
JERUSALÉM - Israel responsabilizará o Líbano por eventuais ataques do Hezbollah, caso a milícia islâmica seja incorporada ao governo do país, disse na segunda-feira, 10, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Embora o político pró-Ocidente Saad Al Hariri tenha superado o Hezbollah nas eleições de junho, ele está negociando uma coalizão de governo que deve incluir o grupo xiita e seus aliados.
O Hezbollah já tem um ministro no atual gabinete. Israel e o Hezbollah travaram uma guerra em 2006, e o Estado judeu acusa seus inimigos, que têm apoio de Síria e Irã, de se rearmarem sob o nariz das tropas de paz da ONU e tramar ataques contra israelenses para vingar o assassinato de um dirigente da milícia islâmica no ano passado. Alguns analistas acreditam que Israel, depois de sugerir a hipótese de um ataque contra as instalações nucleares do arqui-inimigo Irã, estaria também tentando coibir a capacidade de o Hezbollah servir a retaliações de Teerã.
"Se o Hezbollah entrar para o governo libanês como uma entidade oficial, que fique claro que o governo libanês, no que nos diz respeito, é responsável por qualquer ataque - qualquer ataque - da sua área contra o Estado de Israel", disse Netanyahu a jornalistas. "Ele não pode se esconder e dizer: 'É o Hezbollah, não o controlamos'".
A guerra de meados de 2006, desencadeada pelo sequestro de dois soldados israelenses numa incursão do Hezbollah, teve forte impacto sobre a infraestrutura israelense. O conflito matou cerca de 1.200 pessoas no Líbano, a maioria civis, e 158 israelenses, a maioria soldados. Israel diz que, graças àquela ofensiva, a fronteira está relativamente calma desde então.
Mas o Hezbollah diz estar pronto para lutar e para vingar o atentado de 12 de fevereiro de 2008, quando um carro-bomba em Damasco matou o dirigente militar do grupo, Imad Moghniyeh. Israel negou envolvimento no atentado e alertou o Hezbollah e o Líbano contra as consequências de eventuais represálias a israelenses no exterior.
Outros políticos israelenses têm feito nos últimos dias alertas contra a entrada do Hezbollah na coalizão libanesa, gerando temores de um novo confronto na fronteira. Sayyed Hashim Safieddin, dirigente do Hezbollah, disse no domingo que um novo ataque israelense será recebido com um reação perto da qual a guerra de 2006 irá parecer "uma piada", segundo a imprensa libanesa.
Na segunda-feira, o vice-líder do Hezbollah, xeque Naim Kassem, disse que Israel pagará um preço "pesado" se atacar. "Eles sabem que estamos em melhor posição (do que antes) e em excelente estado de preparação", afirmou ele à TV do grupo, a Al Manar.