Em carta ao jornal americano The Miami Herald, o professor Alan Dershowitz afirma que "entre os candidatos ao papado está o notório antissemita cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga. Ele acusa os judeus pelos escândalos envolvendo a má conduta sexual de padres em relação a jovens paroquianos!"
O cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa, a capital de Honduras, considerado um dos principais candidatos à sucessão do papa Bento XVI, atribuiu a repercussão dos escândalos sexuais na Igreja Católica a meios de comunicação controlados por judeus e os comparou a Hitler, denuncia um professor da Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Dershowitz acrescenta que o cardeal "argumenta que os judeus se vingaram da Igreja Católica por suas posições anti-Israel fazendo com que a mídia - que na verdade os judeus controlam, diz o cardeal - dê atenção desproporcional aos escândalos sexuais do Vaticano".
O professor de Harvard também acusa o arcebispo de Tegucigalpa de "comparar a mídia controlada por judeus com Hitler, porque eles são 'protagonistas do que eu não hesito em definir como perseguição à Igreja'."
Em maio de 2002, reporta o jornal liberal israelense Haaretz, em entrevista ao jornal católico italiano 30 Giorni, Rodríguez Maradiaga defendeu a versão de que a mídia dominada por judeus estava por trás dos escândalos sexuais da Igreja para desviar a atenção do conflito entre Israel e os palestinos.
Para o colunista católico James Carroll, do jornal The Boston Globe, citado na carta, o cardeal usou uma desculpa antiga da Igreja, culpar os judeus. Questionado, Rodríguez Maradiaga declarou: "Eu nunca me arrependo... às vezes, é preciso dar uma sacudida".
Diante de protestos da Liga Antidifamação, o cardeal finalmente recuou da tese da conspiração judaica nos escândalos de pedofilia na Igreja. Mas nem todo o mundo se esqueceu.
Ao concluir, Dershowitz observa que "o Vaticano considera corretamente que o antissemitismo é um pecado, mas um pecador não arrependido está na lista de candidatos para se tornar líder da Igreja Católica. Se isto acontecer, todo o bom trabalho feito por papas recentes para construir pontes entre a Igreja Católica e os judeus estará em perigo. Não se deve deixar que aconteça."