Assim que D'us pronunciou "Anochi", a CriaĆ§Ć£o silenciou. Os pĆ”ssaros nĆ£o gorjeavam ou voavam nos cĆ©us; os bois nĆ£o mugiam; os anjos nĆ£o cantavam louvores; o oceano nĆ£o se agitava. O universo inteiro estava quieto, enquanto a voz de D'us soava. Isto serviu como irrefutĆ”vel demonstraĆ§Ć£o de que nĆ£o existe nenhum poder alĆ©m Dele.

Cada um dos Dez Mandamentos foi dirigido aos judeus na linguagem singular e nĆ£o no plural. Assim, nenhum judeu poderia desculpar-se, dizendo: "Ɖ suficiente que os outros cumpram a TorĆ”." Cada judeu deve sentir que Ć© sua obrigaĆ§Ć£o pessoal guardar a TorĆ” de D'us, uma vez que lhe foi diretamente dirigida.

Os Dez Mandamentos contĆ©m um total de 620 letras, simbolizando assim que os Dez Mandamentos sĆ£o a essĆŖncia da TorĆ”. Pois esta contĆ©m 613 mitsvot, e os SĆ”bios instituĆ­ram sete mitsvot adicionais, perfazendo um total de 620 mitsvot.

AlƩm de escutarem os Dez Mandamentos bƔsicos, os judeus tambƩm previram as mirƭades de detalhes envolvidos, todos os Midrashim referentes a cada Mandamento, cada lei e detalhes neles contidos.

"Anochi"

Os Dez Mandamentos que D'us transmitiu aos judeus comeƧam com a palavra "Anochƭ" - "Eu sou". '' A palavra "Anochƭ", que lembra a palavra egƭpcia "Anochƭ", tambƩm significa "eu". D'us dirigiu-se a Seus filhos na lƭngua egƭpcia, que lhes era familiar. Ao que isto pode ser comparado? A um rei cujo filho foi sequestrado quando pequeno e cresceu entre suas captores.

Quando o rei finalmente consegue recuperar o filho, primeiro se dirige a ele na lĆ­ngua Ć  qual estava acostumado, com a qual crescera e entendia.

D'us tambĆ©m falou primeiro a Seus filhos, os judeus, em egĆ­pcio, dizendo: "VocĆŖs contemplam hoje a Minha glĆ³ria; portanto, nunca mais serĆ£o capazes de adorar Ć­dolos estranhos. NĆ£o Ć© possĆ­vel a um homem ver seu D'us face a face, em toda Sua glĆ³ria e poder, e depois inclinar-se diante de uma figura feita pelo homem. VocĆŖs testemunharam todos os milagres grandiosos que operei para vocĆŖs no Ɗxodo do Egito e na divisĆ£o do mar. VocĆŖs mesmos o atravessaram por terra seca, enquanto os egĆ­pcios se afogaram no mesmo lugar. NĆ£o sou como os reis humanos, cujos sĆŗditos retiram de seu caminho todos os obstĆ”culos e estendem tapetes grossos Ć  sua frente. NĆ£o sou como reis humanos, cujos sĆŗditos iluminam o caminho e enfeitam a casa para honrar sua chegada.

"Sou o Rei dos Reis, Que faz tudo isto para vocĆŖs, Meus prĆ³prios filhos. Na CriaĆ§Ć£o, formei o mundo e iluminei, criando o sol, a lua e as estrelas. Cobri a superfĆ­cie da terra com um tapete de grama e com alimentos em abundĆ¢ncia. Enchi a terra de hortaliƧas e flores belas e fragrantes, tudo em sua honra. Tenham isto sempre em mente e saibam que nĆ£o hĆ” ninguĆ©m como Eu entre todos os reis do mundo. A Minha bondade nĆ£o cessarĆ” jamais."

O Primeiro Mandamento: Acreditar na ExistĆŖncia de D'us, e em Sua ProvidĆŖncia

"Eu Sou D'us, teu D'us, Que vos tirou da terra do Egito, da casa de FaraĆ³, onde fostes escravos."

