BS"D
RÁPIDO DEMAIS – PARASHÁ MISHPATIM 5768 (01 de fevereiro de 2008)
"Marcos dirigia por sua vizinhança, correndo um pouco demais em seu
novo Jaguar. De repente, um tijolo espatifou-se na porta lateral do
carro. Ele freou bruscamente e deu ré até o lugar de onde teria vindo
o tijolo. Saltou do carro e pegou bruscamente uma criança que estava
parada ali, e gritou:
- Este é um carro novo e caro, e o conserto vai me custar muito
dinheiro. Por que você fez isto?
- Por favor, senhor, me desculpe, eu não sabia mais o que fazer! -
implorou o pequeno menino - Ninguém estava disposto a parar e me
ajudar.
Lágrimas corriam do rosto do garoto, enquanto apontava na direção de
uma criança caída no chão.
- É o meu irmão. Ele caiu de sua cadeira de rodas e eu não consigo levantá-lo.
Soluçando, o menino perguntou a Marcos:
- O senhor poderia me ajudar a recolocá-lo em sua cadeira de rodas?
Ele está machucado, e é muito pesado para mim.
Movido por um profundo sentimento de misericórdia, e remorso por quase
ter agredido a criança, Marcos correu ao local onde estava a criança
caída, e colocou-a em sua cadeira de rodas. Tirou seu lenço, limpou as
feridas e arranhões, verificando se tudo estava bem.
- Obrigado, e que D'us possa abençoá-lo - a criança disse a ele.
Marcos então viu o menino se distanciar, empurrando a cadeira de rodas
do seu irmão. Para Marcos, aquele foi um longo caminho de volta para
casa. Um longo e lento caminho de volta. Ele nunca consertou a porta
amassada. Deixou-a amassada para lembrá-lo de não ir tão rápido pela
vida, a ponto de alguém ter que atirar um tijolo para obter sua
ajuda."
O mundo exige cada vez de nós. E por isso muitas vezes vivemos a vida
de forma tão rápida que esquecemos até mesmo de onde viemos e para
onde estamos indo...
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A Parashá desta semana, Mishpatim, nos ensina muito sobre o código de
leis civis da Torá. Diferentemente da visão ocidental, que separa a
Religião do Estado, no judaísmo não existe esta distinção, e todas as
áreas de nossa vida são direcionadas pela nossa Torá. Portanto, a
honestidade e a integridade são tão importantes no judaísmo quanto a
reza ou o oferecimento de um Korban (sacrifício), pois também são
parte do nosso serviço a D'us. E um dos ensinamentos desta Parashá
relacionado com a integridade está no seguinte versículo: "Não seja
atrás da maioria para cometer o mal" (Shemot 23:2). Embora a Torá nos
ensine que quando há divergências devemos seguir a maioria, o
versículo vem nos ensinar que isso só se aplica quando há uma dúvida,
mas se sabemos com certeza que a maioria está errada, não devemos
dizer "já que são tantos, vou atrás deles".
Mas se prestarmos atenção ao versículo, surgem duas perguntas: Se a
pessoa vê que a maioria são malvados, qual é a hipóteses de ela vai
segui-los apenas por serem a maioria? E por que está escrito "não seja
atrás da maioria" ao invés de "não vá atrás da maioria"?
Explica o Rav Uziel Milevsky Z"L que a Torá não precisa ensinar que
mesmo se todos roubassem carteiras na rua isso não se tornaria um ato
permitido, pois isso é óbvio. A Torá, através deste versículo, está
ensinando uma lição muito mais profunda. Existem erros que são
grosseiros, e todos podemos identificá-los como erros e facilmente nos
afastar deles. Porém, há erros que são mais sutis, como por exemplo
utilizar o telefone do escritório para resolver problemas pessoais que
poderiam ser resolvidos mais tarde, andar no acostamento da estrada,
acordar uma pessoa sem a permissão dela ou ficar com um objeto
encontrado na rua ("achado não é roubado"). Segundo a maioria das
pessoas, esses pequenos delitos são "inofensivos", não fazem mal a
ninguém. Mas segundo a lei Divina, todos esses atos são considerados
roubo, e são mais graves do que o roubo de dinheiro, pois o dinheiro
pode ser devolvido, mas o tempo ou o sono de uma pessoa não podem sem
devolvidos nunca mais.
Mas por que vemos isso com tanta naturalidade? Por causa de dois
fatores: um deles é a banalização. Somos tão bombardeados com coisas
erradas e imorais que elas acabam se tornando "permitidas". Um exemplo
é a pornografia, que começou com as revistas com tarja na capa, e
terminou em pôsteres gigantescos estampados na fachada dos edifícios.
O outro fator é que normalmente vamos rápido demais na vida, sem
refletir, sem pensar se os caminhos por onde andamos são corretos ou
não. E mesmo que algumas vezes sentimos, de maneira instintiva, que
estamos fazendo algo que é moralmente errado, estamos sempre prontos
para usar o argumento "Mas afinal, todo mundo também faz isso".
É isso justamente o que a Torá está nos advertindo. Quando a Torá diz
"Não seja", isto significa, não seja como as pessoas que vêem a
desonestidade, a imoralidade e o descaramento como algo normal e
aceitável. Pois se a pessoa também começa a banalizar e a aceitar a
injustiça e a imoralidade como algo natural, esta perda de
sensibilidade pode fazer com que ela, no final, não apenas siga os
malvados, mas se torne também um deles.
SHABAT SHALOM
Rav. Efraim Birbojm
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Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Freida
(Fanny) bat Chava, Chana bat Rachel, Carol bat Chana, Nechama bat Sara
Lea, Celde (Célia) bat Lea; Sala bat Ahuva, César ben Yossef, Frania
bat Perla; Isruel Nuchem ben Alta Hatzsler, Iossef ben Rachel;
Yaakov ben Sarah; Rebecca bat Esther, Abraham ben Esther, Iossef ben
Rachel; Yaakov ben Sarah; Sarah bat Esther; David ben Sara, Chaim ben
Sara, Naum ben Tube (Tereza), Chana bat Paula Rachel, Feigue bat Ida,
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Guitel bat Slad, Peisach Chaim Meier ben Chana Malka, Izidor ben
Reizel, Eliahu ben Sarah, Hanna bat Reizel, Chaim ben Rivka, Hanna bat
Tzipora, Rachel bat Sarah, Avraham bem Chaiza.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) do meu
querido e saudoso avô, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L, que lutou
toda sua vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na
comunidade judaica de Santos. Que possa ter um merecido descanso
eterno.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Avraham
ben Ytzchak, Joyce bat Ivonne, Feiga bat Guedalia, Chana bat Dov, Kalo
(Korin) bat Sinyoru (Eugeni), Leica bat Rivka, Guershon Yossef ben
Pinchas; Dovid ben Eliezer, Reizel bat Beile Zelde, Yossef ben Levi,
Eliezer ben Mendel, Menachem Mendel ben Myriam.