JERUSALÉM - Em visita histórica a Israel, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a empresários que tem o 'vírus da paz' e que não se lembra do dia em que brigou com alguém, apesar de fazer parte de um 'partido complicado'. - Eu acho que o vírus da paz está comigo desde que estava no útero da minha mãe. Não me lembro do dia em que briguei com alguém - afirmou.
- Eu já fiz muita disputa política, pertenço a um partido complicado. Temos divergências políticas de causar inveja a qualquer pessoa do mundo - acrescentou Lula, ao lado do presidente de Israel, Shimon Peres, arrancando risos da plateia.
No discurso de improviso, Lula exibiu suas credenciais como uma espécie de especialista no diálogo. Mencionou, por exemplo, um encontro com o ex-presidente George W. Bush em 2003 em que o presidente brasileiro disse que o Iraque não era um problema do Brasil e que sua prioridade era combater a miséria.
- Pensei que teria animosidade na minha relação com o presidente Bush. Como fui sindicalista a vida inteira, imaginava que ia brigar muito com os Estados Unidos. Eis que o presidente Bush terminou o mandato e eu vou terminar o meu sem que tenhamos tido nenhuma divergência. Quando tivemos, resolvemos por telefone - disse.
Lula mencionou também o primeiro discurso de Evo Morales ao assumir a presidência da Bolívia. - O primeiro discurso foi tomar a Petrobras. Mas entendemos que o gás era um direito da Bolívia, um patrimônio do povo boliviano e fizemos um acordo com a Bolívia - lembrou.
- Tinha gente que queria que o Brasil fosse duro com a Bolívia. Talvez por causa da minha origem, não conseguia perceber como um metalúrgico de São Paulo ia brigar com um índio boliviano. Dialogamos e hoje estamos numa relação excepcional - resumiu.
Após o encontro entre Shimon Peres e Lula, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que na reunião foi discutida a possível contribuição do Brasil ao processo de paz. No entanto, o chanceler não deu detalhes sobre qual papel concreto o país poderia desempenhar nas negociações.
- Ele valorizou muito o papel do Brasil em mais de uma situação, podendo ajudar a promover o diálogo. Ele acha que essa capacidade de fazer amigos com todos pode ser muito útil nessas situações, mas ali não era o momento de se discutirem esses detalhes - disse Amorim.