"Eu Sou tanto 'D'us', um D'us misericordioso para os que Me obedecem; como tambƩm 'Elokecha', um D'us punitivo para os que se recusam a Me ouvir."

A obrigaĆ§Ć£o imposta pelo Primeiro Mandamento Ć© de acreditar na existĆŖncia de um Criador Onipotente; saber que Ele exerce ProvidĆŖncia contĆ­nua sobre o universo, que Ele Ć© a ForƧa que dita todas as leis naturais. Ele sustenta e provĆŖ para todas as criaturas, da mais diminuta Ć  maior.

Esta mitsvĆ” nĆ£o se limita a algum momento ou tempo especĆ­fico (como a maioria das mitsvot); outrossim, a consciĆŖncia da existĆŖncia e poder de D'us deve constantemente preocupar o judeu.

D'us fez com que esse fosse o primeiro de todos os mandamentos porque devemos reconhecer a D'us para poder observar Seus mandamentos.

Por que D'us escolheu descrever a Si Mesmo como o "D'us que tirou os filhos de Israel do Egito"?

Bandidos surpreenderam uma nobre senhora em seu passeio, e estavam prestes a raptĆ”-la. O rei soube do ocorrido e interveio. Se nĆ£o tivesse enviado suas tropas imediatamente para resgatĆ”-la, o pior poderia ter acontecido. Quando, mais tarde, propĆ“s-lhe casamento, ela perguntou-lhe: "Que presente vocĆŖ me oferece?"

O rei respondeu: "O prĆ³prio fato de que te salvei dos raptores nĆ£o Ć© suficiente para que teu coraĆ§Ć£o penda em minha direĆ§Ć£o?"

Similarmente, D'us apresentou-se ao povo no Monte Sinai como o D'us que os redimiu, recordando-lhes assim sua obrigaĆ§Ć£o especial para com Ele. (Ele nĆ£o utilizou a descriĆ§Ć£o "D'us, Mestre do Universo," pois o termo geral, em si mesmo, nĆ£o obrigaria os judeus a guardar a TorĆ”.)

O Segundo Mandamento: NĆ£o Adorar ƍdolos

"NĆ£o terĆ”s outros deuses!"

Muitas pessoas acreditam que D'us Ć© o D'us mais poderoso, o que significa que crĆŖem tambĆ©m em outros poderes fora de D'us. Alguns tambĆ©m rezam aos anjos. Outros veneram pessoas que consideram santas, ou o sol e a lua, ou os planetas.

Quando os SĆ”bios estiveram em Roma, filĆ³sofos gentios perguntaram-lhes: "Se D'us nĆ£o quer Ć­dolos, por que Ele nĆ£o os elimina?"

"Se os idĆ³latras adorassem apenas objetos inĆŗteis, seu ponto seria vĆ”lido," responderam os SĆ”bios. "Contudo, tambĆ©m adoram o sol, a lua, as estrelas. Acaso deveria Ele dizimar o universo por causa dos tolos?"

D'us ordenou: "NĆ£o podeis servir a ninguĆ©m, exceto a Mim!"

Este Mandamento implica que Ć© proibido acreditar em qualquer poder alĆ©m de D'us, adorar Ć­dolos ou inclinar-se para eles. Nossos SĆ”bios proibiram inclinar-se perante Ć­dolos, mesmo sem ter intenĆ§Ć£o de adorĆ”-los. Tampouco Ć© permitido possuir um Ć­dolo, mesmo sem adorĆ”-lo. Este Mandamento inclui a proibiĆ§Ć£o de fazer estĆ”tuas de um ser humano ou qualquer criatura ou objeto do universo.

O termo "outros deuses" nĆ£o implica, D'us nĆ£o o permita, que hĆ” outros deuses alĆ©m de D'us. A TorĆ” se refere a Ć­dolos como "deuses", pois este termo Ć© utilizado pelos idĆ³latras (apesar de, na realidade, serem imagens impotentes).

