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Hizbollah mata 9 em emboscada / Grupo mostra ter "coelhos na cartola"


 
 
GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Hizbollah mata 9 em emboscada
Número de baixas é o maior do Exército de Israel desde o início do conflito; crescem críticas à estratégia

Ação, que deixou outros 19 militares feridos, ocorreu na aldeia xiita de Bint Jbeil, principal centro de comando do grupo no sul do Líbano


Carlos Barria/Reuters
Soldado israelense protege a audição em disparo da artilharia em Fassuta, sul do Líbano; em outro local nove militares de Israel foram mortos em emboscada


MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HAIFA

Milicianos do Hizbollah mataram ontem nove militares de Israel numa emboscada na aldeia xiita de Bint Jbeil, principal centro de comando do grupo no sul do Líbano. Outros 19 militares ficaram feridos, dos quais três em estado grave, no dia com maior número de baixas do Exército israelense. Redes de TV israelenses chegaram a falar em 14 mortos, mas não houve confirmação oficial.
Anteontem, militares israelenses chegaram a anunciar que haviam tomado o controle da aldeia, mostraram corpos e armas de membros do Hizbollah, mas foram surpreendidos pelo grupo. Na aldeia de Marou al Ras, que está sob ocupação israelense há três dias, outro oficial foi morto ontem e dois ficaram feridos com gravidade pelo disparo de um míssil do Hizbollah.
Com as baixas, cresceram as crítica internas em Israel ao planejamento da operação. Vozes de dentro do Exército pedem ampliação da operação e alegam que o comando falhou na avaliação das informações de inteligência.
O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, recebeu as notícias das baixas durante reunião com deputados do Knesset, o Parlamento israelense. Depois, em visita a cidades do norte de Israel atingidas por foguetes Katyushas, disse: "Não pretendo dizer quando a missão termina. Eles [o Hizbollah] perceberão sozinhos, e pelo caminho mais duro".
À noite, Olmert convocou seu gabinete de segurança para debater os próximo passos do conflito. Segundo fontes militares, milicianos do Hizbollah atacaram uma força avançada de Israel que se aproximava de casas em uma das entradas da aldeia de Birt Jbeil, de 20 mil habitantes, a cerca de cinco quilômetros da fronteira.
A ofensiva em Bint Jbeil é parte do plano israelense de atacar o Hizbollah no sul do Líbano para ocupar uma zona de segurança na região, até a chegada de tropas internacionais. Soldados de Israel começaram incursões ao leste.
O Exército diz ter matado ontem "dezenas" de guerrilheiros, destruído centros de comando e encontrado depósitos de armas e munição em túneis e em mesquitas. O Hizbollah admite oito mortos.

"Nova fase"
"Nós lutamos uma guerra de guerrilhas. O importante são as baixas que infligimos a Israel", disse o líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah, em entrevista ontem à TV Al Arabiya.
Em pronunciamento de madrugada, Nasrallah dissera que o confronto entraria numa "nova fase" e ameaçou lançar foguetes para atingir Tel Aviv, a maior cidade israelense. Ele disse estar aberto a negociações de cessar-fogo, mas sem "condições humilhantes".
O discurso do dirigente do Hizbollah, o quarto pela TV desde que Israel começou a ofensiva, pode ter colocado Tel Aviv na mira do grupo xiita, mas também instalou nos libaneses uma sensação de que o pior ainda está por vir. A impressão é de que, se realmente atingirem localidades israelenses além de Haifa, a 30 km da fronteira libanesa, a reação do Estado judeu será devastadora.
"Quando parecia surgir uma pequena janela de oportunidade para o fim da violência, o conflito ganhou um ritmo ainda mais acelerado. A impressão agora é de que ainda estamos caminhando para o clímax do confronto", disse o analista político Ahmad Moussali. "A diplomacia falhou e os dois lados não recuam. É uma tragédia."
A perspectiva de que Tel Aviv seja atingida assusta os moradores da capital. "Nasrallah não quer ficar atrás de Saddam Hussein", diz o engenheiro Raymond, que prefere não dizer o sobrenome, enquanto toma um café em Hamra, centro antigo de Beirute. Ele lembra: em 1991, na Guerra do Golfo, dezenas de mísseis lançados pelo regime do ex-ditador iraquiano atingiram os subúrbios de Tel Aviv.
"Desta vez é diferente. Israel está travando essa guerra sozinho e não vai tolerar um ataque a sua maior cidade. Quem sofrerá, mais uma vez, são os civis libaneses." O Hizbollah disparou ontem mais de 120 foguetes Katyusha contra o norte de Israel, que feriram quatro civis -um deles com gravidade. As barragens de Katyusha atingiram pelo menos seis cidades da Galiléia, além dos subúrbios de Haifa. Israel bombardeou um prédio na cidade de Tiro, na costa libanesa, onde ficava o escritório de Nabil Kaouk, um dos líderes do Hizbollah. Ele não estava no local.
Na madrugada de hoje (noite de ontem no Brasil), rádios locais diziam que Israel havia atingido uma base do Exército libanês e uma estação de retransmissão da rádio estatal libanesa em Aamchit, 50 km ao norte de Beirute.

