Annapolis - Um novo começo para a Paz -Tzipora Rimon, embaixadora de Israel no Brasil
quarta-feira, novembro 28, 2007
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Annapolis - Um novo
começo para a Paz
Tzipora Rimon, embaixadora de Israel no Brasil
Sessenta anos se passaram desde que a sessao das Naçoes Unidas, presidida
pelo estadista brasileiro Oswaldo Aranha, decidiu resolver o conflito
árabe-israelense ao criar duas dois estados para dois povos. A falha em se
alcançar esta soluçao de dois estados resultou em décadas de sofrimento para
os dois povos, ainda que justiça e imparcialidade desta soluçao permaneçam
válidas. A soluçao de dois estados é o melhor caminho para israelenses e
palestinos para se estabelecer a paz e segurança interna e recíproca. A
futura conferencia de Annapolis (EUA) tem como objetivo restaurar os
esforços para o processo de paz. É um novo começo para um processo que se
arrasta há muito tempo.
Enquanto nao há questoes fundamentais ou prazos a serem negociados em
Annapolis, o compromisso fundamental para uma soluçao pacífica será
re-estabelecido. Este evento será seguido de conversas intensivas a respeito
de todos os assuntos em destaque, com a meta de finalmente se colocar um fim
ao sofrimento mútuo e trazer o início de uma era de construçao mútua. Neste
sentido é bom relembrar a visao de "dois estados para dois povos" - uma nova
realidade entre Israel e palestinos na qual as duas naçoes-estados
co-existirao em paz e segurança. Assim como Israel é a terra natal do povo
Judeu, a Palestina será estabelecida como a terra natal e incorporaçao das
aspiraçoes nacionais do povo palestino - onde quer que estejam.
A responsabilidade de resolver a questao israelense-palestina está com as
partes e os compromissos que devem ser feitos nas negociaçoes vindouras
serao complexos e desafiadores. Muitas questoes complexas essenciais devem
ser debatidas e ao mesmo tempo, a situaçao atual nao pode ser ignorada. Por
este motivo, enquanto as negociaçoes a respeito do formato da soluçao de
dois estados avançam, a verdadeira implementaçao da visao permanece
dependente do cumprimento do Mapa de Caminho como aceito pelos dois lados.
Na primeira fase do documento, a Autoridade Palestina se obriga a cessar
atividades terroristas contra Israel em qualquer lugar. O mundo nao precisa
de outro estado terrorista. Por este motivo, os compromissos da Autoridade
Palestina com o "Mapa de Caminho" devem ser completados antes do
estabelecimento do Estado Palestino - especialmente aqueles relacionados a
questoes de segurança.
"Os esforços israelenses para se criar uma nova realidade
de paz com a liderança moderada palestina nao significa
que Israel nao irá mais confrontar os extremistas
ou abrir mao das vidas de seus cidadaos"
Israel, por sua parte, também mostrou sua prontidao em atender suas
obrigaçoes no "Mapa de Caminho" e implementou um número de medidas para
apoiar o processo. Além de ordenar a pausa em toda atividade de construçao
de assentamentos e remover postos ilegais, Israel libertou cerca de 800
presos palestinos envolvidos em terrorismo, concedeu anistia a 170
terroristas procurados do Movimento Fatah após que os mesmos renunciassem a
violencia, removeu 25 bloqueios de estrada e checkpoints (barreiras de
checagem) na Cisjordânia, transferiu para a Autoridade Palestina cerca de
US$ 250 milhoes em impostos e arrecadaçoes, uniu-se a parceiros
internacionais para promover projetos de desenvolvimento da infraestrutura
palestina e reconvocou diversos Comites Bilaterais estabelecidos no Acordo
de Oslo - tudo para atender as necessidades da Autoridade Palestina.
Enquanto a responsabilidade de resolver o conflito está com os lados, o
encontro de Annapolis deve ser seguido por um esforço internacional com o
intuito de proporcionar um ambiente de apoio para ambos os lados, para que
possam chegar a um acordo. Por exemplo, a Conferencia de Doadores em Paris
marcada para dezembro proporcionará uma oportunidade para que estados
doadores possam ajudar o avanço da Autoridade Palestina neste processo. A
comunidade internacional tem um papel importante ao aumentar o funcionamento
da Autoridade Palestina e melhorar as condiçoes econômicas para os
Palestinos como um todo. Isto é crucial para que se ganhe o apoio da
populaçao que precisar ver os frutos do processo de paz, mesmo enquanto as
negociaçoes estejam ocorrendo.
"Enquanto para judeus e árabes Annapolis representa
a esperança, Gaza representa a alternativa aterrorizante.
Dentro da Gaza controlada pelo Hamas, a populaçao
palestina está sujeita a uma opressao religiosa tirânica,
minorias cristas sao espancadas e assassinadas"
Trabalhar em prol de uma soluçao pacífica para o conflito é um desafio de
enormes proporçoes, mesmo sem o histórico de uma escalada mundial do
extremismo islâmico. Por este motivo, os mundos árabe e islâmico em
particular tem um papel especial a desempenhar para apoio aos moderados e
isolamento dos extremistas. Quando os acordos entre as partes for alcançado,
até mesmo em questoes menos relevantes, o apoio dos estados árabes moderados
será essencial, especialmente em combater estes extremistas determinados a
impedir qualquer sucesso. Ao mesmo tempo enquanto os avanços se concretizam,
o progresso e a normalizaçao entre o mundo árabe e Israel serao instaurados.
Com o apoio dos moderados da regiao, o diálogo israelense-palestino deve
resultar em laços mais estreitos e cooperaçao por todo o Oriente Médio.
Enquanto para judeus e árabes Annapolis representa a esperança, Gaza
representa a alternativa aterrorizante. Dentro da Gaza controlada pelo
Hamas, a populaçao palestina está sujeita a uma opressao religiosa tirânica,
minorias cristas sao espancadas e assassinadas e as mulheres que violam o
extremo código de vestimentas sao assediadas nas ruas. Além disso, desde a
tomada de Gaza pelo Hamas em Junho de 2007, mais de 350 mísseis e 500
morteiros foram disparados contra civis israelenses a partir da Faixa de
Gaza - causando inúmeras casualidades, ampla destruiçao e uma atmosfera de
constante terror. Enquanto comprometido com a paz, Israel ainda tem a a
responsabilidade de defender seus cidadaos de ataques terroristas.
Infelizmente os extremistas farao de tudo para cessar o processo de paz.
Portanto, devemos lembrar que os esforços israelenses para se criar uma nova
realidade de paz com a liderança moderada palestina nao significa que Israel
nao irá mais confrontar os extremistas ou abrir mao das vidas de seus
cidadaos. O encontro de Annapolis tem o potencial para reiniciar o processo,
mudar a face do Oriente Médio. Israel tem esperanças que todas as partes
envolvidas irao aproveitar esta oportunidade e fazer o possível para ajudar
a pavimentar o caminho em direçao a paz.
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Magal
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