A palavra "outros" nĆ£o se refere Ć  comparaĆ§Ć£o entre D'us e os Ć­dolos, mas aos Ć­dolos entre si. Uma vez que os idĆ³latras mudam constantemente suas divindades, rejeitando as velhas e voltando-se a outras em seu lugar, o termo "outros" deuses significa deuses que sĆ£o constantemente trocados por outros por seus adoradores.

O Terceiro Mandamento: NĆ£o Pronunciar o Nome de D'us em VĆ£o

Ɖ proibido utilizar de maneira incorreta o Nome de D'us, mencionando-O junto com um juramento desnecessĆ”rio ou falso.

Eis um exemplo de falso juramento. AlguĆ©m que comeu pĆ£o ontem jura: "Juro em Nome de D'us que nĆ£o comi pĆ£o ontem."

Um exemplo de juramento desnecessĆ”rio Ć©: "Juro em Nome de D'us que o sol estĆ” agora no cĆ©u." Embora este juramento seja verdadeiro, Ć© proibido, se nĆ£o hĆ” razĆ£o para fazĆŖ-lo.

TambĆ©m nĆ£o devemos invocar o Nome de D'us sem um propĆ³sito determinado. Algumas pessoas estĆ£o acostumadas a exclamar; "Meu D'us!", ou a empregar o nome de D'us em um contexto igualmente irreflexivo. Devemos evitar isto.

D'us disse: "NĆ£o utilize erroneamente Meu Santo Nome. Lembre-se de que Avraham apelou a este mesmo Nome e foi salvo da fornalha ardente. MoshĆŖ clamou por ele, e o Mar Vermelho abriu-se em doze partes; Yehoshua clamou por ele, e foi ajudado; YonĆ” chamou por Ele no interior do peixe e foi salvo. O Nome de D'us Ć© invocado pelos doentes e enfermos, e sĆ£o curados; pelos de coraĆ§Ć£o contrito, e sĆ£o consolados. Guardem-se de serem descuidados ao mencionar o Nome de D'us, pois aquele que pronuncia Seu Nome em vĆ£o nĆ£o ficarĆ” impune!"

O Quarto Mandamento: Observar o Shabat

Este Mandamento inclui a proibiĆ§Ć£o de realizar trabalhos proibidos no Shabat.

AlĆ©m disso, devemos distinguir o Shabat, fazendo uma bĆŖnĆ§Ć£o quando o Shabat se inicia, e quando termina. Cumprimos isto recitando o kidush e a havdalĆ”. Shabat deve ser marcado com alimentos saborosos especiais, e vestindo-se trajes especiais.

Mesmo ao longo de toda a semana, a pessoa deve preparar-se para o Shabat, arrumando a casa, limpando-a cuidadosamente, comprando iguarias e coisas semelhantes em honra do Shabat, pois este Ć© o dia que Ele escolheu, santificou e considerou a "jĆ³ia de todos os dias".

Uma pessoa Ć© reembolsada por todas as despesas que faz em honra ao Shabat. Apesar da renda de cada um ser determinada em Rosh HashanĆ” para o ano todo, as quantias gastas em honra ao Shabat, Yom Tov, Rosh ChĆ“desh, e para a educaĆ§Ć£o e estudo de TorĆ” dos seus filhos nĆ£o estĆ£o incluĆ­das neste orƧamento fixo. Se a pessoa gasta mais, D'us lhe retribuirĆ” com mais; se economiza, D'us lhe retribuirĆ” menos, de acordo com os gastos.

O dia de Shabat deve ser um momento para atividades espirituais, TorĆ” e oraƧƵes. Uma pessoa nĆ£o deve pensar a respeito de seu trabalho inacabado da semana, mas afastar a mente de ocupaƧƵes mundanas.

Quem quer que descanse no sƩtimo dia testemunha que D'us criou o mundo em seis dias.

Como cumprimos a mitsvĆ” de recordar o Shabat?

