amam no outro. Eles podem usar suas
diferenças para enriquecer a união, em vez de se sentirem ameaçados pelo fato
de que não são iguais.
Apreciar as diferenças
Todo mundo quer ser apreciado, se sentir
único e especial. Fazemos as pessoas se sentirem deste modo pedindo a elas para
compartilharem memórias, experiências, sentimentos e idéias conosco, assim
mostramos que nós os estimamos.
Fazemos isto mais facilmente quando acreditamos na singularidade do outro, e
esta singularidade, por sua vez, enriquece nossas vidas e nos permite ficar
mais perto destas pessoas.
Em vez de fazer com que a pessoa se ajuste a você, podemos aprender com
ela e apreciar a maneira como ele/ela são, ou seja, por quem são.
As mulheres se casam com homens que esperam mudar. Os homens se casam
com mulheres pensando que elas não mudarão, e aceitarão os homens como eles
são. Eles freqüentemente acabam num pé-de-guerra onde as mulheres tentam
transformar os homens em parceiros que eles nunca serão.
É duro aceitar um companheiro se nós não nos sentirmos seguros sobre nós
mesmos, porque diferenças simbolizam separação e incompatibilidade para muitas
pessoas. As pessoas inseguras são as que mais se sentem ameaçadas pelas
diferenças, e é mais difícil estar perto de um companheiro que é diferente. Uma
mulher segura pode amar o fato de que seu marido adora ler matemática, embora
ela odeie. Quando ele fizer o que o faz feliz, ela fica feliz. Eles podem
concordar em discordar sobre a política se eles tiverem outras filosofias e
causas que defendem. Suas diferenças levam a conversações interessantes, pois
eles aprendem um do outro e dividem diversos pontos de vista.
Uma mulher insegura se sente ameaçada pelas diferenças pois quer
compartilhar "tudo" com seu marido. Ela se sente inadequada quando vê
que os outros apreciam uma parte dele que ela não consegue apreciar. Ela também
se preocupa com o fato dele parar de gostar dela, e se encontrar com mulheres
que podem discutir tópicos com ele que ela não entende ou aprecia.
Igualmente, alguns homens apreciam o sucesso da carreira da esposa
porque isto os alivia de seu fardo econômico. Eles ficam contentes quando suas
esposas acham o trabalho satisfatório, o que faz com que a mulher fique mais
feliz e mais interessante. Já os homens inseguros têm medo de mulheres que têm
carreiras satisfatórias, temendo que, se eles se casarem, a esposa poderá parar
de gostar ou precisar deles, ou poderá encontrar homens que podem se tornar
rivais do marido. Alguns homens, deliberadamente, buscam esposas que são
limitadas e retraídas, a fim de conseguir mais atenção que suas esposas; suas
esposas sempre os admirarão.
O amor saudável se desenvolve pelo ato de contribuir para o crescimento
do companheiro, criar uma família juntos, e compartilhar idéias significativas,
memórias, experiências e metas. Quanto mais nós nos damos e nos comprometemos
numa relação, maior é o nosso amor é (Rabino Eliyahu Dessler, Michtav M
'eliyahu, Se esforce para Verdade, pp. 126-7). Por exemplo, uma mãe ama seu
bebê apesar do fato de que ele nunca cuida dela. Totalmente o oposto! Ele
chora, cospe em cima dela, suja suas fraldas, e não fala inteligivelmente. Ela
o ama por causa do que faz por ele, e não por causa do que ele dá a ela. Quanto
mais ela faz, mais ela ama.
Normalmente decidimos como nós nos sentimos sobre algo, olhando para o
que fazemos. Se investirmos muito em uma causa, assumimos que esta é muito
importante para a gente. Quanto mais fazemos, mais investimos em quem somos, e
nos sentimos mais comprometidos para fazer. Está é uma razão de por que o
Judaísmo nos exige fazer tantas coisas para servir a D'us. Quanto mais nós
fazemos para Ele, mais nós O amamos, e mais conectados a Ele nós nos sentimos.
O amor resulta do comprometimento de nós mesmos em gostar de um cônjuge.
Esta mesma idéia se aplica ao casamento. O amor resulta do
comprometimento e do amor pelo cônjuge. Quando nossas memórias estão repletas
de imagens do que fazemos pela pessoa amada, nossos corações seguem amando a
pessoa para quem nós tanto damos.
