A Força Aérea israelense atingiu pontes em bairros de população cristã ao norte da capital e cortou a ligação do país com a Síria na principal rodovia costeira. "É realmente um grande prejuízo porque usávamos essa estrada para transportar nossos funcionários e suprimentos para dentro do país", disse Astrid van Genderen Stort, do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur). "Se não tivermos novo material chegando, estaremos basicamente paralisados". As ações israelenses já haviam destruído a principal estrada que liga Beirute a Damasco.
O primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, advertiu na quinta-feira que o país só tinha combustível suficiente para mais uma semana. Com nenhuma ação na ONU para encerrar a guerra que já dura 24 dias, o Exército israelense se preparava para avançar talvez até o rio Litani, a cerca de 20 Km ao norte da fronteira, numa região em que cerca de 10.000 soldados já vêm combatendo o Hezbolá.
As batalhas continuavam nesta sexta-feira. A TV Al Arabiya disse que cinco soldados israelenses morreram perto do vilarejo fronteiriço de Markaba. O Exército israelense ainda não havia se pronunciado sobre esta notícia. "Os estrondos das explosões são contínuos, os aviões não deixam o céu. É um dos piores dias (de combate)", disse uma fonte de segurança libanesa.
Israel voltou a atacar instalações civis libanesas um dia após ataques do Hezbolá terem matado oito civis e quatro soldados, o maior número de baixas num só dia do lado israelense. Pelo menos 693 pessoas já morreram no Líbano e 68 em Israel. O conflito começou em 12 de julho, quando o Hezbolá capturou dois soldados de Israel numa ofensiva na fronteira.
Pelo menos cinco pessoas morreram, entre elas um soldado do Exército libanês, e 12 ficaram feridos nos bombardeios às pontes, segundo a Cruz Vermelha. Outro soldado morreu durante a madrugada em ataques no bairro pobre de Ouzai, perto do aeroporto de Beirute. Bombas abalaram os bairros de população xiita dominados pelo Hezbolá. Ameaças
O líder da milícia xiita, Sayyed Hassan Nasrallah, disse que o Hezbolá interromperia os disparos de foguetes contra Israel se o Estado judaico parasse o bombardeio ao Líbano. Mas ele também ameaçou atingir Tel Aviv caso Israel bombardeasse o centro de Beirute. "Se vocês atacarem Beirute, a Resistência Islâmica vai atacar Tel Aviv, e ela é capaz de fazer isso", disse Nasrallah.
O ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, deu ordens ao Exército para se preparar para avançar até o rio Litani, mas o gabinete do primeiro-ministro Ehud Olmert ainda precisa aprovar a ofensiva, que iria além da "zona de segurança" no sul do Líbano.
Fontes políticas disseram que Olmert até agora se negou a enviar soldados até o rio Litani e que não estava convencido de que isso bastaria para impedir os ataques de foguetes do Hezbolá ao norte de Israel. "Nenhuma decisão foi tomada", disse o general Ido Nehushtan. "Uma invasão até o Litani seria a incursão mais profunda de Israel no Líbano desde o cerco a Beirute em 1982".
Israel disse que suas forças haviam ocupado 20 vilarejos que ficam a até 7 Km da fronteira. Nasrallah disse que o Hezbolá continuaria a ser capaz de atacar Israel com foguetes mesmo se as forças israelenses entrassem em Beirute.
A França e os Estados Unidos devem ter novas negociações sobre uma resolução na ONU pedindo o fim do conflito e o fortalecimento das tropas de manutenção de paz da organização já existentes no sul do Líbano, até que uma força mais robusta possa substitui-las. Washington quer uma força internacional no sul do Líbano logo após a trégua, mas a França, vista como provável líder da força, quer o envio das tropas apenas depois de um cessar-fogo.
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