HĆ” vĆ”rias maneiras: Uma Ć© chamar os dias da semana assim: "o primeiro dia da semana atĆ© Shabat" (domingo) - "o segundo dia da semana atĆ© Shabat" (segunda) - "o terceiro dia da semana atĆ© Shabat" (terƧa), e assim sucessivamente. Esta Ć© a maneira judaica de nomear os dias da semana (e a que utilizamos para introduzir o cĆ¢ntico 'shir shel yom' na prece diĆ”ria de Shacharit). Ao designar o domingo "o primeiro dia atĆ© o Shabat", cumprimos a mitsvĆ” de recordar e mencionar o Shabat, lembrando ao mesmo tempo que D'us Ć© o Criador que fez o mundo em seis dias.

Quando D'us deu a TorĆ” a Seu povo, prometeu-lhe uma porĆ§Ć£o no Mundo Vindouro se ele observasse o que estĆ” contido nela. Os judeus pediram uma amostra, para ver que tipo de recompensa D'us lhes daria em troca da observĆ¢ncia da TorĆ” e de suas mitsvot. D'us lhes disse: "Eu lhes darei o Shabat, um fragmento do Mundo Vindouro, que Ć© todo Shabat."

A cada judeu Ć© dada uma alma adicional no Shabat, para que ele possa apreciĆ”-lo mais do que aos outros dias e guardĆ”-lo em santidade.

Um relato: Como o SƔbio Shamai honrava o Shabat toda a semana.

O SƔbio Shamai passava diante de um matadouro e viu um novilho lindo e gordo, pronto para ser sacrificado. Falou ao magarefe: "Quero comprar este animal. Mata-o para mim e dƔ-me a carne!"

Levou a carne para casa e deu-a Ć  mulher com as palavras: "Salga esta carne para fazĆŖ-la casher. Estou certo de que serĆ” deliciosa e quero reservĆ”-la para Shabat."

No dia seguinte voltou a passar diante do matadouro. Viu ali alguns novilhos prontos para o abate. Escolheu dentre os animais um de aspecto mais apetitoso do que o que havia visto no dia anterior. "Este novilho serĆ” delicioso para o Shabat", pensou. Disse, pois, ao magarefe: "Quero comprar este novilho. Prepara-me a carne para quando eu passar aqui na volta."

Levou a carne para casa e disse Ć  mulher: "Imagine, encontrei carne ainda melhor para o Shabat! Salga-a para fazĆŖ-la casher e reserva-a para o Shabat."

A mulher pensou: "Que vou fazer com a carne de ontem? Vou cozinhĆ”-la para o jantar de hoje." Assim, Shamai desfrutou de uma ceia excelente.

Outro dia, Shamai passou diante do aƧougue e viu um novilho de aspecto tenro, cuja carne seria sem dĆŗvida mais delicada e suculenta que o anterior. "Preciso deste novilho para Shabat", disse ao aƧougueiro. "Vende-a para mim." Ao chegar em casa disse Ć  mulher: "Trouxe outra carne. Vamos comer a que trouxe antes e guardemos a melhor para Shabat."

Assim, pois, Shamai terminou por comer ceias deliciosas toda a semana, por ter o Shabat sempre presente! Os SƔbios diziam sobre ele: "Shamai come bem toda a semana em honra do Shabat."

Este relato nos mostra que se compramos comidas especiais, devemos reservĆ”-las para o Shabat. Assim, recordamos durante a semana que Shabat Ć© o dia mais santo.

O Quinto Mandamento: Honrar Pai e MĆ£e

"Honre teu pai e tua mĆ£e!"

Perguntaram a Rabi Eliezer: "AtƩ que ponto uma pessoa Ʃ obrigada a honrar seus pais?"

Retrucou: "Podemos inferir a resposta do caso de um nĆ£o-judeu de nome Dama ben Netina, que vivia em Ashkelon. Certa vez, os SĆ”bios foram atĆ© ele porque ouviram que tinha pedras preciosas para vender, e precisavam de certa pedra para o efod (peitoral do cohen). Apesar de terem lhe oferecido um alto valor, preferiu renunciar ao dinheiro a acordar seu pai, que dormia, e sob cujo travesseiro estava a chave do baĆŗ de diamantes. Como recompensa, no ano seguinte D'us fez com que nascesse uma vaca vermelha em seu rebanho; que foi qualificada como uma Vaca Vermelha para o Templo Sagrado. Quando os SĆ”bios vieram pagar-lhe, disse-lhes: "Apesar de saber que pagariam qualquer preƧo que pedissem, aceitarei apenas a soma que perdi ano passado, por Ter honrado meu pai."

