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Segunda Guerra Mundial: 70 anos depois, feridas ainda abertas





Giampaolo Braga, Extra




Aleksander Henryk Laks interrompe a entrevista e pede um copo d'água. A boca está seca. Os olhos, porém, ainda ficam úmidos, 65 anos depois, quando ele se lembra da adolescente anônima que viu morrer de sede, dentro de um vagão de carga. O tempo apagou o nome e o rosto da garota, fundindo sua tragédia com a dos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas, mas sua história foi adiante, impressa na memória de Aleksander. A parada final do trem era Birkenau, campo de extermínio encravado no complexo que virou sinônimo do Holocausto: Auschwitz.

- O trem entrou num desvio. Olhei por uma fresta do vagão e vi um complexo de chaminés - conta o judeu polonês ("brasileiro nascido na Polônia", corrige ele) de 82 anos, presidente da Associação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes da Perseguição Nazista - Achei que estávamos chegando numa metalúrgica. Abriram as portas debaixo de pancada. Meu pai perguntou a um guarda: "Onde estamos?". "Cala a boca, você está em Auschwitz. Aqui, só tem uma saída: pela chaminé".

A história de Laks se funde à da Segunda Guerra Mundial, cujo início completa 70 anos na terça-feira, 1 de setembro.

Vídeo: Aleksander. conta a sua história

Aleksander tinha 12 anos quando a Wehrmacht (as Forças Armadas alemãs) atravessou a fronteira polonesa, tornando o país a primeira vítima da blitzkrieg (guerra-relâmpago) - um novo conceito de batalha, baseado no uso maciço de aviões e blindados. O exército polonês não teve armas para enfrentar o rolo compressor nazista. Em 8 de setembro, os alemães chegaram à cidade de Lodz, onde Aleksander morava com a mãe, Balcia, e o pai, Jakob.

- Meu mundo desabou - resume ele.

'Não deixe de contar o que passamos'



Aleksander, sua família e outros 165 mil judeus de Lodz foram colocados em 1940 num gueto, de onde não podiam sair. Durante boa parte dos quatro anos em que viveu confinado ali, ele passou fome e teve de se esconder, já que os alemães mandaram todas as crianças para campos de extermínio. Em agosto de 1944, o gueto foi esvaziado: só 1.500 pessoas do grupo inicial haviam sobrevivido.

O sofrimento de Aleksander, porém, estava longe de terminar. Levado para Birkenau, ele viu a mãe ser arrastada para a morte na câmara de gás. Dali, foi enviado com o pai para outro campo, Gross-Rosen. Com o avanço das tropas russas, no início de 1945, os prisioneiros foram empurrados, com os nazistas, para dentro da Alemanha. Começava a Marcha da Morte: mais de 300 quilômetros na neve até o campo de Flossenbürg.

Durante a marcha, o pai lhe fez um pedido: "Se sobreviver, não deixe de contar o que passamos". Em Flossenbürg, Jakob Laks foi morto por um guarda. Mas o filho - pesando 28 quilos, doente, sem família e sem futuro - sobreviveu. E manteve a promessa.

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1 Comentários
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  1. Não deixe de contar!!!Durate toda minha adolescência pesquisei sobre esse assunto,porém agora retomei minhas pesquisas.
    Aprendi quando criança que o povo judeu era o povo escolhido,e alguém que é escolhido sempre fica em evidência!Amo a cada judeu como se do povo de voces fosse,pela promessa que Deus Fez a Abraão"Abençoarei os que te abençoares"cresci com essa promessa no coração!bjs

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