Uma húngara conta sua história de sobrevivente de Auschwitz e da ocupação russa.
Cerca de três ou quatro semanas mais tarde, numa manhã, estávamos entrando em uma fila para termos nossos números de identificação tatuados nos antebraços, quando minha prima Magda foi removida da fila. Mais uma vez me senti perdida. Queria muito ficar com ela, era muito boa comigo. Ajoelhei-me e fui até uma janela, passei por ela e achei Magda. Entrei na fila atrás dela. Não tínhamos idéia do que aconteceria conosco, mas estávamos juntas mais uma vez e isto significava muito para ambas. Havia dezesseis pessoas. Entramos em pequenos vagões puxados por um trator. Depois de viajar por cerca de três horas e meia, chegamos em uma fazenda.
Foi-nos dado abrigo em um telheiro. Dormíamos na palha no chão. Mais tarde, colocaram alguns catres para nós. Quando estava ficando escuro, a porta era fechada e ficávamos trancadas. As 6:00 da manhã as portas abriam de novo. Recebíamos alguma comida e eram levadas por um caminhão até os campos, para trabalhar. Tínhamos que colher trigo e aveia, arrumar em feixes, amarrá-los e colocá-los em pé, como se formando pirâmides. Tínhamos dois supervisores: um homem, que era gentil. Se alguém tivesse dificuldade em fazer o trabalho, tentava ajudar e nunca ficava zangado. A mulher não gostava de nenhum de nós. Ouvi-a dizer ao supervisor que éramos judeus e que não merecíamos nenhuma ajuda. Todos tentamos dar o máximo de nós, este local era definitivamente melhor que Auschwitz. Aos domingos, para o jantar, nos davam purê de batatas com uma fatia de presunto, em um prato normal. Isto significava muito para todos.
Um dia, o proprietário cavalgou até o lugar onde trabalhávamos. Me chamou e outra garota para falar com ele. Nos disse que ao invés de trabalhar nos campos, iríamos trabalhar na cozinha. A outra menina tinha só treze anos. Normalmente eu a via engraxando sapatos. Acabei ajudando às duas empregadas, descascando vegetais, frutas e assim por diante. Era melhor que trabalhar nos campos. Enchia minhas roupas com as cascas das maçãs que descascava. Algumas vezes conseguia esconder algumas cenouras ou pequenas maçãs; eram compartilhadas com todos.
Via a família indo para a igreja nas manhãs de domingo. Lembrava-me de como costumava ir para a sinagoga junto com meus pais, irmão, irmãs e outros membros de minha família. Não tinha inveja deles, mas me magoava muito. A injustiça era tão horrenda. Aqui estava eu, trabalhando como uma escrava. Por quê? Não tinha feito nada de errado. Tinham nascido na fé cristã. Por acaso, eu nascera na fé judaica. Tinham tudo que possuíam. Tudo tinha-nos sido confiscado. Tinham sua família viva. Não sei o que aconteceu com a minha. Como se podia permitir que todos esses crimes acontecessem no século XX, sem que nem uma só nação tentasse nos salvar? Onde estava Deus? Teria Ele dormido? Estava perdendo minha fé na humanidade. Questionava a existência de Deus. Afinal de tudo, tinha visto o crematório soltando fumaça o dia todo em Auschwitz. As crueldades sádicas que testemunhara davam-me razões para acreditar que havia muito poucas chances de que veria todos de minha família de novo.
Depois de trabalhar na cozinha por cerca de três meses, escutei as duas empregadas mostrando preocupação sobre o quão próximo os russos estavam e sobre o que aconteceria com eles. Para nós, isto significava uma esperança, de que nossa liberdade se aproximava.
(...)