"Se esta foi a conduta de um nĆ£o-judeu, que nĆ£o foi ordenado a observar esta mitsvĆ”, quĆ£o mais Ć© esperado de um judeu, a quem foi dada a mitsvĆ” de honrar seus pais."

Nossos SĆ”bios relataram: "Certa vez, o acima mencionado Dama ben Netina estava sentado num traje bordado a ouro entre nobres de Roma, quando sua mĆ£e chegou e atirou-lhe insultos e humilhaƧƵes. Rasgou-lhe os trajes, bateu-lhe na cabeƧa, e cuspiu. Ele, contudo nĆ£o a envergonharia."

Quando os reis das naƧƵes ouviram o Primeiro Mandamento de D'us, nĆ£o ficaram impressionados. Argumentaram: "Que soberano deseja ser negado? D'us, como qualquer outro rei, ordena que Ele seja reconhecido."

Quando ouviram sobre o Segundo Mandamento, tambƩm objetaram: "HƔ algum soberano que toleraria outra autoridade? D'us, como todos os reis, que ser adorado sozinho. Por isso decretou que ninguƩm deve servir a outros deuses!"

TambĆ©m nĆ£o se comoveram com o Terceiro Mandamento, comentando: "Que rei gostaria que seus sĆŗditos jurassem em falso em seu nome? Tampouco D'us o quer."

Sobre Shabat, disseram: "Claro, todos os reis gostam que seu dia especial seja celebrado!"

PorƩm quando ouviram acerca da mitsvƔ de honrar os pais, todos os reis levantaram-se de seus tronos e louvaram a D'us, admitindo: "Se alguƩm de nosso cƭrculo for elevado a um status nobre, imediatamente nega seus pais. D'us age diferente. Ordenou que todos honrem seus pais!"

Os reis entenderam entĆ£o, retroativamente, que as mitsvot de D'us nĆ£o foram dadas, como imaginaram originalmente, a fim de honrar a D'us. As mitsvot foram apresentadas para o benefĆ­cio dos seres humanos.

EstĆ” escrito: "Honra teu pai e tua mĆ£e." O respeito que deve ser prestado ao pai precede o devido Ć  mĆ£e. No entanto, em outra passagem, a TorĆ” exige: "Todo homem deve temer sua mĆ£e e seu pai." AĆ­ o mandamento exige temor da mĆ£e primeiro, e depois do pai. Por quĆŖ? Em geral, o filho respeita mais a mĆ£e do que o pai, porque ela estĆ” naturalmente com ele desde o dia em que nasce, cuidando dele e tratando-o com amor, carinho e palavras gentis. A TorĆ” exige, portanto, que o respeito ao pai seja igual ao respeito natural que sente pela mĆ£e. Por outro lado, a pessoa naturalmente teme o pai mais do que a mĆ£e, porque o primeiro Ć© aquele que castiga e fica zangado. Por isso a TorĆ” enfatiza a necessidade de temer mĆ£e e pai igualmente. Destes dois versĆ­culos aprendemos que pai e mĆ£e sĆ£o iguais; deve-se temĆŖ-los e respeitĆ”-los igualmente.

Em que consiste o devido respeito? Em fornecer-lhes alimento, bebida e vestuƔrio, acompanhƔ-los quando saem, e ajudar em tudo que eles possam precisar. Deve dirigir-se a eles cortesmente.

Em que consiste o temor? Como se teme os prĆ³prios pais? NĆ£o se sentando no lugar reservado a eles, nĆ£o os interrompendo ou contradizendo suas palavras.

A mitsvĆ” de honrar os pais Ć© ainda mais importante para D'us do que o respeito por Seu prĆ³prio Nome. Uma pessoa Ć© obrigada a honrar a D'us ao mĆ”ximo de sua capacidade, na medida em que seus meios lhe permitam. Se lhes faltarem os meios, porĆ©m, ela estĆ” isenta dessa obrigaĆ§Ć£o. Mas a pessoa deve honrar os pais mesmo se for pobre. Se lhe faltarem os meios, deve angariĆ”-los de porta em porta, a fim de ajudar os pais a subsistir.