Colaborou MARCELO NINIO, enviado especial a Beirute

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2707200605.htm
 
análise

Grupo mostra ter "coelhos na cartola"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HAIFA
Desde o início do conflito, no dia 12 de julho, o Hizbollah vem conseguindo surpreender o Exército de Israel. Os comandantes militares israelenses afirmam que têm suficiente informação de inteligência sobre o grupo, mas fatos mostram que a organização tinha -e ainda tem- coelhos na cartola.
Ontem, os militares israelenses descobriram a capacidade de reagrupamento e contra-ataque do Hizbollah, no conflito na aldeia de Bint Jibeil -que Israel considerava estar dominada, após ter sido cercada por tanques, com apoio de artilharia e de bombardeios aéreos.
O Hizbollah construiu, durante anos, uma rede de túneis e abrigos ao longo da fronteira difícil de ser localizada. O grupo tem soldados uniformizados, bem treinados e equipados por iranianos e sírios, e com motivação fanática religiosa.
Mas, de maneira também surpreendente, não vem usando homens-bomba durante batalhas, segundo disseram à Folha militares de Israel.
Os métodos do Hizbollah recém-descobertos por Israel estão provocando críticas duras ao comando militar do país. Generais estão pedindo mais tropas e atribuindo as falhas a Dan Halutz, chefe do Estado-Maior.
As táticas usadas pelo Hizbollah consistem em tentar anular a desvantagem numérica e tecnológica do Exército de Israel.
A emboscada de ontem, por exemplo, começou ao amanhecer, quando os soldados israelenses já não tinham a ajuda de equipamentos de visão noturna.
Os guerrilheiros atraíram os soldados para uma área urbana e só saíram do esconderijo quando obtiveram vantagem para abrir fogo primeiro.
Isso envolve civis no conflito, colocando Exércitos regulares em dilemas morais e sob cobrança de governos que grupos terroristas sem Estado não enfrentam.
Israel admitiu também que não sabia da existência de mísseis iranianos antinavios, disparados da costa, nas mãos do Hizbollah. Um deles matou quatro marinheiros em uma corveta israelense a 16 quilômetros de Beirute.
(MG)

 
Notas do front

O BOM NASRALLAH

Israelenses feridos por Katyusha levaram um susto ao darem entrada no serviço de emergência do Hospital Rambam, em Haifa. O crachá do médico diz "Doutor Nasrallah". Trata-se de Haitem Nasrallah, árabe-israelense da cidade de Shfaram, nos arredores de Haifa. Ele estudou medicina na Itália e agora faz estágio no Ranbam. Nasrallah, que não tem parentesco com o líder do Hizbollah, ouve piadinhas o dia inteiro. "Ele que mude o sobrenome", brinca o médico.

MULTA
Moradores do norte de Israel que fugiram com medo estão lidando com o grave problema de vagas para carros nas ruas de Tel Aviv. Na maior parte da cidade, só podem estacionar carros com um selo de identificação da prefeitura. Muita gente colocou bilhetes, pedindo para os guardas não multarem, alegando que veio de Haifa. Não funcionou. Mas a Prefeitura de Tel Aviv prometeu cancelar, por solidariedade.

PATRIOTISMO
Uma onda de patriotismo surgiu em Israel. Um banco está distribuindo adesivos com a frase "Nós venceremos". Autoridades colocaram placas nas ruas com a bandeira do país e a mensagem "Força e coragem".

UNIÃO
O apoio político ao governo do primeiro-ministro Ehud Olmert continua alto no Knesset, o Parlamento de Israel. Até Benyamin Netanyahu, maior adversário do Kadima, o partido de Olmert, não se cansa de repetir, todos os dias, que, apesar das diferenças, nesse momento de conflito ele vai ficar do lado do premiê.

TV CORAGEM
"25 de setembro de 2005, 25 de julho de 2006, aqui estou de volta, desculpem o atraso." Com essas palavras, a jornalista May Chidiac voltou à tela da televisão libanesa pela emissora LBC, dez meses depois de sofrer um atentado em que perdeu um braço e uma perna. "Aqueles que tentaram me assassinar queriam assassinar a liberdade do país, mas não conseguiram", declarou Chidiac, na comentada estréia de seu novo programa, "Com Toda a Coragem".
 
 

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