Os russos estavam se aproximando. Tínhamos visto explosões de artilharia bem próximas. Nossas vidas estavam sob risco elevado. Todos estavam com medo. Continuamos a trabalhar mais umas duas semanas, mas uma manhã, ao invés de sermos levados para o trabalho, fomos transportados de volta para Auschwitz. Era muito difícil ainda ter esperança. As pessoas em Auschwitz pareciam esqueletos e tinham inveja por termos passado tempo trabalhando em uma fazenda. Nos disseram que tinha irrompido uma epidemia de tifo. Alguns dos barracões tinham sido queimados até as fundações. As pessoas morriam como moscas. Não podia achar palavras para explicar a intensidade do crime. Por aquela época, parecia que éramos os remanescentes de uma raça. Ficava dizendo a mim mesma para não desistir – se alguém de minha família tivesse sobrevivido, poderiam precisar de mim. Este sentimento de responsabilidade para minha família e com nossa raça mantinha-me lutando para ficar viva.
A fome, sujeira e tortura continuavam. Uma manhã, para meu espanto, recebi um pequeno pacote. A Kapo que me deu, disse que tinha que levar de volta uma resposta. Eu o abri: havia um pouco de pão, um lápis e um bilhete. O conteúdo do bilhete era o seguinte: “nasci na Polônia. Não sou judeu. Expressei publicamente a oposição ao governo; por isso fui enviado para Auschwitz. Sou um médico. Gostaria de saber se você se casaria fora de sua fé”. Não demorei muito a responder. Em meu coração, sabia que não casaria fora de minha fé, por respeito aos meus pais. Também, não tinha ainda abandonado a esperança com relação a Ainsley. Assim, expressei meus agradecimentos a ele e disse minhas razões. Nunca mais ouvi dele de novo, mas foi um tremendo apoio moral acreditar que havia algumas pessoas decentes lá fora e que eu deveria fazer o máximo para sobreviver.
Umas poucas semanas depois, Magda e eu, junto com muitas outras pessoas, fomos levados para outro campo de concentração. Quando chegamos, dois Kapos estavam encarregados de levar-nos para dentro do campo. Para nosso azar, tomaram liberdades por sua posição de superioridade, nos abraçando e agarrando. Foi embaraçoso e fiquei apavorada. Disseram que lembrávamos-lhes suas irmãs. Logo uma fila foi arrumada e caminhamos para o campo.
Quando entramos no campo, foi uma experiência pavorosa. No meio do terreno havia uma imensa vala. Tivemos que nos alinhar em um dos lados. Em nossa frente, no outro lado, os soldados SS estavam de pé, com seus fuzis apontando para nós. As pessoas ficaram em pânico, temendo que estivéssemos em frente a um pelotão de fuzilamento. Tentei acalmar as pessoas na minha frente com a explicação de que, se quisessem nos matar, isto teria sido feito em Auschwitz. No fim, era só um treinamento militar.
Fomos levados a um prédio onde tivemos que tomar uma ducha e foram-nos dados outras roupas, uniformes com listras cinzentas e azuis. Nós fizemos uma fila para a comida, que foi dada em um prato. Era mais no estilo militar e parecia muito melhor que Auschwitz.
Cedo a noite senti-me cansada e deitei-me em uma dos catres debaixo de um beliche. Enquanto descansava, minha prima correu e estava excitada. Disse-me que dois dos Kapos tinham trazido pão para nós. Não pretendia ir e implorei para não ir, mas ela só correu para fora, dizendo que precisávamos do pão. Apesar de não querer ir, corri atrás dela, para que não ficasse sozinha. Os dois jovens rapazes ficaram felizes em nos ver. Um deles estava segurando minha mão quando de repente as luzes apagaram. Diversas pessoas entraram. Fomos escoltadas de volta ao nosso barracão, mas levaram Magda com eles. Teve que se despir totalmente e esperaram. Pouco depois um oficial SS chegou e minha prima foi surrada com um bastão de borracha. Ouvi-a gritar e senti a sua dor. Em meu coração, sabia que ela queria apenas o bem para nós. Só queria um pouco de pão. Quando terminaram com ela, esperava que viessem me pegar, mas isso não aconteceu. Magda disse-lhes que eu só tinha corrido para lá para chamá-la de volta. Podíamos ver os dois Kapos fora, havia dois postes com uma corda grossa no meio. Cada homem estava amarrado pelos pés e braços e foi deixado lá, pendurado no poste, por horas.