Podemos amar os outros principalmente por causa do que tiramos deles, ou
por causa do que damos. Quanto mais os companheiros dão um ao outro, mais forte
é a sua relação. As pessoas maduras conseguem ter prazer no
"trabalho" e nas responsabilidades do casamento de compartilhar e
contribuir. Elas não esperam ser reembolsadas, não contam vantagem do que
fizeram.
Infelizmente, muitas pessoas esperam um companheiro para curar feridas
sentimentais antigas e preencher o vazio da vida. Elas dão querendo de volta e
estão raramente satisfeitas com as respostas do companheiro, pois ninguém pode
levar embora tamanha dor e vazio da vida.
O amor saudável é construído pelo compartilhar de sentimentos e pela
comunicação clara e sensível do que se deseja, sem esperar um companheiro que
seja vidente. Em um bom casamento, pessoas negociam maturamente com a raiva e
outros sentimentos. Elas adiam sua satisfação em vez de deixar suas emoções
decidirem por elas. Delas derivam um prazer enorme de fazer um companheiro
feliz, e estão dispostas a pôr seus próprios desejos em espera quando for
necessário para a integridade da relação.
Algumas pessoas reclamam que isto faz o casamento soar como um trabalho
e nenhum jogo. "E a paixão e o romance?" elas desafiam. "Por que
toda essa conversa sobre dar? Os casais deveriam somente relaxar, se divertir,
e passarem um bom tempo juntos!"
Bons casamentos são realizados pelo trabalho duro: eles não acontecem
simplesmente. Enquanto a excitação e a paixão começam com "mágica," o
romance e o amor só continuam quando os casais trabalham sua relação. As
pessoas que não sabem como lidar com os aspectos ásperos do casamento não
poderão manter vivos os sentimentos amorosos.
Partindo do ponto de que a ajuda sustenta o amor, é importante se casar
com alguém que pode receber o que nós temos para dar. Desta maneira, até quando
os tempos forem ruins, pode-se ainda criar amor.
O história Bíblica de Yaacov e Rachel destaca este fato. Yaacov
concordou em trabalhar por sete anos para Rachel ser entregue em seu casamento
(Gênesis 29:18), e aqueles anos pareceram como só alguns dias para ele, pois
ele a amou muito afetuosamente (Ibid. 29:20).
Esperamos que um casal que está profundamente apaixonado se case o mais
breve possível. Todo dia separados parece como uma eternidade, de satisfação
atrasada. O tempo voou para Yaacov porque tudo que ele fez, foi por causa de
Rachel, não para seu próprio beneficio. Ele a amou tanto que suas próprias
necessidades nem lhe preocupavam em nada, e se dedicou a cuidar dela. Seu
prazer veio de fazer sua esposa feliz, muito mais do que se recompensar, então
não ficou frustrado de ter esperado anos para ela ser sua esposa.
Resumo
Quando Deus criou o primeiro homem, Ele
disse: "Não é bom para uma pessoa estar só." (Gênesis 2:18). O Zohar
diz, "Um homem não é chamado homem até que ele se una com uma mulher em
casamento" (em Gênesis 5:2). O verdadeiro ato de dar e de se realizar só
vem se contribuindo significativamente com um companheiro (e crianças) no
casamento. Alguém que se recusa a se casar, vive por e para ela mesma. Quando o
casamento é um trabalho de doação mutúa de amor, a união do casal é maior do
que a soma de suas partes (Kohelet Rabbah 4).
Quando amarmos alguém a fim de somente nos satisfazer, paramos de querer
a pessoa quando estivermos satisfeitos (Mishná Avot 5:19-20). Além de
que, degradamos as pessoas vendo-as como objetos que nos servem. O propósito
real do casamento é para nos habilitar a exercitar nossa imagem Divina e
ajudar o companheiro a fazer o mesmo. Os solteiros devem perguntar o que eles
esperam contribuir e receber de um cônjuge, e devem avaliar o quão realista é
esta expectativa. O próximo passo é trabalhar em se melhorar e se tornar o
tipo de pessoa que seu companheiro quererá. Finalmente, eles precisam se
preparar a fim de contribuir com o que companheiro esperará deles.
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