Grupo contrabandeia bens e é visto por palestinos como provedor
Joana Duarte
O bloqueio imposto por Israel a Gaza, que já dura 26 meses, não só dificulta os esforços de reconstrução do território mas acaba por beneficiar o próprio Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza e que, ironicamente, era o alvo da política do bloqueio israelense. É o que sugerem israelenses e palestinos que participaram do Seminário Internacional de Mídia pela Paz no Oriente Médio, encerrado ontem no Rio.
Para Mohammed Shaker Abdallah, colunista do jornal palestino Al Quds, se Israel abrisse as fronteiras de Gaza, permitindo a entrada de materiais de construção, mantimentos e víveres, o Hamas começaria a perder sua influência sobre a população palestina, pois deixaria de ser visto como o único provedor da população no território.
– Não apoio a violência do Hamas – Abdallah deixou claro. – Mas o grupo se beneficia do comércio clandestino, que mantém ativo por meio dos túneis subterrâneos. Se o bloqueio terminasse, o Hamas eventualmente seria derrubado da mesma forma como foi eleito, no voto, e o grande vencedor seria o povo.
Eli Dayan, ex-vice-chanceler de Israel também acha que membros do Hamas exploram esse comércio através dos túneis clandestinos para traficar bens, ocupando um espaço e uma visibilidade que certamente não teriam caso Israel decidisse pelo rompimento do bloqueio. Este é um dos principais motivos pelo qual Dayan, assim como a grande maioria dos israelenses e palestinos, anseia por um acordo de longo prazo com o Hamas que garantiria, entre outras coisas, o fim dos lançamentos de foguetes em território israelense e, consequentemente, o fim da necessidade do próprio bloqueio.
– Um elogio que podemos fazer ao Hamas é que eles respeitam os documentos que assinam – observou Dayan, que em seguida também reconheceu que Israel já poderia ser mais flexível quanto à entrada em Gaza de produtos básicos, hoje ainda não autorizados.
O advogado israelense Amos Guiora não participou do seminário mas, em entrevista ao JB, disse que também vê a possibilidade de o Hamas estar se beneficiando do bloqueio. Os motivos, no entanto, seriam outros, acredita. Para Guiora, tudo indica que os palestinos estão cansados do impacto negativo que o bloqueio impõe até nas tarefas mais mundanas. Amos sugere que, em uma estratégia para evitar a revolta dos palestinos, o Hamas estaria tentando convencer sua população de que Israel é o único responsável pelo fechamento das fronteiras e pela opressão no território, em um esforço para camuflar o fato de que o bloqueio foi a forma encontrada por Israel para conter o lançamento constante de foguetes artesanais
Sem acordo
O dirigente do palestino Fatah Zakaria al-Agha descartou ontem a possibilidade de que sua facção e o grupo Hamas cheguem a um acordo durante a próxima rodada de negociações entre os dois grupos rivais previstas para 25 de agosto, no Cairo. Agha acusou também "grupos regionais", que não identificou, de influenciarem de maneira negativa o processo de diálogo palestino.
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Magal
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