Na manhã seguinte fomos amontoados como sardinhas em um vagão e fomos enviados para um campo de trabalhos forçados. Levou muitas horas para chegar lá. Lembro-me de dizer a Magda que as pessoas eram muito boas, pois tinha caído no sono em cima delas. O que não tinha percebido é que estava dormindo em cima de corpos mortos. Minha prima sofria de dores terríveis da surra. Quando o trem parou, finalmente, no destino designado e a porta abriu, fomos forçados a carregar os cadáveres.
Dormimos no chão em um barracão, com somente um pouco de palha espalhado em volta. A comida era horrível e muito pouca. Para descrever a extensão da fome, uma vez retirei uma migalha de pão da parede da latrina e a comi. Homens e mulheres usavam a mesma latrina. Não havia nada parecido com dignidade humana.
O trabalho era duro. Recebemos uma picareta e tínhamos que cavar uma área montanhosa, para construir uma trincheira. Não recebemos roupas quentes. Embrulhávamos os pés em pedaços de trapos, tínhamos medo de congelamento. Algumas vezes gostaríamos de poder falar com alguém, mas um soldado SS aparecia imediatamente, gritando para parar de falar e continuar trabalhando.
Um dia, Magda ficou doente. Não conseguia ir para o trabalho. Fiquei preocupada o dia todo, o que aconteceria com ela? A mesma coisa aconteceu comigo também. Não havia um médico. Por sorte nossa, no dia seguinte conseguimos ir para o trabalho. As pessoas que ficavam afastadas do trabalho mais de duas vezes, nunca víamos de novo.
Eventualmente, à medida que os russos estavam avançando, este campo teve que ser eliminado. A marcha começou. Ainda era o inverno e estava muito frio. Marchamos o dia todo. Quando algumas pessoas estavam próximas do colapso e os próprios guardas estavam muito cansados, normalmente encontravam um local para nós onde podíamos passar a noite, normalmente em baias, como animais. Estávamos famintos. Lembro que, uma vez, quando marchávamos, reparei em algumas cascas de batatas congeladas na neve. Peguei algumas rapidamente e as comi.
Uma noite, depois de termos sido trancadas em uma baia, uns poucos de nós decidiram que deveríamos tentar escapar. Subimos ao sótão. Estava cheio de forragem. Nos enterramos na forragem. Na manhã, quando os guardas SS vieram nos levar, ficamos no sótão. Na primeira noite, alguém atirou algumas cenouras e foi isso que comemos. Mas na manhã seguinte, um grupo de rapazes, adolescentes fanfarrões, vieram até o sótão. Um a um, nos jogaram pela janela, gritando, “Juden, Juden!” [Judeu, Judeu!]. Caindo dois metros e meio, me concentrei em cair sobre meus pés. Todos ficamos doloridos e machucados. Em pouco tempo, um guarda SS veio e levou-nos de volta para o grupo, e mais uma vez a marcha continuou.
Uma noite, era bem tarde. Estávamos extremamente cansadas e minha prima sentia-se doente. Implorei-lhe para continuar a caminhar. Ela virou-se e disse: “Vera, continue você. Não posso caminhar mais” e caiu. Naquele momento, deitei-me ao lado dela, dizendo-lhe para fingir que estávamos mortas. O primeiro guarda gritou para que levantássemos, continuássemos a caminhar. Quando um segundo guarda veio e quis disparar contra nós, lhe disse, “estão mortas, não desperdice suas balas”.
Imóveis, ficamos ali até que não houvesse mais sons. Naquele momento, disse a Magda que tínhamos que continuar caminhando, ou congelaríamos até a morte. Lentamente rastejamos para fora da sarjeta. Com Magda se apoiando em mim, lentamente caminhamos. De repente percebemos uma luz. Logo percebemos que era uma casa. Neste ponto, não tínhamos escolha. Ninguém disse uma palavra para nós. Ficamos encolhidas embaixo de uma cama e caímos no sono ali. Na manhã, um homem nos cutucou com uma vassoura, gritando, “Juden heraus” (judeus, caiam fora). Rastejamos para fora. Após deixar a casa, jogou algumas migalhas de pão para nós. Parei para pegá-las e comemos tudo. Lembro de pensar que ainda havia alguma humanidade restante nele.