A seguinte histĆ³ria nos mostrarĆ” que a maneira pela qual a pessoa mostra respeito aos pais Ć© ainda mais importante do que a forma do respeito propriamente dita.

Dois irmĆ£os moravam numa cidade. O mais velho era rico, enquanto o mais novo vivia na pobreza, tirando seu sustento de um moinho de farinha. O pai certa vez foi visitar o filho mais velho. Este preparou um banquete, servindo-lhe o melhor que tinha em casa. Em seguida aprontou o quarto mais confortĆ”vel, com uma cama limpa, para o pai descansar. Mas durante toda a visita nĆ£o demonstrou nenhum amor ou paciĆŖncia ao pai. NĆ£o lhe perguntou como estava, na verdade, mal falou com ele. Todos os seus atos se destinavam apenas a cumprir sua obrigaƧƵes de respeito. O pai deixou a casa do filho mais velho e seguiu para a do mais novo. Como encontrou o filho labutando na pedra do moinho, o pai arregaƧou as mangas e comeƧou a ajudar. Antes do anoitecer os dois tinham acabado o serviƧo. Retornaram juntos Ć  casa do filho mais novo, conversando ao longo do caminho. O filho perguntou sobre a saĆŗde do pai com amor e preocupaĆ§Ć£o. Nenhum banquete real os esperava em casa, mas o pouco que havia foi servido diante do pai com grande respeito. Anos depois, quando os dois filhos morreram, o mais moƧo, o filho pobre que quase nada tivera para oferecer ao pai alĆ©m de temor e bondade, foi admitido no ParaĆ­so e recebeu um lugar perto dos justos. Sobre isso foi dito: "Um filho pode dar ao pai gansos gordos para comer e nĆ£o ganhar o Mundo Vindouro, enquanto outro filho pode fazer o pai trabalhar na pedra do moinho e ainda assim conquistar a vida eterna."

HĆ” trĆŖs parceiros na criaĆ§Ć£o da pessoa: D'us, o pai e a mĆ£e. Se alguĆ©m honra seus pais, D'us diz: "Considero como se Eu habitasse em seu seio, e honraram a Mim." Se alguĆ©m causa aborrecimentos a seus pais, D'us diz: "Ɖ bom que Eu nĆ£o habite em seu meio, pois se Eu estivesse entre eles, aborrecer-Me-iam tambĆ©m".

A recompensa por honrar os pais Ʃ a longevidade no Mundo Vindouro. Apesar da principal recompensa estar guardada para o Mundo Vindouro, Ʃ uma das mitsvot das quais a pessoa recebe benefƭcios tambƩm neste mundo.

Nesta mitsvĆ” estĆ£o incluĆ­dos os mandamentos de honrar a um irmĆ£o mais velho, e o segundo marido ou esposa do pai ou da mĆ£e.

Um relato: Rabi Yehoshua e o aƧougueiro.

Certa vez, o grande SĆ”bio Rabi Yehoshua escutou uma voz que lhe dizia em sonhos: "alegra-te, Rabi Yehoshua, pois tu e o aƧougueiro Nanas sentar-se-Ć£o Ć  mesma mesa no ParaĆ­so".

Yehoshua despertou pensando: "Quem Ć© este Nanas? Estudei TorĆ” toda minha vida, e nĆ£o vou a lugar algum sem os tsitsit presos Ć  minha roupa e os tefilin sobre a cabeƧa. Espero que meu vizinho no ParaĆ­so seja tambĆ©m um sĆ”bio!"

NĆ£o podia esquecer o sonho. Disse a seus alunos: "NĆ£o terei paz enquanto nĆ£o descobrir quem Ć© este homem que se sentarĆ” a meu lado no ParaĆ­so. Vou averigĆ¼ar."

Os estudantes lhe disseram: "Rebe, te acompanharemos."

