Violência neonazista cresce na Alemanha
Com poucas semanas até o início da Copa do Mundo, histórias sobre a violência neonazista na Alemanha subitamente estão em toda a parte.
Novos números divulgados na segunda-feira (22/5) sugerem que os crimes da extrema direita no país estão aumentando -especialmente no lado orientalCertamente não era essa a manchete que a Alemanha queria ver nos jornais nas últimas semanas antes do início da Copa do Mundo em Munique no dia 9 de junho.
Mas histórias de violência neonazista, subitamente estão em toda parte. Na segunda-feira (22/5), novos números mostrando um aumento da violência da extrema direita em 2005 lançaram combustível ao fogo.
O Ministro do Interior da Alemanha Wolfgang Schäuble disse na segunda-feira que estava muito preocupado com o forte aumento dos crimes de extrema direita e pediu aos alemães que nunca virassem as costas quando vissem alguém ser atacado. "Não deve haver áreas na Alemanha em que não se pode entrar", disse em uma conferência com a imprensa na qual apresentou o relatório do serviço de inteligência doméstica de 2005, o Bundesverfassungsschutz.
Schäuble disse que queria expandir a presença da polícia para deter ataques a estrangeiros e imigrantes e disse que as autoridades estavam determinadas a extinguir a violência da extrema direita. "É por isso que as pessoas se sentem seguras em nosso país", disse ele.Crimes por motivos de raça aumentou em 2005O relatório de inteligência mostrou que o número de atos de violência da extrema direita por razões raciais aumentou em 23% no ano passado, para 958, enquanto o número de extremistas dispostos a se envolver em atos de violência aumentou em 400, para 10.400.
Dos atos de violência de 2005, 816 envolveram danos físicos, subindo de 640 em 2004. O número de tentativas de assassinato caiu de seis para dois. Ataques com fogo também caíram de 37 para 14.O número total de crimes de extrema direita com motivos políticos, no entanto, cresceu 27%, para 15.361. A maior parte foram atos de propaganda de extrema direita, como a exposição da suástica nazista, que é contra a lei na Alemanha.Schäuble disse que uma das razões para o aumento na violência pode ser o aumento de manifestações de grupos de extrema direita, o que por sua voz provocou manifestações contrárias da esquerda.
As conclusões do relatório coincidiram com um debate sobre as observações, na semana passada, de um ex-porta-voz do governo que aconselhou visitantes negros a evitarem partes orientais do país, como Brandenburgo, Estado em torno de Berlim."Existem cidades pequenas e médias em Brandenburgo, assim como em outros Estados, que eu aconselharia que visitantes de outra cor de pele evitassem.
É possível que não saiam com vida", disse Uwe-karsten Heye, hoje diretor de uma organização de combate ao racismo chamada "Mostre Sua Cor".Heye tem base -de acordo com relatórios de inteligência, o risco de uma pessoa se tornar vítima de um ataque da extrema direita é quase 10 vezes maior em Brandenburgo do que no Estado ocidental de Hesse, por exemplo.
No Estado oriental de Saxônia-Anahalt, o risco é 12 vezes maior do que em Hesse.No entanto, muitos políticos advertiram que os comentários de Heye poderiam sair pela culatra, porque ele efetivamente admitiu que os neonazistas estão tendo sucesso com sua estratégia de criar "zonas livres de estrangeiros".A direita estará vencendo?Wolfgang Wiegand, membro do partido de oposição Verdes, disse que extremistas da direita podem interpretar as observações de Heye como uma vitória. Wofgang Thierse, membro do parlamento da Alemanha oriental, disse que "estigmatizar" toda uma região da Alemanha desestimularia a luta dos cidadãos locais contra a extrema direita.
Heye fez suas observações depois de ataques racistas recentes que prejudicaram a tentativa da Alemanha de projetar uma imagem cosmopolita para a Copa. No mais recente incidente, na sexta-feira à noite, um político alemão de origem turca -que é membro da assembléia local de Berlim -foi atingido na cabeça com uma garrafa por dois atacantes desconhecidos, no distrito de Lichtenberg, no oeste de Berlim.Giyasettin Sayan, 56, porta-voz de imigração do Partido da Esquerda, está sendo tratado no hospital com uma concussão.
Ele disse à televisão local que um dos atacantes gritara: "Sua bosta turca, nós vamos te pegar."Enquanto isso, os neonazistas vêm usando a Internet para convocar uma manifestação para o dia 21 de junho em Leipzig, antes do jogo da Copa do Mundo entre Irã e Angola.
Sua idéia é apoiar o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que descreveu o Holocausto como uma "mentira" e quer que Israel seja tirado do mapa.O Sindicato dos Policiais entrou com um pedido na justiça para proibir todas as manifestações próximas aos estádios da Copa do Mundo na época do torneio. "Durante a Copa, não haverá número suficiente de policiais para garantir esses eventos", disse o diretor do sindicato, Konrad Freiberg.
O ministro do trabalho Franz Münterafering exortou o povo a se manifestar contra o nazismo, dizendo: "Deixaremos claro que ninguém na Alemanha precisa ter medo por ter uma cor de pele diferente, um nome diferente ou uma origem diferente."