Os Judeus na História do Brasil

Os Judeus na História do Brasil

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Coisas Judaicas
Capa da edição original

No ano de 1927 chegou ao Rio de Janeiro o livreiro Uri Zwerling, judeu de origem polonesa. No contexto da ascensão dos regime  nazifascistas e da fundação da Ação Integralista Brasileira, na década de 1930, se agravaram as restrições à imigração de refugiados da Europa e cresceram as manifestações antissemitas. 

Em 1936, Gustavo Barroso traduziu “Os Protocolos dos Sábios do Sião”. Zwerling sentiu a necessidade de editar uma obra que apresentasse aos brasileiros a importância dos judeus na formação do País. Em 1936, após um trabalho de cinco anos, ele publicou “Os Judeus na Historia do Brasil”.



Este livro ganha uma reedição da Editora Outras Letras, com cinco novos textos, que será lançada no Rio de Janeiro, em 27 de setembro, às 17h30, na sinagoga da Associação Religiosa Israelita (ARI).

Zwerling contou com colaboradores de qualidade: Afrânio Peixoto, Agrippino Grieco, Arthur Ramos, Evaristo de Moraes, Gilberto Freyre, Rodolfo Garcia, Roquette Pinto, Solidonio Leite Filho e Paulo Prado. Apesar da divergência de linhas de pensamento entre os diversos autores, eles não hesitaram em colaborar.

Gilberto Freyre escreveu o artigo “Os Começos da Literatura Israelita na América”, no qual afirma: “...a Literatura Israelita na América parece que desabrochou no Recife. Pelo menos, afirmou-se aqui. Era talvez de judeus do Recife, aquele escrito, sobre questões litúrgicas, dirigidas ao Rabi Sahbathai, de Salônica, que Kohut considera ‘o primeiro vestígio de Literatura Judia na América’. No século XVII, sob o domínio holandês, o Recife esteve cheio de talmudistas e de poetas judeus, cheio de sefaradis ilustres: Aboab da Fonseca e Rafael de Aguillar, entre outros”. O texto de Freyre foi originariamente publicado no livro “Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife”, de 1934.

Paulo Prado escreveu “Christãos novos em Piratininga”. A maior parte dos artigos aborda o Brasil Colônia, alguns deles com base nos documentos das Visitações do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, então recém-publicados. Entre os assuntos: Inquisição, dispersão dos judeus brasileiros, talmudistas no Recife, judeus no Rio.

A obra foi editada poucos meses antes de Getúlio Vargas dissolver os partidos políticos e movimentos sociais e decretar seu governo autoritário, em novembro de 1937. Neste ano, Zwerling foi preso e fichado pela polícia. Em 1942, teve que comparecer outra vez à polícia, por causa de sua filiação à Biblioteca Israelita H. N. Bialik. A Polícia do Distrito Federal, chefiada por Filinto Muller, fichava aqueles que tivessem alguma ligação com associações religiosas.

A nova edição traz textos de Nachman Falbel – que traça um panorama da literatura sobre o antissemitismo; Paulo Geiger – que analisa o contexto da obra e fala do heroísmo de Zwerling em publicá-la; Semy Glanz – que trata de sua relação com Zwerling, o qual teve uma livraria na antiga Faculdade de Direito do Rio e entre seus clientes, Alzira Vargas, filha do presidente; Any Dana, historiadora que aborda a trajetória do editor; e Sara Fischman, filha caçula de Zwerling, hoje com 80 anos, que fala sobre seu pai.

Zwerling agradeceu no prefácio da primeira edição a “generosidade nunca desmentida do povo deste grande paiz”. Apesar de se considerar brasileiro, tinha um forte sentimento judaico. Por isso, resolveu aos 74 anos de idade emigrar para Israel, junto com a família, em 1966. Lá faleceu, em 1967. 

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2Comentários
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    1. Comece por aqui, no final a um link para vc continuar. Boa sorte
      http://www.coisasjudaicas.com/2006/05/sobrenomes-judeus-de-que-razes-se.html

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