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Novo Secretário Geral da ONU será um sul-coreano

 

Sul-coreano recebe uma ONU dividida

Está prevista para segunda-feira a votação formal no Conselho de Segurança que vai consagrar o ministro sul-coreano do Exterior, Ban Ki Moon, de 62 anos, como o oitavo secretário-geral da história das Nações Unidas. Ele substituirá, a partir do primeiro dia de janeiro de 2007, o africano Kofi Annan (de Ghana), que serviu dois mandatos, num total de 10 anos, e deixa o cargo a 31 de dezembro.

Embora Moon ainda tenha de ser votado também pela Assembléia Geral, a escolha geralmente se dá nos conchavos do Conselho de Segurança - onde o candidato cujo nome é encaminhado à consideração da totalidade dos países-membros tem de sobreviver ao poder de veto dos cinco membros permanentes, EUA, Rússia, Grã-Bretanha, China e França.

Pode-se dizer que no caso atual, como no de Kofi Annan há 10 anos, a escolha foi do governo dos EUA - praticamente o único país, já há bastante tempo, que usa rotineiramente o poder de veto. Em 1996 o egípcio Boutros Boutros Ghali deixou de ser reeleito (o único secretário-geral na história da ONU a não ter segundo mandato) devido ao veto dos EUA, o que indignou a França.

Ban Ki Moon, os EUA e o 11/9

Ban Ki Moon é o segundo asiático a chegar ao cargo - o outro foi U Thant, da Birmânia, que serviu de 1961 a 1971. Alguns estão vendo o sul-coreano como o primeiro na história a ser eleito depois de fazer uma campanha pessoal ativa. Na verdade, foi também assim, de certa forma, com Boutros Ghali. Em 1991, a princípio os EUA mostraram-se neutros. Ao se definirem por ele, garantiram a eleição.

O caso de Annan, primeiro funcionário da ONU a tornar-se secretário-geral, é particularmente eloqüente por ter sido quase imposto pelos EUA - que também apoiaram o segundo mandato para ele. Depois acabariam por lançar uma vigorosa campanha de difamação contra Annan, que ousara dizer, com todas as letras, que a guerra de Bush no Iraque foi ilegal.

Moon tem mestrado em administração pública na Universidade de Harvard, mas parece qualquer coisa menos preparado para os problemas que o novo secretário-geral terá de enfrentar. Há quem o veja como mero burocrata pronto a servir aos interesses de Washington e, paralelamente, evitar problemas com os outros quatro donos de assento permanente no Conselho de Segurança.

No governo da Coréia do Sul, ele ocupou vários postos - além de ter sido chefe de gabinete na presidência da 56ª sessão da Assembléia Geral da ONU, quando o cargo foi de seu país. Data daí a proximidade com os EUA (e o governo Bush), pois a sessão tivera início a 12 de setembro de 2001 - dia seguinte às ações terroristas nos EUA, que desencadearam uma histeria patrioteira.

Nova agenda desafiadora

Os poderes do cargo de secretário-geral são tradicionalmente limitados. Sua autoridade depende em boa parte da capacidade que tenha o ocupante de manter alguma credibilidade e legitimidade, conforme observou a cientista política Alynna Lyon, professora da Universidade de New Hampshire, onde dirige o programa sobre como deve ser uma ONU modelo.

O secretário-geral precisa ser encarado, em qualquer situação, como um mediador honesto e confiável. "Ele tem de tentar equilibrar-se entre os desejos dos cinco donos de assento permanente e, ao mesmo tempo, representar todos os países do mundo. E ainda existe a expectativa de que o secretário-geral seja um advogado das pessoas e não só dos governos", explica Lyon.

Para complicar as coisas, Moon herda uma ONU profundamente dividida. Como diz o ex-embaixador William H. Luers, no grupo de nações em desenvolvimento com perfil mais visível hoje na comunidade internacional há aliados próximos dos EUA, com agenda favorável a uma reforma da organização que amplie a força de certos organismos, como a Assembléia Geral, às expensas do secretaria-geral e do Conselho de Segurança.

Outros países ganham mais força

O americano Luers preside a Associação da ONU nos EUA, que atua sempre - às vezes até divergindo de Washington - em favor do fortalecimento da organização mundial. Ele tem consciência de que os cinco países com poder de veto no Conselho continuarão a fazer tudo para manter seus privilégios atuais, sem abrir mão de nada do que tiveram ao longo dos últimos 60 anos.

Em relação ao Conselho, os cinco continuarão a repetir que para a ONU ser mais eficaz e responsável será preciso uma liderança vigorosa, com poucos países nesse organismo político. Assim, Moon tende a ficar entre dois fogos, empurrado para direções opostas. Não é a repetição do ocorrido na década de 1970, quando Daniel Moynihan, embaixador dos EUA, criticou o "seqüestro da ONU pelo Terceiro Mundo".

Agora, diz Luers, "países como Índia, Egito, Paquistão, África do Sul e Brasil estão desempenhando papel crescente e construtivo nos assuntos internacionais, tanto na economia como na área de segurança". Precisamente por isso, eles querem e esperam papel maior no processo de decisão da ONU. E já começaram a mostrar isso com sua atuação dentro do Grupo dos 77 (que hoje são 132 dos 192 votos da Assembléia).



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Magal
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