O que é Genocidio
O que é genocídio? Jayme Fucs Bar
Eu tenho pensado muito nessa palavra de ordem que está hoje muito presente nas ruas e na mídia: "Israel Genocida". Isso vem funcionando como uma avalanche, mas não estou seguro se todos entendem o que vem a ser genocídio. Me parece que cada um usa essa palavra em função das suas próprias interpretações e de seus interesses políticos ou ideológicos, sem se importar realmente em entender.
A origem do termo genocídio
O termo genocídio está vinculado a uma questão jurídica e foi idealizado por um historiador judeu nascido na Polônia, chamado Raphael Lemkin (1900-1959), que começou a pesquisar a questão do extermínio de populações muito antes do Holocausto. O próprio Lemkin se tornou um sobrevivente do Holocausto e encontrou refúgio nos Estados Unidos.
Após a guerra, a recém-formada Organização das Nações Unidas adotou as ideias de Lemkin e finalmente foi definida e formulada na "Convenção para a Prevenção do Crime de Genocídio e a Punição de seus Autores", que foi concluída em 9 de dezembro de 1948.
De acordo com a Convenção, "genocídio é um ato que visa destruir, no todo ou em parte, um grupo étnico, racial ou religioso, como tal".
Isso se interpreta que genocídio é "planejar exterminar parte ou totalmente um grupo, e impor deliberadamente a um grupo condições de vida que possam levar à sua destruição"
A situação em Gaza
Impacto duradouro
Portanto, a matança, a fome e a destruição de Gaza são um fato que ficará na memória de muita gente por muitos anos, talvez em muitas gerações, pois, independente do que você possa tentar definir se o que passa em Gaza está enquadrado ou não no conceito legal de genocídio, essa questão é uma guerra perdida, pois nas ruas e nos meios de comunicações e nos tribunais da ONU já está formulado que "Israel comete genocídio em Gaza".
Retórica governamental
O que piora toda essa situação é a velha retórica do atual governo de Israel que a Hamas somente libertará os reféns através do uso de mais força, mais mortes e destruição.
O resultado nos mostra o contrário: os reféns continuam presos nos seus cativeiros!
A complexidade do Oriente Médio
Com certeza, a realidade e a complexidade no Oriente Médio são muito diferentes do resto do mundo, mas não é necessário ser um especialista em Oriente Médio para entender que a política desses quase 20 anos de governo nada contribuiu para a nossa segurança e estabilidade. A situação somente piorou e muito!
De fato! O Irã, a Hamas e a Hisbola, nessa região, somente se fortaleceram e se tornaram perigosos para a nossa existência nesse longo período em que Israel é governado por Benjamin Nataniel, onde a grande estratégia desse governo sempre foi a manutenção e o fortalecimento dos colonos nos territórios ocupados na Cisjordânia, sem uma estratégia clara e efetiva para saber como destruir o processo do crescimento militar do Irã e seus aliados, e o resultado foi a surpresa do 7 de outubro e, em consequência, o caos que estamos vivendo nos dias de hoje.
Israel está cometendo genocídio em Gaza?
Perspectiva israelense
Se fizermos essa pergunta aos israelenses, a sua grande maioria diria que não há um genocídio em Gaza, pois não existe em Israel a intenção e nem um plano de exterminar os palestinos!
Mas muitos iriam afirmar que os palestinos são os tem um plano claro de exterminar os judeus e o estado de Israel. Eles sim almejam cometer um genocidio.
Extremismo político
Mas tambem é certo que existem políticos extremistas ultranacionalistas messiânicos na coalizão do Governo que falam de forma clara no termo legal do que é genocídio, não somente a intenção de voltar a ocupar a faixa de Gaza por colonos judeus, como colocar em prática a antiga intenção da ideologia fascista Karanista de fazer uma limpeza étnica na população de Gaza.
Posição militar
O mais importante é que dentro do alto comando do exército IDF também não existe qualquer plano de extermínio da população palestina em Gaza ou em qualquer lugar, e sim o que tem é uma ação militar à tentativa da Hamas de realizar um grande genocídio em Israel.
