O prêmio Nobel de química elevou o orgulho nacional em Israel, mas
também causou preocupação sobre a fuga de cérebros de alguns de seus
melhores e mais brilhantes pesquisadores para universidades dos Estados
Unidos.
Dois dos três cientistas que ganharam o prêmio na quarta-feira têm
cidadania israelense, o que levou o primeiro-ministro de Israel,
Benjamin Netanyahu, a telefonar para ambos dando suas felicitações --à
longa distância.
Arieh Warshel, da Universidade de Southern California, e Michael
Levitt, da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, mudaram-se
anos atrás para os Estados Unidos depois que o trabalho científico em
Israel os tornou cidadãos norte-americanos.
Isso levou Israel, país de oito milhões de habitantes que já teve 12
cidadãos entre os ganhadores do Nobel, a refletir sobre aqueles que
foram morar no exterior: cientistas, médicos e outros acadêmicos que
optaram por viver em terras estrangeiras.
Um estudo divulgado esta semana mostrou que o problema é real, mesmo
em um país chamado de "nação start-up", onde o talento caseiro gerou
empresas de alta tecnologia inovadoras, algumas delas adquiridas por
líderes da indústria, como Apple e Google, por milhões de dólares.
O Centro de Estudos Sociais Taub, em Israel, descobriu que a taxa de
emigração de pesquisadores israelenses tornou-se a mais alta entre as
nações ocidentais.
Citando estatísticas de 2008, o centro disse que 29 acadêmicos
israelenses trabalham em universidades norte-americanas para cada 100
restantes em instituições israelenses de ensino superior.
O país que ficou em segundo lugar na lista, o Canadá, tinha um índice
de 11,5 pesquisadores nos Estados Unidos para cada 100 no próprio país.
"Em áreas como economia, finanças e marketing, as enormes diferenças
salariais aumentaram e, como resultado disso, mais e mais israelenses
que trabalham nesses campos decidiram não voltar para casa", disse o
estudo.
Daniel Hershkowitz, presidente da Universidade Bar-Ilan, perto de Tel
Aviv, disse que mais de um terço dos pesquisadores de ciência da
computação nas melhores universidades dos Estados Unidos são de Israel.
"Eu não vejo Israel capaz de competir com o que eles oferecem nos
Estados Unidos. Estamos falando de uma escala muito diferente", disse
Hershkowitz à Rádio Israel.
(Reportagem de Crispian Balmer e Ralph Boulton)