Num discurso comovente e sincero, o Presidente dos EUA [Joe] Biden reiterou o seu firme compromisso com a segurança e o bem-estar de Israel.

Por Eldad Shavit
A descrição detalhada dos horrores perpetrados pelo Hamas ilustrou mais do que qualquer coisa a repulsa que Biden e muitos membros do establishment político americano e do público sentem pelos acontecimentos.
Para além de transmitirem simpatia generalizada e enorme apoio moral, o Presidente e a sua Administração comprometeram-se quase desde o início a contribuir directamente para o sucesso dos esforços de guerra de Israel.
De todas as referências públicas dos Estados Unidos e das medidas práticas já tomadas, fica claro que a Administração:
• Define o apoio e a assistência que presta a Israel não apenas como assistência à segurança de Israel, mas como uma contribuição directa para a segurança do mundo e dos Estados Unidos.
• Apoia totalmente o direito do Governo israelita de responder ao ataque. Biden afirmou no seu discurso que na sua conversa com o primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu observou que “se os Estados Unidos vivessem o que Israel está a viver, a nossa resposta seria rápida, decisiva e esmagadora”. O Secretário de Estado [Antony] Blinken deverá chegar a Israel durante a semana, aparentemente para discutir a natureza da ajuda necessária, bem como os próximos passos.
• Ajuda a prevenir a falta de armas. O primeiro avião de transporte americano com munições avançadas já chegou a Israel. Biden enfatizou que a Administração garantirá que Israel não falte equipamento crítico para proteger os seus habitantes. Ele também disse que ordenou a alocação de recursos de inteligência para ajudar Israel no esforço para devolver os sequestrados.
• Lidera o esforço para garantir o apoio internacional a Israel e à sua necessidade de responder. Digno de nota, neste contexto, é o anúncio conjunto emitido pelos presidentes dos Estados Unidos e da França, pelo chanceler da Alemanha e pelo primeiro-ministro da Grã-Bretanha, que inclui um compromisso explícito de agir para garantir que Israel “não fique sem estes críticos recursos para defender as suas cidades e os seus cidadãos. Mesmo os países europeus, que frequentemente criticam as políticas de Israel, compreendem agora que o comportamento do Hamas não deixa outra escolha a Israel senão reagir com extrema severidade.
• Envia uma mensagem clara a outros actores no Médio Oriente, e especialmente (sem mencioná-los pelo nome) ao Irão e ao Hezbollah, para não aproveitarem a oportunidade para atacar Israel. Biden disse em seu discurso: “Deixe-me repetir: para qualquer país, qualquer organização, qualquer pessoa que esteja pensando em tirar vantagem desta situação, tenho uma palavra: não faça isso. Não." A Administração enviou o porta-aviões USS Gerald R. Ford e o seu grupo de ataque de escolta para a área, e Biden indicou que a Administração está disposta a transferir “ativos adicionais” se necessário. As palavras de Biden e as avaliações militares dos EUA implicam que, para além do desejo de dissuasão, dada uma preocupação real com a deterioração, a Administração também está disposta a intervir directamente para proteger Israel se a guerra se expandir para outras arenas.
Para todos aqueles que durante o ano passado duvidaram do compromisso de Biden com a segurança de Israel, o discurso não deixa dúvidas de que esse compromisso é profundo e se traduz em medidas concretas.
A liderança decisiva do presidente na crise recente também ajuda a angariar muito apoio internacional.
Contudo, o amplo apoio dado ao Governo israelita não é incondicional.
O relógio político que permite uma ampla margem de ação demonstrou no passado a sua fragilidade e a sua possível reversão de uma só vez.
A trégua que Israel também irá desfrutar nos Estados Unidos dependerá, em primeiro lugar, da sua capacidade de apresentar um objectivo estratégico claro e viável e de demonstrar a sua implementação bem sucedida no terreno.
Acrescentar-se-á a esta consideração a questão da situação humanitária na Faixa de Gaza, que, de acordo com a experiência passada, é um factor que influencia a opinião pública e, por sua vez, os líderes.
O próprio Biden disse no seu discurso que discutiu com o primeiro-ministro que “democracias como Israel e os Estados Unidos são mais fortes e seguras quando agimos de acordo com o Estado de direito. Os terroristas atacam deliberadamente civis, assassinam-nos… Países como os Estados Unidos e Israel diferem do terrorismo porque respeitam as leis da guerra.”
Fonte: INSS Instituto de Estudos de Segurança Nacional