Continuamos a caminhar. Andamos por uma área mais povoada e de repente vimos um policial dirigindo o tráfego. Rapidamente fizemos uma volta e entramos em uma casa. Uma mulher veio a nós e perguntou se queríamos alguma comida. Naturalmente queríamos, estávamos famintas. Ela voltou com duas porções de presunto e purê de batata em pratos de porcelana, com talheres. Não sabíamos exatamente porque estavam sendo tão bons, mas logo outra mulher veio e nos disse que os russos tinham chegado na área e que, se os russos viessem até a casa, queriam que disséssemos que eram boas pessoas, que nos tinham protegido e dado comida. Agora entendíamos a situação em que estávamos. Ficamos felizes, pois finalmente ficaríamos livres.
Passados alguns minutos, soldados russos entraram na casa. O pai ou avô estava sentado com todas as suas condecorações militares em seu uniforme. Um soldado russo fuzilou-o imediatamente. Ficamos com medo. Não sabíamos o que aconteceria a nós. Uma das mulheres veio a mim, implorando para salvar a sua filha, dizendo que um soldado russo a tinha levado para um quarto e que a mataria. Pensando como nos tinham tratado bem, corri para o quarto. Ainda era muito ingênua, não percebia que estava estuprando-a. Comecei a explicar que essas pessoas nos tinham dado comida. Ia pegar sua arma. Minha prima correu para o quarto, me agarrou, deu um tapa na minha cara, e puxou-me para fora. Ela estava tremendo. Perguntou-me: “você não sabe a razão porque ele levou a garota para aquele quarto?” Naquele momento, eu não sabia. Estava tentando salvar uma vida, mas estava em estado de choque. Se não fosse por Magda, teria sido morta.
Também percebemos que corríamos perigo. A liberdade pela qual esperávamos não veio. Não havia lei e ordem. Estávamos sozinhas. Quando a noite veio, dormimos com nossas cabeças cobertas por um xale, para parecer menos atrativas. Mesmo assim, uma noite enquanto ambas dormíamos, um soldado me acordou. Com sua lanterna brilhando nos meus olhos, ordenou para ficar de pé e segui-lo. Eu estava aterrorizada. Gritei e chorei. Minha prima tentou explicar que tínhamos estado em um campo de concentração, que éramos judias. Ele disse que judeu era bom. Então Magda disse-lhe que eu era só uma criança. Neste momento ficou zangado e disse a Magda, “você não é uma criança”, e a forçou a ir com ele. Fiquei esperando atormentada, sem saber o que aconteceria com ela. Voltou logo e disse que não tinha conseguido estuprá-la, pois chorara e gritara muito. Ficou zangado e bateu nela com seu fuzil e deixou-a ir. O medo continuava todos os dias.
Continuávamos procurando por comida. Encontramos uma jovem garota e sua mãe de origem polonesa. Acharam algumas batatas, as cozinharam e insistiram em partilhá-las conosco. Também eram sobreviventes. Nunca pude esquecer delas. Uma vez nos escondemos em uma pilha de forragem para evitar alguns soldados. Devem ter reparado em nós e incendiaram a forragem, para forçar-nos a sair. Um oficial russo mais velho reparou na gente. Disse que parecia com sua filha. Ele mantinha uma camaradagem com uma mulher da mesma casa onde ficávamos. Tivemos sorte dele notar a situação em que estávamos.
Uma tarde encontramos uma jovem garota, também uma sobrevivente. Vinha de uma família muito religiosa. Disse-me como era grata por ter sobrevivido e que quando fosse para casa, esperava achar sua família. Bem, isso não aconteceu. Um soldado russo bêbado a estuprou durante a noite. Na manhã seguinte a garota estava morta, tinha sangrado até a morte. O soldado ainda estava ao lado dela, bêbado.
