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ELENILCE BOTTARI
RIO - “Essa loja não gosta de crianças, mãe?” A pergunta, feita por um menino negro de apenas 7 anos, comoveu os pais, Priscilla Celeste e Ronald Munk, que, atônitos, assistiram a um vendedor expulsar seu filho de dentro de uma concessionária BMW, na Barra.
O vendedor “desavisado” não sabia que a criança era o filho do casal de cor branca, que entrara ali para comprar um carro maior para a família. Numa reação ao que consideraram um ato de racismo, os pais lançaram a campanha no Facebook “Preconceito racial não é mal entendido”, que em poucos dias conseguiu apoio de mais de dez mil internautas. Eles querem que a concessionária faça uma retratação pública e que se comprometa a criar procedimentos que possam evitar os “impulsos” de funcionários que ainda tenham o preconceito racial enraizado em suas reações.
O caso ocorreu no dia 12 passado, na concessionária Autokraft, na Barra, Zona Oeste do Rio. Pais de cinco filhos, eles foram à loja acompanhados do caçula, de 7 anos, que é adotado, em busca de um automóvel novo para família.
— Nós éramos clientes dessa loja, mas o vendedor que conhecemos não estava. Então veio esse gerente de vendas. Enquanto olhávamos um carro, nosso filho se sentou em uma poltrona e ficou vendo TV. Quando ele voltou para o lado do pai, o homem que nos atendia virou para a criança e disse: “você não pode ficar aqui dentro. Aqui não é lugar para você. Saia da loja”.
Segundo Priscilla, depois de ser chamado a atenção por Ronald, o vendedor ainda insistiu:
— Ele disse: “porque eles pedem dinheiro, incomodam os clientes. Tem que tirar esses meninos da loja.” Quando meu marido disse a ele que o menino negro era nosso filho, ele ficou completamente sem ação, gaguejando desculpas atrás de nós enquanto saíamos indignados da concessionária.
O casal ainda esperou que a empresa entrasse em contato com a família para se retratar, o que não ocorreu. Revoltados, enviaram uma reclamação ao Grupo BMW, no dia 16 passado, por e-mail. No mesmo dia, o grupo respondeu, lamentando o ocorrido e informando que solicitara esclarecimentos à concessionária Autokraft através de uma notificação entregue na mesma data.
Priscilla contou que a resposta da Autokrft veio sete dias depois do incidente. Em um novo e-mail, com o assunto “desculpas”, a empresa se diz ciente do ocorrido e afirma que o gerente da loja “entendeu que o casal não estava acompanhado por qualquer pessoa, incluindo a criança. E já que ela estava absolutamente desacompanhada na loja, o funcionário teria alertado o garoto de que ele não poderia ali permanecer e que tudo não passou de um mal-entendido”. A mensagem é finalizada com a seguinte frase: “Tenho imenso prazer em tê-lo sempre como cliente amigo”.
— Nossa ideia não é processar a empresa. Queremos, sim, uma retratação pública. Não foi um mal-entendido. Se fosse uma criança branca não teria sido confundida. Aliás, se eles tivessem olhado direito para meu filho, veria que não se tratava de uma criança de rua. Mas eles não olharam meu filho. Só viram a cor dele. E mesmo se fosse uma criança desacompanhada, o certo seria perguntar pelos responsáveis e não expulsar da loja — concluiu Priscilla, que é professora.
Em nota, a concessionária Autokraft volta a afirmar que de fato ocorreu um mal entendido. Eles afirmam que a empresa não compactua com nenhum tipo de comportamento discriminatório. Como exemplo, a nota cita o cargo de chefia da área de Recursos Humanos (responsável pela avaliação e contratação de pessoal), que seria ocupado por "uma mulher negra que trabalha conosco há 25 anos".
"Em todas as demais áreas da empresa, incluindo a de vendas, existem pessoas de todos os tons de cores de pele. Nenhum tipo de preconceito é tolerado e, portanto, o racismo definitivamente não existe numa empresa que, em toda a sua história (mais de 40 anos), sempre conviveu com a diversidade", diz trecho da nota.
Leia a íntegra da nota:
"Para esclarecimento de todos, sobre o fato divulgado na imprensa a respeito de um suposto ato de racismo, referente a uma criança negra, que estava aparentemente desacompanhada no salão de vendas de nossa concessionária, informamos que o ocorrido foi o seguinte:
"A criança foi abordada pelo gerente de vendas, que lhe disse que não poderia ficar sozinha no salão.