Rabi Yehoshua e os alunos viajaram de cidade em cidade. Em cada uma perguntavam: "Conhecem um aƧougueiro chamado Nanas?"

Passou-se muito tempo atƩ que o acharam. Finalmente, numa cidade, as pessoas responderam: "Por que tu, um justo, um sƔbio, perguntas por este aƧougueiro?"

"Por que, que tipo de pessoa Ć© ele?"

"VerƔs por ti mesmo," responderam. As pessoas foram atƩ Nanas e lhe disseram: "O grande Rabi Yehoshua quer ver-te."

Nanas, que nĆ£o era um erudito, pensou que lhe estavam pregando uma peƧa e respondeu: "NĆ£o zombem de mim! VĆ£o embora!"

Os mensageiros voltaram a Yehoshua e disseram: "Por que nos enviaste a tal homem? Nem ao menos quis falar conosco!"

"Preciso vĆŖ-lo," insistiu Yehoshua. "Voltem a ele e o tragam."

Os mensageiros voltaram a Nanas e o convenceram a ver Rabi Yehoshua.

Nanas se jogou aos pƩs do SƔbio. "Por que deseja um lƭder do povo judeu ver um homem simples como eu?"

Yehoshua respondeu: "Quero saber o que fazes todos os dias. Cumpres algum ato especial?"

"NĆ£o faƧo nada de especial", explicou Nanas. "Sou aƧougueiro. Trabalho em minha barraca. Tenho pais idosos que nĆ£o podem se sustentar. Todos os dias, antes de ir ao trabalho, lavo-os, visto-os e os alimento."

Rabi Yehoshua ficou de pĆ©, beijou Nanas e disse: "QuĆ£o grande Ć© tua recompensa no Gan Eden! Que sorte a minha de ser seu vizinho no ParaĆ­so. Fiquemos contentes pela recompensa que D'us nos concederĆ”: sinto-me feliz de saber que estarei junto a ti."

O Sexto Mandamento: NĆ£o Matar

"NĆ£o MatarĆ”s!"

MoshĆŖ ordenou aos judeus em nome de D'us: "Meu Povo de Israel! NĆ£o mateis. NĆ£o sejam amigos ou sĆ³cios de assassinos, para que vossos filhos nĆ£o aprendam a matar. Se pecarem e cometerem assassinato, o Templo Sagrado de JerusalĆ©m serĆ” destruĆ­do e a ShechinĆ” (Divindade) abandonarĆ” a Terra de Israel."

Aquele que derrama sangue mutila a ShechinĆ”.

O imperador ordenou que erguessem estĆ”tuas suas na provĆ­ncia recĆ©m-conquistada, e que se cunhassem moedas com sua imagem estampada. A populaĆ§Ć£o demonstrou seu descontentamento com o novo conquistador derrubando as estĆ”tuas com sua imagem, e destruindo as moedas com sua estampa.

Similarmente, aquele que mata um ser humano, que foi criado Ć  imagem de D'us, Ć© como se prejudicasse o PrĆ³prio D'us.

A puniĆ§Ć£o celestial para um assassino Ć© que serĆ” assassinado por alguĆ©m.

Envergonhar outro ser humano (fazendo com que o sangue escoe de suas faces) Ć© uma forma de assassinato.

O SĆ©timo Mandamento: NĆ£o Cometer AdultĆ©rio

"NĆ£o cometerĆ”s adultĆ©rio!"

D'us pune a transgressĆ£o de adultĆ©rio mais severamente, pois Ele Ć© paciente no caso de qualquer pecado, exceto o da imoralidade.

"NĆ£o cometerĆ”s adultĆ©rio!", avisa D'us a Seu povo. A pessoa que deve ser sempre humilde, comportando-se com modĆ©stia em todo lugar, mesmo quando suas aƧƵes nĆ£o forem visĆ­veis. Ɖ uma mitsvĆ” manter distĆ¢ncia de pessoas grosseiras e indecentes para nĆ£o aprender com seus maus hĆ”bitos.

