O Brasil tem cerca de 101 mil judeus, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Etatística (IBGE), coletados em 2000. No entanto, essa população pode passar de 120 mil judeus, de acordo com levantamento feito pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), em 2005. A dissonância pode ser maior caso sejam incluídos os judeus retornados, também conhecidos como marranos.
Marranos são os cristão-novos que desejam voltar às origens judaicas. Muitos deles, no Brasil, cultivam valores e rituais típicos da cultura dos judeus, mas sem saber que não se trata de cultura brasileira. Os cristãos-novos foram obrigados a deixar a cultura judaica de lado por conta da inquisição, tribunal da Igreja Católica Romana, que julgava todos aqueles considerados uma ameaça à doutrina, o conjunto de leis do catolicismo.
“O Brasil tem o maior movimento de pessoas que descobriram que têm origem judaica e que desejam voltar ao judaísmo. Até hoje praticam cerimoniais secretamente, sem saber que o que praticam é o judaísmo”, explicou a professora de história da Universidade de São Paulo (USP) Anita Wangort Novinsky.
Entre os costumes judaicos praticados pelos marranos está o hábito de não comer carne de porco, varrer a casa de fora para dentro, enterrar os mortos com mortalhas e em valas profundas. “Ainda ficam uma semana de luto, sentados em almofadas no chão e comendo em mesa baixa. Eles também casam entre si. Hoje, pouco a pouco, tomam conhecimento de que isso é judaísmo”.