[8 de Agosto de 2009/ 18 de Av de 5769]
Um judeu procura lugar em um estacionamento lotado. Depois de aguardar muito tempo sem encontrar uma vaga, aquele motorista resolve fazer uma proposta para Deus. Ribono shel olam, Senhor do Universo, se Você me ajudar a encontrar um lugar para parar o carro, vou aumentar minha contribuição para a sinagoga. De maneira extraordinária, assim que ele termina sua frase, aparece uma vaga bem na sua frente. Imediatamente, ele olha para o céu e diz: "esta não conta porque eu vi primeiro".
O assunto principal da parashá desta semana, Ekev, está relacionado ao reconhecimento de que nossas conquistas vêm de Deus.
Conta a Torá que Moisés está preocupado com a postura do povo depois da conquista da Terra Prometida. Moisés tem consciência de que acreditar em Deus no deserto é bem diferente do que acreditar Nele em Canaã, onde certamente a vida seria mais confortável.
Na realidade, a preocupação de Moisés vem de um profundo conhecimento da natureza do ser-humano. Quando nós precisamos de ajuda, recorremos a Deus. Quando sentimos falta de algo, nos aproximamos da sinagoga e da religião. O perigo surge justamente depois que alcançamos algum nível de conforto; depois que encontramos a vaga no estacionamento.
Pessoas saudáveis e que vivem de forma confortável, correm o risco de acreditar que tudo o que possuem conquistaram sozinhas. Quando alcançamos algo, podemos pensar que nossas mãos são as responsáveis por tudo o que temos. Assumimos todos os méritos de nossas vitórias e deixamos para Deus somente a responsabilidade pelas derrotas.
Ainda na leitura desta semana, aprendemos sobre a necessidade de agradecer a Deus pelo alimento. Assim está escrito: "veachltá, vessavata uverachta" (e comerás e te fartarás e abençoarás). Este é o maior desafio, abençoar depois de se fartar. Reconhecer o dedo de Deus depois da conquista.
O Talmud se pergunta: "Qual é o versículo da Torá que determina que devemos realizar uma benção antes de nos alimentar"? A resposta é que este dever não aparece no texto bíblico. A Torá não sentiu necessidade de nos obrigar a rezar antes das refeições, apenas depois.
Podemos entender isto de maneira simbólica. Deus sabe que vamos rezar enquanto tivermos fome. Quando nossas necessidades ainda não estiverem saciadas, vamos nos dirigir aos céus mesmo que não sejamos obrigados a fazê-lo. Para o judaísmo, o desafio surge justamente quando ficamos satisfeitos e a Torá regra nossa atitude depois da alimentação.
Nossa benção surge quase que espontaneamente quando temos fome, enquanto ainda não entramos na Terra Prometida, enquanto ainda não vimos nosso familiar se recuperar de sua enfermidade, enquanto não achamos a vaga no estacionamento. O desafio é continuar abençoando depois da conquista.
Que possamos pedir a ajuda de Deus sempre que necessário. Principalmente, que tenhamos a humildade para reconhecer que aquilo que conquistamos não é apenas produto do nosso esforço. No momento em que atingirmos esta consciência, estaremos prontos para compreender a responsabilidade que temos justamente quando somos vencedores.
Shabat Shalom!
Rabino Michel Schlesinger
*A parashá da semana é acompanhada por uma ilustração original da aquarelista Rosália Lerner.
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Magal
Está precisando de dinheiro rápido ?
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