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Nasrallah diz que ataque com 'pagers-bomba' foi 'declaração de guerra

 Líder do Hezbollah diz que ataque com 'pagers-bomba' foi 'declaração de guerra' de Israel contra povo do Líbano

Nasrallah, líder do movimento xiita libanês, admite que ataque coordenado foi um 'golpe severo' e 'talvez sem precedentes' contra o grupo

Por Coisas Judaicas, com agências internacionais — Beirute

Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah, discursa sobre explosão de pagers e ataques israelenses

Nasrallah diz que ataque com 'pagers-bomba' foi 'declaração de guerra

Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah, discursa sobre explosão de pagers e ataques israelenses — Foto: Al-Manar/AFP

O líder do grupo xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, acusou Israel nesta quinta-feira de violar “todas as convenções e leis”, classificando as detonações de walkie-talkies e pagers-bomba nos últimos dois dias de uma "declaração de guerra" contra o povo do Líbano. Sem detalhar como pretende retaliar, o chefe do principal grupo armado libanês descreveu os ataques atribuídos a Israel — que não se pronunciou sobre o caso — de "massacre" e disse que o movimento, aliado do Irã no chamado Eixo da Resistência, instaurou comitês para determinar as causas que permitiram o ataque. Também nesta quinta, o chefe da Guarda Revolucionária, força de elite do Irã, Hossein Salami, afirmou que Israel sofrerá uma “resposta esmagadora do Eixo de Resistência", também composto pela Síria, pelo grupo terrorista Hamas em Gaza, os houthis do Iêmen e milícias xiitas no Iraque.

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O primeiro pronunciamento de Nasrallah ocorreu enquanto Israel anunciou que bombardeava alvos no Líbano para "degradar as capacidades terroristas e de infraestrutura do Hezbollah", em meio aos temores de escalada de tensões provocada pelos dois dias anteriores de ataques consecutivos aos aparelhos de comunicação do grupo. Ao prestar condolências às famílias das vítimas — o governo estima um total de 37 mortos e mais de 3 mil feridos — e parabenizar o país pela união após o ataque, o líder do Hezbollah detalhou que 4 mil pagers foram detonados, no que chamou de um "ato terrorista" e "massacre".

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Para Nasrallah, Israel violou "todas as convenções, leis e linhas vermelhas" ao realizar o ataque com a detonação remota dos equipamentos civis — algo que autoridades internacionais, incluindo aliadas do Estado judeu, condenaram ontem. A medida, detalhou o líder xiita, colocou em risco uma quantidade desconhecida de civis, uma vez que mais de 4 mil aparelhos estavam em circulação em espaços públicos, incluindo hospitais.

Apesar de não ter um cargo público, Nasrallah se tornou uma das figuras mais influentes do Líbano ao assumir o comando do Hezbollah em 1992, após o assassinato do então líder do grupo, Sayyad Abbas Musawi, por Israel. Sob sua gestão, o movimento cresceu tanto em poder militar quanto em influência política, por meio de uma série de iniciativas sociais para comunidades xiitas, chegando inclusive a receber gabinetes em governos. À frente do grupo durante a última guerra entre Líbano e Israel, ele classificou o ataque atual como "sem precedentes".

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— Não há dúvida de que sofremos um grande golpe, tanto em termos de segurança quanto de humanidade, um golpe sem precedentes na história da resistência no Líbano, pelo menos — disse Nasrallah em seu discurso televisionado. — Sem precedentes na história do Líbano, e pode ser sem precedentes na história do conflito com o inimigo israelense em toda a região, talvez até sem precedentes no mundo.

Ao mesmo tempo em que ressaltou a amplitude do ataque e o que classificou como um interesse criminoso de fazer vítimas civis, Nasrallah afirmou que as capacidades bélicas do Hezbollah não foram diretamente afetadas pelas detonações, e que as lideranças do grupo não foram atingidas, porque não tinham sido contempladas com os pagers do carregamento adulterado com explosivos.