MoshĆŖ disse aos judeus em Nome de D'us: "NĆ£o sejam adĆŗlteros, nem sejam amigos ou sĆ³cios de adĆŗlteros, para que vossos filhos nĆ£o aprendam a ser adĆŗlteros. Se cometerem este pecado, serĆ£o exilados da Terra de Israel e outras naƧƵes ali viverĆ£o, no lugar de vocĆŖs."

O Oitavo Mandamento: NĆ£o Raptar

"NĆ£o RoubarĆ”s!"

A proibiĆ§Ć£o de nĆ£o roubar, nos Dez Mandamentos, refere-se a roubar vidas humanas. (Roubo de propriedade Ć© proibido pelo versĆ­culo em VayicrĆ” 19:11.)

Quem rapta uma pessoa e o vende ou utiliza-o como escravo estĆ” sujeito Ć  pena capital pelo tribunal.

MoshĆŖ ordenou em Nome de D'us: "Povo de Israel! NĆ£o roubem, e nĆ£o sejam amigos ou sĆ³cios de ladrƵes, para que vossos filhos nĆ£o aprendam a roubar."

O Nono Mandamento: NĆ£o Levantar Falso Testemunho

"NĆ£o levantarĆ”s falso testemunho contra teu semelhante!"

"NĆ£o darĆ”s falso testemunho contra teu prĆ³ximo", disse D'us ao povo.

"Eu criei tudo em Meu mundo. SĆ³ a falsidade nĆ£o criei. Portanto, todo aquele que dĆ” falso testemunho contra seu prĆ³ximo estĆ” negando a CriaĆ§Ć£o do mundo."

Levantar falso testemunho leva Ć  destruiĆ§Ć£o da civilizaĆ§Ć£o. Faz com que vĆ­timas sejam punidas por crimes que jamais cometeram. TambĆ©m permite roubar, matar e oprimir outrem e escapar impune, atravĆ©s de falso testemunho. Aquele que testemunha em falso traz, desta forma, destruiĆ§Ć£o ao mundo. TambĆ©m nega a ProvidĆŖncia do Criador.

Uma "falsa testemunha" Ć© a pessoa que se apresenta perante um tribunal e atesta que viu algo que realmente nunca viu. NĆ£o faz diferenƧa se dĆ” falso testemunho para ajudar um amigo ou para prejudicar um inimigo: a TorĆ” nos proĆ­be de ser testemunha falsa, independentemente da razĆ£o.

O DĆ©cimo Mandamento: NĆ£o Tentar Trazer Ć  Posse de AlguĆ©m o que Pertence a Outrem

"NĆ£o cobiƧarĆ”s a casa de teu semelhante, nem sua esposa, nem seus servos, nem nada que pertenƧa a teu semelhante (e, como resultado, engendrar planos para consegui-los)!"

Ɖ proibido fazer qualquer tentativa de obter algo que pertenƧa a outro porque alguĆ©m deseja possui-lo ele mesmo. Esta proibiĆ§Ć£o inclui convencer alguĆ©m a vender algo que nĆ£o deseja, pressionando-o a fazĆŖ-lo. Isto Ć© proibido mesmo se lhe for pago integralmente. Tampouco Ć© permitido desejar, mesmo no Ć­ntimo, as posses que pertencem a outros.

A TorĆ” quer que cada pessoa sinta-se feliz com o que tem.

MoshĆŖ ordenou em nome de D'us: "NĆ£o desejem o que pertence a outro, nem sejam amigos ou sĆ³cios de pessoas que cobiƧam o que pertence a outros. D'us os castigarĆ” se cometerem este pecado. O governo confiscarĆ” vossos bens."

O perverso traƧo de desejar os bens de outrem faz com que a pessoa se torne criminosa, pois em seu impulso de obter o objeto de desejo, Ʃ capaz de tornar-se violento se lhe for negado. Pode estar preparado atƩ para matar o dono de seu desejo.

Enquanto os primeiros cinco Mandamentos mencionam o Nome de D'us, este Ć© omitido dos cinco Ćŗltimos. D'us disse: "Que Meu Nome nĆ£o seja associado a assassinos, adĆŗlteros, ladrƵes, testemunhas falsas e pessoas invejosas e cobiƧosas."

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