O oficial russo mais velho se tornou um bom amigo para nós. Algumas vezes trazia alguma comida. Lembro claramente do casaco de inverno bege e branco que me deu, também sapatos, mas, acima de tudo, lembro que provavelmente salvou nossas vidas. Cedo numa manhã, pessoas jovens foram reunidas. Magda e eu fomos escolhidas. Disseram para entrar em um caminhão do exército. Ambas tentamos explicar que não éramos o inimigo, que não éramos alemãs, que éramos sobreviventes judias, mas não fez diferença. Fomos forçadas a entrar no caminhão. Enquanto esperávamos no caminhão, reparamos que nosso amigo, o oficial russo, estava falando com os soldados, e logo depois vieram nos dizer para sair do caminhão. Não sabíamos como lhe agradecer o suficiente. Mas, este homem tinha um coração. Sabia de nosso sofrimento e só queria nos ajudar. Não esperava nada de nós.
(...)
Semanas passaram, o clima estava ficando mais brando. Magda achou uma bicicleta. Decidimos procurar em dupla por comida nela. Conseguimos encontrar um pouco de comida e estávamos voltando quando em uma estrada de terra deserta quando ouvimos soldados russos nos chamando. Magda acelerou, pedalando o mais rápido que podia. Os soldados começaram a atirar. Se estavam só atirando para o ar ou se erraram o alvo, não sabíamos. O fato importante é que conseguimos fugir ilesas.
Várias semanas mais passaram, era a primavera. Estávamos imaginando como e quando seríamos capazes de voltar para a Hungria. Tinha medo, mas ainda esperava e rezava por algum milagre que fizesse ver minha família de novo. Em minha mente, não queria acreditar que o mundo permitiu o genocídio sem razão de nosso povo, somente por sermos membros da fé judia. Parecia ser criminoso, tão inacreditável mas, naturalmente, dado o que tinha visto e pelo que tinha passado, havia muitas razões para estar temerosa.
Em um dado momento em maio, nosso amigo, o oficial russo, veio ver-nos. Disse que a ferrovia para a Hungria tinha sido consertada. Disse o momento exato quando um trem estaria saindo. Aconselhou a tomá-lo e seguimos o seu conselho. Sabíamos que só queria o nosso bem. Queríamos muito voltar, apesar de que nunca mais pude chamar novamente a Hungria de lar. Amava o país; era bonito, mas ficava me lembrando da cooperação do governo húngaro com os alemães, e a vontade deles em fazer todas aquelas atrocidades horríveis contra nós.
Chegamos no trem. Foi difícil entrar no vagão de carga. Não havia plataforma; tínhamos que puxar-nos para dentro. Estava repleto de soldados russos, muitos deles bêbados. Com nossas cabeças cobertas – parcialmente cobríamos também nossos rostos – não olhávamos para nada, a não ser para o chão. A única cisa que vimos: soldados bêbados urinando no piso. Depois de várias horas, o trem parou em uma pequena cidade. Saltamos e nos transferimos para um trem de passageiros. Enquanto caminhávamos, procurando um assento, uma mulher cuspiu em frente a nós e disse o seguinte: “esses judeus sujos estão voltando”. Naquele momento fiquei muito feliz por termos sobrevivido e que os anti-semitas sentiam a derrota.
(...)
Agora é outubro de 1999. Estamos nos preparando para passar os duros meses de inverno na Florida. Estou terminando minhas memórias. Foram muito difíceis de escrever. Estou cansada mental e fisicamente. É impossível aceitar esta indescritível tragédia que a humanidade deixou acontecer. A despeito de todo nosso sofrimento, sou grata às garotas Freed de Vár utza, Kisvárda. Elas me levantaram e me encorajaram a continuar a caminhar de Birkenau para Auschwitz. Elas tiveram suas grandes perdas, mas ainda assim se preocupavam com outro ser humano.
Na medida em que entramos em um novo milênio, desejo saúde, paz e prosperidade; liberdade para todas as religiões; igualdade para todos.
Fonte deste artigo: Montreal Institute for Genocide and Human Rights Studies - Holocaust Survivors Memoirs