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Também avaliou que o ataque fortaleceu a unidade do grupo em torno do objetivo de confrontar Israel, prometendo retaliação pelo ataque, uma resposta direta em caso de invasão do Líbano e um apoio contínuo ao Hamas, até que a guerra em Gaza seja interrompida.

— Dizemos a [ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin] Netanyahu e [ao ministro da defesa israelense, Yoav] Gallant... e ao governo, Exército e sociedade do inimigo: A frente libanesa não vai parar até que a agressão a Gaza cesse — afirmou o secretário-geral. — Estamos dizendo isso há 11 meses. Podemos estar nos repetindo, mas esta declaração vem depois desses dois grandes golpes... Eu digo claramente: Não importa os sacrifícios, consequências ou possibilidades futuras, a resistência no Líbano não vai parar de apoiar Gaza.

Nasrallah diz que ataque com 'pagers-bomba' foi 'declaração de guerra


Fumaça em vila no sul do Líbano após ataque aéreo de Israel — Foto: Rabih Daher / AFP

Enquanto o discurso de Nasrallah era transmitido em rede nacional, caças israelenses cortaram os céus de Beirute. Um repórter do New York Times descreveu o "rugido" dos caças como intenso, e contou ao menos três rastros deixados pelos aviões acima da capital libanesa. O Estado judeu admitiu ontem ter mudado o "centro de gravidade" da guerra contra seus inimigos regionais para o norte, onde está a fronteira com o Líbano, e anunciou ter bombardeado sete alvos ligados ao grupo durante a noite.

Em um comunicado publicado já nesta quinta, o Exército israelense confirmou a morte de dois de seus soldados "em combate" perto da fronteira norte. Eles foram identificados como O major reservista Nael Fwarsy, de 43 anos, e o sargento Tomer Keren, de 20. O Hezbollah havia disparado mísseis antitanque contra Israel durante a noite.

Nasrallah diz que ataque com 'pagers-bomba' foi 'declaração de guerra

Pessoas em luto acompanham caixão de vítima de uma das explosões de pagers ocorridas no Líbano, no dia 17 de setembro de 2024 — Foto: Anwar AMRO / AFP

Retaliação em espera

O chefe do movimento libanês também reiterou promessas de retaliação feitas pelo grupo nos últimos dias, em meio aos ataques. Nasrallah prometeu que a recíproca seria uma "punição justa" às ações israelenses, mas se negou a discutir detalhes.


— Não falarei sobre tempo, forma ou lugar — afirmou o líder xiita. — Essa retribuição virá.

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Ele também pareceu endereçar parte de seu discurso às autoridades israelenses que, ao anunciarem a mudança de foco na guerra, disseram que o objetivo no norte seria retornar os moradores de áreas perto das fronteiras a suas casas. Nasrallah disse que isso não aconteceria.

— Nenhuma escalada militar, nenhum assassinato ou guerra total trará os residentes de volta à fronteira — afirmou o secretário-geral, acrescentando que qualquer invasão israelense no sul do Líbano seria combatida prontamente pelo grupo e que esse cenário ofereceria uma "oportunidade" ao Hezbollah.

Libaneses assistem ao pronunciamento de Nasrallah — Foto: Ammar Ammar/AFP

Ele também revelou que o grupo instaurou uma comissão para investigar as falhas de segurança que permitiram que os dispositivos fossem detonados, dizendo que nenhuma conclusão seria tirada antes de todas as informações serem reunidas. O Exército do Líbano — que é uma força estatal, sem relação direta com o Hezbollah — anunciou nesta quinta que estava iniciando a detonação controlada de itens eletrônicos sob suspeita.

Embora Israel não tenha se manifestado oficialmente sobre o caso, uma hipótese que ganhou tração nos últimos dias é de que o Mossad, serviço de inteligência de Israel, tenha conseguido se infiltrar na linha de produção e distribuição dos equipamentos eletrônicos — os pagers eram fabricados por uma empresa de Taiwan — e instalado explosivos de detonação remota em cada um deles. (Com AFP e New York Times)

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