Vereador de São Paulo é condenado à perda do mandato por áudio em que fala em 'sem-vergonhice' de judeus

Vereador de São Paulo é condenado à perda do mandato por áudio em que fala em 'sem-vergonhice' de judeus

magal53
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Adilson Amadeu (União) ainda pode recorrer contra a decisão. Vereador alegou que não teve intuito de ofender comunidade judaica e que 'sempre teve amizade com judeus'
A Justiça de São Paulo condenou o vereador Adilson Amadeu (União Brasil), da capital paulista, à perda do mandato por conta de preconceito contra os judeus. 

O legislador também deverá prestar serviços comunitários pelo período de dois anos e seis meses e pagar multa de dez salários mínimos. Cabe recurso.

Amadeu foi denunciado em julho de 2020 por conta de um áudio enviado em abril daquele ano pelo WhatsApp. Na gravação, o vereador associou o judaísmo ao que chamou de "sem-vergonhice grande".

— É uma puta duma sem-vergonhice, que eles querem que quebra todo mundo, para todo mundo ficar na mão, do grupo de quem? Infelizmente também os judeus, quando eu até tô respondendo a um processo, porque quando entra Albert Einstein, Grupo Lide é que tem sem-vergonhice grande, sem-vergonhice de grandeza que eu nunca vi na minha vida — declarou na ocasião.

A sentença contra o vereador foi assinada neste sábado pela juíza Renata William Rached Catelli, da 21ª Vara Criminal da Barra Funda. 

A magistrada considerou que Adilson Amadeu praticou discriminação contra a etnia judaica e que seu discurso "foi preconceituoso e extrapolou o direito à liberdade de expressão constitucionalmente previsto, quando contribuiu para perpetuar e reforçar processos de estigmatização contra o judaísmo".

A defesa do vereador alegou que Amadeu "sempre teve amizade com judeus" e que o áudio em questão foi compartilhado "com amigos de infância e que o seu alvo nunca foram os judeus, e sim a administração púbica municipal e estadual, durante a pandemia".

Os advogados do parlamentar chegaram a apresentar à Justiça um pedido de desculpas enviado pelo vereador à Federação Israelita de São Paulo. A entidade, no entanto, negou que tenha recebido a mensagem de Amadeu.

"Entende-se que o acusado associa o intuito de causar prejuízo financeiro à população à orquestra política de 'todo mundo ficar na mão' de membros da comunidade judaica, alimentando concepções absolutamente preconceituosas contra a comunidade judaica, difundindo narrativas de que os judeus manipulam as finanças mundiais com influência na economia. 

Claro que o acusado tem o direito de discordar da administração das finanças públicas pelo hospital (Albert Einstein), durante a pandemia, mas, certamente, não foi esse o intuito do réu pelas palavras que usou", escreveu a juíza em sua decisão.

Sobre o fato de que o vereador relatou ter amigos judeus, a magistrada considerou que o argumento "denota um comportamento ainda mais racista".

 "O que transparece dessa explicação dada pelo acusado em juízo é que aceita se tratar com um médico, apesar de ser um judeu, que aceita a amizade da pessoa, apesar de ser um judeu", escreveu a juíza.

Procurado pelo GLOBO, Adilson Amadeu não respondeu ao pedido de manifestação até a publicação desta reportagem.

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