"Após essa abordagem, a criança se encaminhou para os seus pais, brancos, que se dirigiram ao gerente pedindo esclarecimentos e o mesmo, ao se explicar dando o exemplo de que, por vezes, crianças desacompanhadas entram na loja para vender coisas, foi mal entendido pelos pais, que acharam que o gerente estava querendo dizer que a criança, por ser negra, teria sido confundida com uma criança de rua ou vendedora de balas.
"O gerente de vendas, que absolutamente não é racista, está extremamente abalado com a repercussão do que, em momento algum, foi uma atitude racista ou discriminatória.
"Ficamos ainda mais tristes ao ver que, de alguma maneira, querem dar a entender que a empresa compactua com algum tipo de comportamento discriminatório.
"Nossa empresa tem em cargo de chefia do RH, área responsável pela avaliação e contratação de pessoal, por exemplo, uma mulher negra que trabalha conosco há 25 anos.
"Em todas as demais áreas da empresa, incluindo a de vendas, existem pessoas de todos os tons de cores de pele. Nenhum tipo de preconceito é tolerado e, portanto, o racismo definitivamente não existe numa empresa que, em toda a sua história (mais de 40 anos), sempre conviveu com a diversidade.
"Lamentamos que o entendimento e interpretação dos pais tenha sido no sentido de um ato de racismo, como foi por eles exposto e divulgado.
"Estamos à disposição dos pais, como sempre estivemos, para atendê-los e dialogar, para que nos conheçam melhor e compreendam que o ocorrido não foi um ato de racismo, e acreditem que, de fato, ocorreu um mal-entendido.
"Viva a diversidade!
Autokraft"
Eu não defendo racismo em nenhum grau. Acho que uma criança passar por isso deve ser um troço descomunalmente complicado, ainda mais se ela entende o que se passa.
ResponderExcluirAcho tb que o vendedor não é necessariamente uma pessoa ruim, o que ele fez foi um reflexo de uma cultura racista enraizada, em alguns mais que em outros. Quando se cresce num meio assim, é muito complicado.
Esse caso seria bom não pra crucificar o vendedor, mas pra mostrar que precisamos agilizar essa mudança de cultura, temos que tirar as raízes do racismo o quanto antes pra que esse tipo de atitude não aconteça mais, para que o que o vendedor fez não seja mais um reflexo automático, que se olhe uma criança branca ou negra e isso não te faça pensar que se é negra, é vendedor de bala.
Pra mim o mais lamentável de tudo foi a resposta da empresa. No momento em que o vendedor admitiu que confundiu a criança com um vendedor de balas, ficou CLARO que ele cometeu um erro. A empresa deveria sim se desculpar pelo erro do funcionário, até pq o erro não foi da empresa, foi de uma pessoa.
O erro da empresa começou com essa nota lamentável.
mas sempre digo, não julguemos se não queremos ser julgados, principalmente se ao se julgar, tenha-se mágoa ou ódio.
Caro Daniel, botar panos quentes em algo tão degradante é pior do que o fato em si. Foi racismo sim, e isto tem que ser combatido. Se fez é porque é prática comum. Se é herança cultural que se combata. A divulgação serve para mostrar sim como pensa e age determinadas pessoas. Quanto a resposta de empresa, não seria de esperar diferente, na verdade é uma afirmação.
Excluirracistas de merda. Que se apliquem a lei nesses canalhas. Já pensou se o casal fosse de pobres, certamente a concessionária iria processá-los, como são ricos estão com medo.
ResponderExcluir.....ja liguei varias vezes para a loja na barra (021 31399000 ) e tentei falar com o gerente facan o mesmo isso nao pode ficar assim.
ResponderExcluirQuer dizer que se fosse uma criança branca e isso acontecesse seria considerado um engano, só porque é negra logo vira racismo. o racismo está na cabeça das pessoas que pessam assim. Com negros não podem haver enganos, mal entendido ou brincadeiras que logo vira racismo (mas piada de português todo mundo sabe). O vendedor só agiu como foi treinado pra agir quando entrasse um vendedor de balas ou uma criança pobre que chega pra vender coisas e pedir dinheiro. Acredito que o vendedor não seja um racista, infelizmente esse tipo de coisa acontece pela desigualdade social e salarial que existe no país, os grandes responsáveis por isso somos todos nós brasileiros que aceitamos as coisas do jeito que está, não da pra culpar somente o vendedor.
ResponderExcluirSua intenção senhor anônimo é maquiar algo grave e nojento.
ExcluirEnquanto o cara grita "viva a diversidade", os racistas judeus se casam só entre eles e nenhum judeu adota crianças negras!
ResponderExcluirQuem te disse que judeu só casa com judeu? E que não adota crianças negras? Talvez pela sua desinformação vc nem saiba que também existem judeus negros no mundo todo.
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