Manifestantes invadem embaixada israelense no Cairo após derrubarem parte do muro que cerca o prédio
CAIRO - Ao menos 450 manifestantes ficaram feridos em confrontos com a polícia egípcia após atacarem e derrubarem parte de um muro de segurança construído recentemente em frente à Embaixada de Israel no Cairo. Um grupo de 30 pessoas chegou a invadir o prédio da embaixada - aparentemente chegando apenas nos aposentos de funcionários, sem conseguir entrar nos escritórios - e jogou documentos pela janela, alguns escritos em hebraico.
Manifestantes também retiraram a bandeira de Israel da frente do edifício, e a lançaram na rua, num gesto aplaudido pelos mais de mil egípcios que participavam do protesto.
Um oficial egípcio disse que documentos jogados das janelas do edifício eram, aparentemente, "panfletos e formulários guardados no hall". Testemunhas disseram que alguns dos papéis jogados tratavam da venda de armas israelenses para o governo do Egito.
- A embaixada em si não foi invadida - afirmou a fonte.
O ataque à missão israelense começou depois que centenas de manifestantes marcharam da Praça Tahrir, onde protestavam contra a lentidão nas reformas prometidas pelo governo, à sede da embaixada. Com a ajuda de martelos e pedaços de ferro, manifestantes subiram no muro e começaram a destruí-lo, cantando: "Levante sua cabeça, você é egípcio". A polícia só interveio quando a multidão tentou entrar no prédio.
O muro foi construído no mês passado pelo governo do Egito, após forças israelenses matarem, por engano, cinco egípcios na Península do Sinai. . Na ocasião, milhares de pessoas protestaram na frente da missão diplomática, pedindo a expulsão do embaixador israelense. Desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro, muitas vozes se elevaram no país para pedir o fim dos acordos de paz assinados entre Israel e Egito nos anos 70.
As autoridades dizem que o muro é para proteger os moradores, e não o prédio de 21 andares da embaixada.
Segundo relatos, manifestantes também tentaram invadir um complexo policial na área, e atearam fogo em um edifício próximo e em pelo menos quatro veículos policiais. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersá-los.
Os protestos violentos ao redor da embaixada fizeram Israel pedir ajuda dos Estados Unidos. Em um comunicado, o ministro da Defesa Ehud Barak disse que pediu ao seu homólogo americano Leon Panetta ajuda "para proteger a embaixada de manifestantes".
O presidente Barack Obama, por sua vez, disse em um comunicado estar preocupado com o ataque e afirmou que o governo já está tomando medidas para ajudar a resolver a situação. Obama também pediu que o Egito "honre suas obrigações internacionais para garantir a segurança da embaixada".
O oficiais no aeroporto internacional do Cairo afirmaram que o embaixador israelense está à espera de um avião militar para deixar o país.
A Chancelaria israelense também deicidiu abrir uma sala de emergência em Jerusalém para monitorar a crise e manter contato com autoridades no Cairo. Os trabalhos estão sob o comando direto do ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman.