
Antigamente um vendedor ambulante viajava com seus bens de uma cidade para outra, frequentemente sem ter um lugar decente para repousar à noite. Em uma de suas viagens, o vendedor mandou seu cocheiro parar na floresta, pois estava exausto e pronto para passar a noite em baixo das estrelas. O chão era duro e o homem virava-se sem achar posição e conforto. Não conseguindo adormecer, tirou sua garrafa de vodka e bebeu alguns goles. Imediatamente caiu em um sono tão profundo, que passou o dia seguinte todo dormindo e só acordou novamente quando já era escuro. Pensando ainda estar no meio da primeira noite e incapaz de adormecer novamente, bebeu mais vodka. Pronto, ele novamente apagou, mais uma vez dormindo durante o dia todo e acordando apenas na noite seguinte. “O que acontece aqui?” - chamou o cocheiro - “O dia nunca amanhece neste local?”
D’us envia uma nova luz e energia ao mundo e novas oportunidades para nossas vidas. Fiquemos atentos e não percamos as chances de iluminar o nosso cotidiano e os nossos lares especialmente através das velas de Shabat e Yom Tov que se apresentam múltiplas vezes no primeiro mês do nosso calendário judaico, mês repleto de festividades judaicas.
O Talmud conta sobre um episódio interessante em certa véspera de Shabat. Logo após o acendimento de suas velas, a filha do famoso Rabi Chanina ben Dossa ficou preocupada. Na sua pressa para não atrasar o horário de Shabat, ela tinha erroneamente trocado o frasco de óleo que usava para encher o candelabro, com o frasco de vinagre. Seguramente, em poucos minutos, acabando o restinho do óleo da semana passada, as chamas apagariam e passariam o jantar de Shabat no escuro.
O pai consolou a filha e disse: “Não se incomode, Aquele que ordenou ao óleo a arder, Ele ordenará ao vinagre a arder! Os dois foram criados por D’us, e os dois executarão a Sua vontade”. E assim foi. A luz no candelabro na casa do Rabi Chanina ben Dossa permaneceu acesa até o final do Shabat, quando utilizaram o seu fogo para acender a vela da Havdalá!
De fato, a essência e a beleza da mitsvá das velas de Shabat é possibilitar à pessoa a enxergar além das aparências exteriores do nosso mundo físico que ocultam a verdade Divina e descobrir como cada existência foi criada por uma Entidade Singular que está constantemente dando vitalidade a tudo.
A matriarca Sara, sobre quem o Todo Poderoso D’us aconselha ao patriarca Avraham, na porção da Torá lida no primeiro dia de Rosh Hashaná “Tudo o que Sara lhe disser, escute sua voz”, vivia modestamente em uma tenda abençoada triplamente com sinais especiais, precursores dos milagres no Templo Sagrado. Uma das características do seu lar foi que as velas de Shabat que ela acendia permaneciam acesas a semana toda; as chamas da santidade nunca se apagavam. A tenda de Sara não foi apenas o protótipo para cada lar judaico, proveu a “planta” até mesmo para o Templo Sagrado. O Templo foi uma mera reflexão da santidade estabelecida entre o primeiro casal judeu, um lembrete da verdadeira natureza do nosso lar.