O povo judeu e sua história
O povo judeu é um povo que persiste na história já há mais de 3400 anos, e quem for abrir os seus livros vai encontrar que suas páginas estão manchadas de muito sangue e de muitas tentativas de levar o povo judeu ao extermínio.
Tenho um amigo escritor e psicanalista, o Paulo Blank. Uma vez ele me disse que "o povo judeu vive num divã." Quem é judeu pode entender essa afirmação. Judeu é um povo que vive do medo e de traumas, e seu pensamento está sempre ligado na luta por sua sobrevivência.
A responsabilidade do Hamas
O que me incomoda não é essa discussão nem as conclusões, e sim a total desconsideração que nesse conflito existe um outro lado. Será que não existe nenhuma responsabilidade da organização terrorista Hamas em tudo que está passando nessa guerra? e principalmente as consequências que vive a população civil em Gaza, mas parece que essa questão a nada interessa.
O fato de que Israel foi atacado pelos terrorista da Hamas, onde milhares de vítimas, entre elas crianças, mulheres e idosos, foram exterminadas, mulheres estupradas, cabeças cortadas e centenas sequestradas, onde ainda temos 50 pessoas em cativeiro, vivas e mortas, parece que isso não se conta e muitos ainda afirmam "que isso não aconteceu, é tudo invenção sionista".
Valores culturais diferentes
Cultura judaica
A cultura e a tradição judaica valorizam a vida, portanto, para os judeus, é inaceitável e até insuportável essa realidade dos mortos e dos reféns no cativeiro. Esse é um grande trunfo que os terroristas do Hamas têm, onde para eles não importa que sua população possa sofrer e pagar um preço alto por isso, pois existe um conceito muito diferente no que seja a valorização da vida.
Ideologia do Hamas
Para eles, a morte e o martírio são o maior valor e não a vida.
O que me assusta nesse contexto é pensar por que o mundo é muito seletivo nessa questão quando se trata de Israel e dos judeus? Por que não existe uma voz única contra as guerras e os devastadores conflitos existentes no mundo?
Seletividade nas preocupações globais
Síria
É incrível! Quase não se ouve falar na mídia ou ver manifestações nas ruas ou mesmo uma discussão no meio acadêmico ou nas universidades sobre o que se passa na guerra civil da Síria, já com meio milhão de mortos, é genocídio ou não?
Ucrânia
Ou mesmo a invasão da Rússia à Ucrânia e os ataques sistemáticos à população civil com mais de 40 mil mortos, é genocídio ou não?
Povos indígenas
Ou se o processo de extermínio sistemático que já dura centenas de anos das nações dos originários das terras brasileiras, os índios no Brasil, é genocídio ou não? Sendo que, em 2018, o Brasil foi denunciado pelo CIMI na Organização das Nações Unidas por risco de genocídio dos povos indígenas.
Sudão
Ou se a guerra no Sudão, com quase 300 mil mortos, é genocídio ou não?
A hipocrisia global
O que falta hoje no mundo é a capacidade de superar sua própria hipocrisia.
Os conflitos são usados em função dos interesses de um estado, de um grupo ou de partidos políticos, pois qualquer pessoa que se considere humanista deveria estar comprometida em tomar ações e atitudes para o fim de todas as guerras e todos os conflitos, e não ações seletivas!
Um mundo de interesses obscuros
Está difícil viver num mundo onde a hipocrisia impera, pois o que está em jogo não é a procura da verdade ou ter soluções, nem realmente saber o que acontece nos conflitos!
Vivemos num mundo onde se joga com cartas marcadas, onde os verdadeiros jogadores distribuem as cartas em função de seus obscuros interesses!
O papel do Brasil no cenário internacional
Jogadores poderosos
Vejam as atitudes do atual governo brasileiro na sua política do exterior, trágico e medíocre, onde Lula e Celso Amorim entraram nesse jogo sem saber que as verdadeiras cartas estão nas mãos dos poderosos jogadores como: Irã, Rússia, China e Estados Unidos.
Oportunidade perdida
O Brasil, nesse jogo sujo, poderia ser um grande e importante mediador, mas o Brasil na liderança de Lula optou por ser mais um "idiota útil" nas mãos dos poderosos.